Home Colunas Fora de Plano #98 | Balanço, Experiência e Conclusões Sobre o Festival de Gramado 2023

Fora de Plano #98 | Balanço, Experiência e Conclusões Sobre o Festival de Gramado 2023

Reflexões finais sobre a nossa cobertura do Festival de Cinema de Gramado.

por Frederico Franco
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Foram em torno de nove dias imerso na experiência do 51º Festival de Cinema de Gramado. No decorrer do evento, mais ou menos vinte textos foram escritos, quarenta filmes vistos e diversos quilômetros caminhados. Desde o primeiro dia em Gramado, sabia que seria uma experiência intensa, de pouco descanso e muitas atividades. No final das contas, tudo ocorreu como eu bem esperava: trabalho constante, foco total nas exibições e nos textos a serem entregues. Como dito em um texto anterior, foram poucos os momentos nos quais deixei de pensar nas tarefas a serem cumpridas; quase sempre ocupei minha mente com o trabalho, dando pouca ou nenhuma margem para outras ideias. Combinei comigo mesmo que, ao longo dessa semana no Festival, deixaria minhas obrigações acadêmicas da pós-graduação de lado para dedicar atenção integral ao Festival de Gramado – combinado esse que consegui seguir até o último dia em função do evento. Agora, voltando para a vida, tornou-se até estranho sair da escrita puramente subjetiva para encontrar o texto acadêmico; certamente demorarei um tempo para me acostumar novamente com o texto mais impessoal, objetivo.

O 51º Festival de Cinema de Gramado foi minha primeira experiência de cobertura in loco e, com absoluta certeza, trouxe alguns vários ensinamentos que irão me acompanhar nas próximas aventuras enquanto crítico de cinema: desenvolver minha própria rotina particular, aproveitar os tempos mortos para trabalhar e, mais importante, saber descansar. O mais importante, no entanto, é ter noção de minha própria condição mental e saber que, por maior que seja o esforço, é impossível dar conta de absolutamente tudo. Obviamente, no mundo ideal, ver todos os filmes e escrever críticas sobre todas as obras seriam a meta. Mas aqui escreve um ser humano que possui limites. Em Gramado, por exemplo, alguns filmes foram sacrificados em nome de 1) minha sanidade mental e 2) para dar mais atenção a outros filmes. Foi importante, ao longo dessa experiência, saber que não sou onipotente nem onipresente; mesmo deixando passar uma ou outra sessão, não senti culpa ou algo do gênero. Apenas ouvi minha mente pedindo descanso. Isso certamente influenciou positivamente na rotina de escrita – sempre que começava a escrever, não me sentia cansado do dia anterior porque prezei por um bom descanso.

O balanço geral do Festival foi sem dúvida alguma extremamente positivo. Dedicar quase dez dias àquilo que mais me encanta certamente ficará marcado em minha mente. Ver filmes e escrever sobre eles é o que me move enquanto profissional. Além disso, tive a oportunidade de conhecer críticos e outros profissionais que sempre admirei. Com eles consegui aprender algumas lições e entender com um pouco mais de profundidade a real rotina de uma crítico de cinema além dos festivais. Foram nove dias de muito trabalho, de muito foco. Para realizar a cobertura de modo satisfatório, tive de adaptar completamente meu modus operandi. No geral, demoro dias para escrever uma única crítica, gosto de tomar meu ritmo, sendo um pouco mais lento. Em Gramado, no entanto, foram dois ou três textos por dia, algo considerado inimaginável por mim. Mas foi bom me puxar até meus limites, assim consegui compreender que, se necessário, é possível atingir um ritmo mais acelerado e, mesmo assim, conservar a qualidade do texto. Gramado foi, mais do que qualquer coisa, um experimento pessoal, de descobertas acerca de minha relação com os filmes, com os textos e com a rotina.

Espero realmente que essa tenha sido a primeira experiência de cobertura de muitas outras que estão por vir. Só me resta agradecer à equipe do Plano Crítico que confiou em mim nessa aventura, dando todo o suporte para tornar essa experiência real. Foi uma verdadeira honra poder compartilhar com vocês, leitores, um pedaço do que foi estar por dentro de um dos festivais mais importantes do cenário audiovisual brasileiro. Até a próxima e seguimos por mais!

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