Na década de 90, lá na saudosa Rede Manchete, um desenho (que mais tarde viríamos a descobrir chamar-se ‘anime’) faria muito sucesso entre a criançada, principalmente com as meninas. Era Sailor Moon, que contava a história da atrapalhada adolescente Serena Tsukino que ao salvar uma gatinha preta, descobre ser na verdade uma guerreira com uma missão. A gata em questão, Lua, lhe diz que ela é uma sailor e que sua missão e encontrar suas companheiras e também a princesa do Reino Lunar. Começava então uma grande aventura.
Criada por Naoko Takeuchi, não demorou muito para que o desenho caísse nas graças do público, principalmente devido a sua temática simples que envolvia amizade, romance, lutas e humor. A personagem principal, diferente de muitas heroínas, não pode ser tida como exemplo, pois é chorona, desastrada, tira notas baixas e está sempre chegando atrasada na escola. Ainda assim, sua dedicação para com os amigos e seu altruísmo, lhe garantiu um lugar no coração de muita gente (incluindo esta que vos escreve).
Quando Serena resgata Lua e a leva para casa
Mas, Serena não lutava sozinha e ao longo de 200 capítulos, divididos em cinco séries conhecidas como Classic, R, S, Super S e Stars, ela teve a companhia de suas inseparáveis amigas, Ami, Mina, Rei e Lita, as Sailors Inners, pois seus planetas regentes – Mercúrio, Vênus, Marte e Júpiter respectivamente – são mais próximos do Sol e também a fonte de seus poderes.
Essa ligação astrológica com os personagens e suas personalidades, era um dos pontos altos do anime. A Sailor Marte, por exemplo, é mais centrada, um tanto explosiva e possuía poderes com base no fogo, pois o planeta possui altas temperaturas. Já a Sailor Vênus era carinhosa, meiga e bastante romântica, refletindo mais o lado mitológico do planeta e sua associação a deusa Afrodite. Isso serviu basicamente para ditar os poderes das outras sailors e também como seriam suas personalidades, características principais e etc.
Na primeira temporada, Serena lutou contra a Rainha Beryl, junto com as demais sailors que foram surgindo aos poucos, assim como um outro gato, Ártemis que com a Lua (os dois são casados e possuem uma forma humana) auxiliava as meninas em suas missões. Quase no final, descobre-se que a própria Serena é a princesa que eles estavam procurando e que o misterioso Tuxedo Mask é na verdade o Darrien, estudante da faculdade que vivia esbarrando com a Serena pelas ruas. Após a derradeira batalha, elas acabam dando a vida para proteger a cidade de Tóquio e a Princesa, mas todas renascem na segunda temporada (por isso o R, de Return) e tem de enfrentar uma perda de memória – elas não se reconhecem nas ruas – e a misteriosa chegada de uma nova sailor, vinda do futuro, Rini, a Sailor Chibi Moon, que guarda muitos segredos. Conforme as temporadas foram acontecendo, podemos notar o quão vasto é esse universo criado por Takeuchi que a cada novo arco na história ia acrescentando mais aliados, assim como também novos e interessantes vilões. O anime voltou a ser exibido no Cartoon Network (incluindo a última temporada que é bastante controversa) o que alegrou muita gente, mas, depois de inúmeras exibições, saiu da grade de programação. Destaque para os personagens da Sailor Urano e Netuno que eram um casal gay numa época em que se falava pouquíssimo a respeito.
Romance entre Mamoru e Usagi
O mangá por outro lado, segue uma linha completamente diferente do anime, inclusive em relação aos personagens que são mais complexos e a trama é bem mais ágil. As meninas ainda que colegiais, se portam de uma forma mais adulta, incluindo até a própria Serena (que no mangá é chamada de Usagi) e tratam de assuntos mais sérios também. Tal qual o anime, o mangá que possui 12 volumes em suas edições mais recentes, é dividido em cinco arcos e tem pequenas alterações na história e personagens extras. Como o anime foi vítima da dublagem americana, no mangá aprendemos os nomes originais e seus significados, pois a cada aparição de uma sailor a autora (ou mangaká) colocava uma nota de página com todas as informações necessárias sobre o personagem, nome completo, data de aniversário, comida favorita, etc, algo bastante costumeiro em mangás nesse estilo. Fato curioso é que a personagem principal inicialmente seria a Sailor Vênus, tanto que ela possui dois mangás a parte só para ela, Codename Sailor V, que correspondem como um prólogo a série e é muito lindo. O mangá finalmente virá para o Brasil depois de anos de espera, mas ainda não se sabe sobre o lançamento da Sailor V em terras tupiniquins.
Devido ao enorme sucesso, Sailor Moon virou também um live-action musical no Japão e teve até games para diferentes plataformas tais como Super Nintendo e Sega Saturno, que variavam de estilo indo do clássico modo arcade até ao RPG.