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Entenda Melhor | Vingadores: Ultimato – Teoria das Múltiplas Realidades

por Gabriel Carvalho
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Vingadores: Ultimato já estreou nos cinemas e continua comovendo uma grande quantidade dos seus espectadores. Mas o longa-metragem também está causando um quebra-cabeça complexo nas cabeças das pessoas, por tratar de um dos impasses mais clássicos da Ficção: a viagem no tempo. Caso existissem verdadeiramente máquinas do tempo e viajantes temporais, como atravessariam as barreiras que separam o Passado, o presente e o Futuro? Essa é uma pergunta, porém, a que eu não possuo respostas para dar a vocês, por entender pouquíssimo de Física – e crer, paralelamente, que ainda não existem respostas concretas a isso. Porém, pautando-se em conceitos usados pela Ficção, um dos mais “prováveis” é justamente o usado por Vingadores: Ultimato: o estabelecimento de Múltiplas Realidades. Mesmo que provada mentirosa, sem qualquer respaldo científico, essa teoria é uma das mais coerentes – entre as já usadas em obras de Ficção.

  • Observação: As palavras Universo, Física, Ficção, Passado, Futuro, Realidade e Continuidade foram usadas em maiúsculo para se sobressaírem como palavras-chave.

Venham conosco investigar o espaço-tempo!

  • E confiram as nossas críticas de Ultimato: a sem spoilers, clicando aqui, e a com spoilers, clicando aqui.

Por que “De Volta Para o Futuro” é “mentiroso”?

Os super-heróis viajam no tempo em Ultimato, indo para o Passado não com intenção de mudar o presente, mas coletar as Joias do Infinito que foram destruídas. Com as Joias, esses personagens podem reverter os danos causados por Thanos, o antagonista da obra. Quando o Homem-Formiga apresenta essa possibilidade, o grande clássico De Volta Para o Futuro é referenciado em Ultimato como sendo uma mentira: um grande entretenimento, mas sem a menor possibilidade de ser verdadeiro para fora dos cinemas. Por quê? O conceito usado no longa dos anos 80 é aquele em que o Passado pode ser alterado por um viajante do tempo, com isso provocando mudanças no presente e, consequentemente, no Futuro dos personagens. Nesse caso, existe apenas uma Continuidade, termo importante para traçarmos o que acontece em Ultimato,  que é o oposto disso.

Com isso, os problemas dos nossos heróis, após os eventos que Thanos causou, matando metade da população viva do Universo, seriam resolvidos simplesmente assassinando uma versão criança do personagem. Pois a sugestão do Máquina de Combate, com curiosos traços cômicos, é parecida com a ideia extremamente popular da Ficção em matar o bebê Adolf Hitler, impedindo o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial. Isso, no entanto, geraria um paradoxo, como é o paradoxo de matar o seu próprio eu, seu próprio pai, mãe, avô ou avó. Caso Hitler morresse – ou Thanos morresse – não existiria nenhuma razão para que o viajante do tempo que o matou quisesse o matar em primeira instância, porque Hitler nunca existiu. Caso o viajante matasse o seu pai, por exemplo, ele nunca teria nascido. Mas o Passado não pode ser mudado, Ultimato reiterará.

Caso existisse apenas uma Continuidade – que é um pensamento reprovado cientificamente -, Nebulosa mataria o seu único e “sumiria”. Com a eliminação das tropas de Thanos, vindas do ano de 2014, os eventos de Guerra Infinita não ocorreriam. Entretanto, Ultimato rejeita essa ideia, que é uma das mais populares por ser muito promissora a várias narrativas, mas que possui uma imensidade de contradições e complicações para ser sustentada. Nebulosa, portanto, continua viva, Thanos ainda matou metade da população do Universo – mesmo que esse acontecimento tenha sido revertido -, e James Rhodes não possuiu a oportunidade de esganar uma criança. Eles voltam ao tempo por precisarem das Joias e não mudar o já Passado objetivamente. O que é a viagem no tempo da obra, portanto, e quais são as consequências que ela tem para os Universos?

Teoria das Múltiplas Realidades

Eis o que conhecemos como Teoria dos Muito Mundos ou Teoria das Múltiplas Realidades. O que acontece é que, com a viagem no tempo, surgem ramificações de uma linha temporal original, criando-se outras e outras, dependendo de quantas viagens acontecerem. E isso invaria do viajante do tempo ter sequer conversado com alguém. O pensamento é o seguinte: assim que o viajante do tempo chega a outra Realidade, uma ramificação surge, porque, originalmente, não haveria esse viajante naquela Continuidade. Não existiam Vingadores do Futuro durante a Batalha de Nova Iorque. Quando o Gavião, a Viúva, Nebulosa e o Máquina de Combate retornam para 2014, por exemplo, uma outra Continuidade surge, aquela em que o Thanos do clímax veio. E como esse Thanos morreu, esta Realidade em questão, esta ramificação, perdeu o seu Titã Louco.

O grupo já tinha noção disso, porém, não tinha noção que a retirada de uma das Joias do Infinito provocaria um desequilíbrio tão enorme naquela Realidade – o que Banner aprende pela Anciã, personagem que, na “nossa Realidade”, nunca encontrou-se com Bruce. Para evitar que essas tantas ramificações – 1970, 2012, 2013 e 2014 – terminassem sendo “destruídas” por um suposto desequilíbrio celestial, as Joias precisariam ser devolvidas no exato momento em que foram pegas, reorganizando o Universo. Isso, porém, não evitaria essas Continuidades paralelas de continuarem sendo Continuidades paralelas, quer mudanças significativas tenham acontecido ou não. Mas mudanças significativas aconteceram em vários desses casos, o que nos permite enxergarmos um grande Futuro para a Marvel nos cinemas: mexer com Realidade alternativas e viajantes do tempo.

Ou seja, nós temos:

  1. Linha do Tempo Original (Os Vingadores voltam aos seus Passados, encontram as Joias, revertem as mortes causadas pelo Thanos original e derrotam o exército da versão do personagem de 2014)
  2. Linha do Tempo 2 (Quatro Vingadores vão para Vormir e Morag em 2014, Nebulosa é sequestrada e trocada por sua versão “maligna”, Thanos invade o presente da Linha do Tempo Original e termina sendo morto)
  3. Linha do Tempo 3 (Thor e Rocket vão para Asgard em 2013, Thor pega o martelo e tem uma conversa com a sua mãe)
  4. Linha do Tempo 4 (Quatro Vingadores vão para a Nova Iorque de 2012, pegam a Joia da Mente, mas fracassam em pegar o Tesseract, que é usado por Loki para escapar)
  5. Linha do Tempo 5 (Tony e Steve vão para os anos 70, Stark tem uma conversa com o seu pai e rouba o Tesseract)

Fora a Realidade Original – que também pode ser chamada de principal -, as Linhas do Tempo 2 e 4 podem ser exploradas no Futuro do MCU. O serviço de streaming Disney+, por exemplo, anunciou uma série do Loki, personagem que morreu em Guerra Infinita, mas está possivelmente vivo nessas duas linhas, visto que em uma o personagem fugiu e em outra o personagem não enfrentou Thanos. Lembrando, no entanto, que os acontecimentos das Linhas do Tempo 3 e 5 podem acabar sendo mais diferentes da Original do que pensávamos, em vista deum possível Efeito Borboleta – em que pequenas mudanças causam grandes alterações. Por exemplo, Frigga pode ter sobrevivido e até Howard, quiçá sendo um outro pai. E ninguém sabe o que o Capitão América, responsável por devolver as Joias – e o Mjolnir – aos seus respectivos lugares, aprontou.

  • Importante: Quando o Capitão “viaja no tempo” para retornar as Joias ele não está mais viajando, tecnicamente, apenas no tempo, mas também entre Continuidades distintas. Isso é importante para entendermos o que está em jogo, não mais apenas o tempo em si.

E o Capitão América Centenário?

Mas a maior dúvida continua: se o passado não pode ser mudado, por que o Capitão América surgiu envelhecido, centenário, nos derradeiros instantes do longa? É que o personagem entregou o que precisava ser entregue nas demais Continuidades, porém, optou por viajar aos anos 40/50 por conta própria para viver uma vida com sua eterna amada, Peggy Carter. O que aconteceu foi que uma outra Linha do Tempo surgiu, a Linha do Tempo 6, onde Steve e Peggy viveram juntos, possivelmente às escondidas – ou não, mesmo que improvável -, e o resto dos acontecimentos – ou não – permaneceu sendo a mesma coisa. Com isso, a Linha do Tempo 6 possuiu dois Capitães co-existindo, apesar do original àquela Realidade também ter estado congelado e por muito tempo.

Como Steve Rogers, contudo, estava na “nossa Realidade”, isso confundiu mais as pessoas, que acharam que, contrariando a regra estabelecida, o Capitão tinha mudado o passado. Uma coisa seria ele aparecer retornando da máquina do tempo, por exemplo, já envelhecido, o que não acontece. Ele já estava naquela Linha do Tempo, portanto, esperando o seu eu antigo ir para repassar a Sam o seu escudo – outra questão que permanece em aberto, sem ter ganhado uma explicação mais clara. Hipóteses existem: a primeira, mais simples, é de que o personagem retornou anteriormente à Linha do Tempo Original, podendo até mesmo ter tido ajuda dos Vingadores da outra Linha do Tempo, quem sabe de Hank Pym, para viajar e encerrar o seu ciclo.

Por que Steve não teria feito as coisas da maneira simples, contudo, simplesmente aparecido para Banner após os cinco segundos? Pois o traje pode ter dado defeito, ora – uma justificativa. Foram décadas sem uso – ou não, porque esse Capitão pode ter viajado mais no tempo, embora casado. O que é mais interessante é a riqueza de possibilidades que esse Capitão tem em ser usado no Futuro como um coadjuvante de suporte às aventuras do Falcão e do Soldado Invernal, outra série anunciada para o serviço da Disney+. E isso não viria a desmerecer a jornada do personagem, porque ele poderia continuar a ser um super-herói, que seja nessa nova Realidade ou como viajante do tempo, enquanto, no mais, também continuaria agraciando-se com o amor de sua vida.

Mas outra teoria existe, e que é mais complexa que essa até, tornando o que aconteceu mais interessante e mais plausível. E se os eventos, que acompanhamos esse tempo todo, tivessem sido justamente parte dessa Linha do Tempo 6 e não da Linha do Tempo Original? Em O Soldado Invernal, Rogers percebe, ao encontrar com Peggy já muito idosa, uma aliança no seu dedo. E se essa vida que Peggy teve, enquanto achávamos que era com outra pessoa, fosse, porém, com o próprio Steve? Vou explicar novamente: Steve precisaria viajar para o Passado, uma outra linha do tempo no caso, para ficar com Peggy. Nada muda muito, mas é interessante pensarmos que o que vemos como sendo o MCU seria outra Realidade, não o princípio de todas as Múltiplas Realidades.

Questões em Aberto

  • Gamora da Linha do Tempo 2:

Gamora, que morreu em Guerra Infinita para que Thanos conquistasse a Joia da Alma, retorna em Ultimato. Mas essa Gamora é a sua versão do Passado ao Original e, consequentemente, vinda de uma outra Linha do Tempo –  que é a de número 2, seguindo o nosso esquema acima. Mesmo que a personagem surja na Linha do Tempo Principal, no grande clímax, como parte do exército de Thanos, Gamora termina virando a casaca. Tony Stark, porém, não saberia distinguir isso ao usar a Manopla do Infinito e, portanto, evaporar com os soldados do Titã Louco – porque, primeiramente, o personagem nem saberia quem é Gamora realmente. O mais confortável será a assassina ter sobrevivido, o que geraria um arco curioso de retomada. Tal questão sobre a guerreira permanece sem respostas agora, mas é capaz de ser encerrada em um vindouro Guardiões da Galáxia Vol. 3.

  • Escudo do Capitão:

Não é que uma explicação seja necessária. Não é mesmo. Mas a origem desse novo escudo ficou em aberto também, porque não sabemos quem o criou, consertou ou se o Capitão simplesmente roubou de um outro Capitão de outra Linha do Tempo.  Funciona enquanto simbolismo, passagem.

Kang, o Conquistador

Kang, o Conquistador, um viajante do tempo, é um dos maiores vilões dos Vingadores, ao menos nos quadrinhos – e ocupou o nosso Top 10 dos antagonistas dos Maiores Heróis da Terra. Já que agora a viagem no tempo é uma possibilidade estabelecida com naturalidade no longa-metragem, o personagem bem que poderia dar as caras como o grande vilão da Fase 4, explorando, com ainda mais profundidade, os limites que o espaço-tempo possuem enquanto entidades sencientes.

  • Os conceitos científicos citados podem estar recebendo uma aplicação equivocada, por minha parte, quando enxergados nas suas áreas específicas, contudo, estão coerentes dentro de um senso comum.

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