Fenômenos ou eventos cinematográficos são coisas incríveis de vivenciar. Só quem viveu a febre das frases de efeito de Tropa de Elite em toda e qualquer conversa que um brasileiro travou em 2007; só quem viveu as brigas na escolha do “lado certo da história” na época de Capitão América: Guerra Civil; e só quem vive o meme deliciosamente explosivo de Barbieheimer, em 2023, sabe como é bacana acompanhar o nascimento, desenvolvimento e queda desses fenômenos da Sétima Arte.
Barbieheimer — para quem, por acaso, não faz ideia do que isso seja — é a junção de nome de dois filmes que estrearão no mesmo dia (21 de julho de 2023) em seu país de origem: Barbie, de Greta Gerwig e Oppenheimer, de Christopher Nolan. Tudo começou com a campanha de marketing inteligente e agressiva da Warner Bros., para mostrar que “o filme da Barbie seria algo bem diferente do que todos estavam esperando“. E dos filtros no TikTok ao surfe em todo o imaginário da boneca na mente das pessoas, o estúdio conseguiu fazer com que a obra passasse de chacota a um longa que muitos genuinamente querem ver. A contraparte disso veio com a Universal Pictures, que a cada novo material de Barbie, procurava divulgar alguma coisinha sóbria e sem muitos detalhes de Oppenheimer, procurando surfar na onda colorida. Não demorou muito para a internet juntar a data de estreia dos dois filmes e as divulgações de material promocional no mesmo dia, e começasse a brincadeira que geraria o evento Barbieheimer.
É bem curioso que na temporada de mais um Indiana Jones e de mais um Missão: Impossível; no ano do novo filme de Martin Scorsese (Assassinos da Lua das Flores), do novo filme de Wes Anderson (Asteroid City), do novo filme de Ridley Scott (Napoleão); e também dos esperados Através do Aranhaverso e Duna: Parte Dois, duas películas tão diferentes que, noutro cenário, provavelmente ficariam restritas ao seu nicho de fanboys e girls, tenham criado esse Megazord marqueteiro que certamente irá catapultar a venda de ingressos de ambas as obras e levará um número muito maior para as salas de cinema do que originalmente levariam se não fosse o tal Barbieheimer.
Sabemos que a indústria de entretenimento passou por uma grande crise de sobrevivência durante a pandemia, e ainda está tentando se reerguer. Algumas pessoas (e aqui me incluo no time) passaram bastante tempo longe das salas, e são eventos midiáticos, divertidos e até bobinhos como esse que ajudam a convencer mais gente a voltar para as telonas e não esperar sair tudo no streaming. Depois do longo período vendo filmes em casa (no meu caso: 1 ano, 8 meses e 6 dias sem pisar os pés num cinema, entre Dois Irmãos e A Crônica Francesa), você se acostuma e perde um pouco do hábito da experiência comunitária. Acredito que eventos como Barbieheimer conseguem chamar a atenção para as salas, conseguem brincar com conceitos cinematográficos, com elencos e desenhos de produção, instigando pessoas ou, no mínimo, fazendo com que produtos cinematográficos fora do Universo super-heroico (a grande febre e maldição da década) sejam pauta de conversas ou curiosidade de massa, para variar. É nesse aspecto que vejo Barbieheimer como um evento extremamente positivo para todos: cinéfilos e cinema.
Eu terei a oportunidade de assistir Barbie e Oppeheimer no mesmo dia (20 de julho de 2023). O filme do Nolan, vou ver em IMAX, e por já ter experimentado o trabalho agressivo de som do diretor (ou seja, vou sair da sala com menos 10% de minha audição, que já não é lá essas coisas), escolhi começar o dia de camiseta rosa e sorriso no rosto, para no final da tarde, ser irradiado pela criação atômica do Sr. Oppie. Primeiro o batom, depois a explosão. Será um dia interessante.
Me contem quando vocês pretendem ver os filmes (se é que pretendem ver nos cinemas). Comentem sobre o hype que estão para essas obras. E falem da ordem em que pretende vê-los, seja no mesmo dia, seja em dias diferentes. Bom Barbieheimer, minha gente!
