O aguardadíssimo lançamento do primeiro filme solo da Mulher-Maravilha (prefiro sem hífen, mas…), parte do Universo Cinematográfico DC, acontecerá somente em 1º de junho de 2017, mas a Warner e a DC Entertainment já soltaram o primeiro efetivo trailer cinematográfico da obra, já que o primeiro foi, tecnicamente, um teaser da San Diego Comic-Con, que analisamos aqui. E temos diversos outros trailers detalhados bem nesse link aqui.
Como sempre fazemos com potenciais arrasa-quarteirões, estudamos o trailer quadro-a-quadro para trazer nossos comentários, observações, teorias e especulações. Afinal, nada mais divertido do que uma conversa sadia sobre um filme que todos aguardam ansiosamente, não é mesmo? Desde logo ficam os agradecimentos ao Guilherme Coral por ter capturado e inserido todas as imagens no artigo.
Mas, antes, que tal conferir o trailer mais uma vez? Aqui:
Agora sim, vamos para a análise!
Só esse frame aqui já vale o trailer todo. Diana Prince no Museu do Louvre, cuja versão original, uma fortaleza de Filipe II, data do século XII. Com isso, temos tradição, ancestralidade e modernidade em uma tomada só, tendo as pirâmides de vidro construídas no final dos anos 80 em segundo e terceiro planos, com o Louvre em si em quarto plano e a Mulher Maravilha em primeiro plano.
Outro aspecto de nota é que o trailer deixa evidente pela imagem acima e também pela narração de Diana que o filme muito provavelmente será emoldurado por sequências no presente, sendo todo ele um grande flashback ou uma série de flashbacks (torço para um grande flashback único) que nos contará como a heroína saiu da Ilha Paraíso e foi parar no mundo dos homens em guerra, durante a 1ª Guerra Mundial e provavelmente como ela se desiludiu com isso e permaneceu longe dos olhares da humanidade até vir ao resgate de Batman e Superman em BvS. Isso ajudará a construir a teia do Universo Cinematográfico DC, ainda em formação.
Ainda no presente, vemos rapidamente Diana resgatar a foto que achou nos arquivos de Lex Luthor em BvS, o que lhe traz memórias de sua saída de Temiscira e suas aventuras ao lado de Steve Trevor. Deve ser a partir desse ponto – se pudermos confiar (nunca podemos!) em eventual montagem cronológica do trailer – que o flashback começa.
Falando em Temiscira, aquilo lá realmente é um paraíso! Mas o bacana dessas imagens é que elas capturam à perfeição a origem clássica da personagem, com o avião de Steve Trevor caindo – ela nunca antes vira um avião! – e ela resgatando-o das águas cristalinas depois de um mergulho olímpico que quase lhe rende uma testada nas pedras.
Pode ser que os fatos posteriores a esse “ponto de entrada” alterem a origem das HQs, algo comum e esperado em adaptações, mas o coração de como tudo começou lá no finalzinho de 1941, em All-Star Comics #8, está intacto aqui.
E a bela e vibrante paleta de cores é quase um choque vindo de um filme da DC, mas é um choque positivo e necessário.
E, então, curiosamente, começa o desembarque alemão na Ilha Paraíso, algo que, quando do primeiro trailer, imaginei que seria mais para o final do filme. Mas, aparentemente, considerando que Steve Trevor está também na ilha na mesma sequência, é a invasão que catalisará a ida de Diana para o mundo dos homens. Ela verá o tamanho da ameaça para o mundo e para sua ilha e partirá em sua defesa.
Claro que isso é substancialmente diferente da origem clássica da Amazona, mas não é algo fora de compasso ou inesperado. Só fico curioso para saber como é que raios os alemães foram parar lá. Estavam atrás de Trevor ou eles sabiam da ilha e querem alguma coisa de lá como o Caveira Vermelha queria das lendas escandinavas no primeiro filme do herói?
Mas independente de qualquer consideração, a constatação que realmente vale aqui é que temos Robin Wright como a General Antíope de armadura, à cavalo, pronta para chutar bundas de chucrutes! Querem mais do que isso? Eu não quero…
Essa exageradíssima – mas excitante – sequência parece ser a gota d’água para Diana, que deve ver uma amiga amazona morrer em câmera lenta com uma bala alemã em câmera lenta, depois que ela desce em câmera lenta do topo do desfiladeiro. E eu já falei que é tudo em câmera lenta?
Mas sem brincadeira, fica a pergunta: Patty Jenkins, a diretora, precisava mesmo incorporar Zack Snyder aqui? O problema não é exatamente uma câmera lenta precisa, mas sim o filme todo ser em câmera lenta como o trailer quase todo o é. Pode ser uma forma de mostrar a percepção acurada de Diana, parte de seus super-poderes (algo como é feito quando os velocistas da DC e Marvel são abordados em filmes e séries), mas tenho para mim que é uma escolha estilística que em um trailer de dois minutos certamente enche os olhos, mas que em um filme de duas horas pode cansar se o roteiro não for ágil como o de 300, por exemplo.
Ah, e só para quem por acaso tiver alguma dúvida: não, a Mulher-Maraviha e suas compatriotas amazonas não são à prova de bala, pelo menos não na maioria dos quadrinhos em que seus poderes são expostos. Lembre-se: uma das mais marcantes características da heroína é justamente desviar balas com seus braceletes, algo que não seria necessário se ela fosse invulnerável. Mas aí alguém pode perguntar: como então ela consegue sair na pancadaria com o Superman e até Apocalypse (como vimos em BvS) e não aguenta um tirozinho? Pergunta justa e há várias possíveis respostas, uma delas sendo a pergunta “você está querendo lógica em quadrinhos?”.
Aqui vemos um pouco mais das entranhas de Temiscira, em um design de produção belíssima que claramente evoca algo milenar, tradicional e ao mesmo tempo com toques de modernidade. E, claro, vemos a Rainha Hipólita (Connie Nielsen), mãe de Diana. O momento em questão parece ser importantíssimo para levar Diana à luta, com Trevor falando sobre a guerra sendo travada e o quanto ela poderá mudar o mundo.
Ah, repararam o avião invisível do lado direito do primeiro frame?
Olhem que sensacional a tomada que localiza o filme perfeita durante a 1ª Guerra Mundial. Independente da qualidade final da produção, há que se tirar o chapéu para a Warner de ter a coragem de fazer um filme de época de super-herói, assim como a Marvel fez com o Capitão América. Nada de modernizar origens, nada de trazer tudo para o presente correndo. O potencial é fenomenal, não é mesmo?
E o melhor desse potencial é perceber que, mesmo sendo um filme baseado em quadrinhos de super-herói, o roteiro parece não querer se desviar tanto de fatos importante do conflito na Europa. Para quem conhece um pouquinho da 1ª Guerra Mundial, os quadros acima serão marcantes, já que foi uma guerra suja, em que armas químicas eram usadas nas trincheiras à torto e à direito, com resultados tenebrosos para ambos os lados do conflito. Pode-se ver, aqui, que pelo menos uma das armas secretas dos alemães é um agente químico ultra-poderoso capaz de corroer os equipamentos desenhados para proteger os soldados.
E, agora, vemos a espanhola Elena Anaya em um papel de vilã mascarada ainda não oficialmente revelado. Mas, considerando que a arma secreta (talvez criada por ela) é um gás extremamente potente, não seria impossível que ela fosse uma vilã antiquíssima da DC chamada Doutora Veneno. Sim, o nome é fraco, mas tudo se encaixa.
Agora é a vez de Danny Huston aparecer. Quem ele é? Bem, posso dizer com toda a certeza que ele está do lado dos alemães… Querem mais? Hummm, ele me parece ser um vilão importante também? Querem mais ainda? Ô gente insaciável! Então vamos lá: dizem os rumores internet à fora que ele poderia estar fazendo o papel de Ares, inimigo mitológico de Diana, sob disfarce. Seria bacana? Seria. Eu quero que isso aconteça nesse filme? Não… Gostaria muito que a guerra em si recebesse o destaque e que Diana tivesse esse ambiente para travar suas lutas e não um final boss desses. Mas teremos que esperar para saber que Huston é na verdade.
Nada muito a dizer aqui, a não ser que essa não parece ser uma explosão trivial. Ou será que nem explosão é? Poderia ser um portal dimensional ou alguma coisa relacionada com teletransporte? Huston ou Anaya teriam ligação com isso? Só perguntas, eu sei…
Uma panorâmica de Temiscira sempre é bem-vinda, não é mesmo? Novamente vemos as cores vibrantes do começo do trailer como uma espécie de aviso para o que virá em seguida, no front da guerra, com sequências marcadamente mais escuras, ainda que não zacksnyderanamente escuras…
Mas nada de sair da Ilha Paraíso sem roubar o escudo, espada e roupa de guerra colorida da mamãe, não é mesmo? Afinal, lutar com uniforme todo marrom não tem a menor graça… Mas sério por um momento: parece que Diana não sairá da ilha com a benção da Rainha Hipólita e sim quase às escondidas, meio que enfrentando obstáculos para conseguir o que quer. Pelo menos é o que a iluminação dessa sequência diz para mim…
Lembram da bela Temiscira logo acima? Pois bem, aí está Londres debaixo de fumaça e muita escuridão (e provavelmente chuva, senão não seria Londres…). CGI bem empregado é assim, ainda que eu sinta saudades das fantásticas pinturas de pano de fundo (matte paintings) de outrora…
Apresentando, a secretária e…
guarda-costas de Steve Trevor… Cara sortudo esse, não? E que sequência antológica (que me lembrou a do Superman de 1978, quando Clark em um beco com Lois segura a bala que o bandido atira), não é mesmo? Mas me diga uma coisa: Diana está com o uniforme completo de Mulher-Maravilha embaixo dessa roupa aí? Ou será que ela vai girar que nem Lynda Carter na série de TV? He, he, he…
Essa sequência – ou parte dela – já havia sido mostrada no trailer anterior, mas adoro filmes de guerra e adoro filmes de super-herói. Quando me aparece um que é ao mesmo tempo um e o outro, é êxtase total. E, claro, Diana saindo da trincheira para desviar balas alemães e claramente chutar bundas dos chucrutes será memorável. Mas, novamente, o uso de câmera lenta parece excessivo, mas aqui a filmagem dá a entender que o recurso é mesmo para mostrar que Diana consegue sentir de forma diferente. Afinal, reparem como seus olhos acompanham a trajetória da bala. Se for isso mesmo, quero ver como seria uma luta dela com o Flash (não o Gustin, o homem menos rápido do mundo, mas o outro…).
Ah, claro, aqui a paleta de cores ganha tons azulados, mas que diferem em muito do azul mar que vimos na tomada inicial em Temiscira. Aqui é azul-sujeira, azul-tristeza, azul-morte, em um paleta inteligente da diretora, que parece saber, diferentemente de certos sujeitos, que sombrio não é exatamente sinônimo de escuro…
Já disse na outra análise de trailer, mas repetirei: esse não é o mesmo escudo que vemos em BvS. Será que descobriremos o que aconteceu? Porque enferrujar é que ele não enferrujou…
Uma espada inteira escondida como adereço de vestido… Mas a pergunta que não quer calar é: como ela faz para sentar???
Outra piscadela para a correção histórica. Afinal, a 1ª Guerra foi um dos últimos conflitos em que cavalos foram usados em larga escala (para o azar dos bichos…) e, aqui, vemos Diana usando um corcel para provavelmente trucidar chucrutes.
O romance era óbvio e esperado. E pode explicar o porquê de Diana abandonar o mundo dos homens e só voltar em BvS. Será que Trevor morre? Essa é minha aposta!
Piruetas no que parece ser o clímax do filme e, finalmente, em toda sua glória, o laço da verdade! Tudo bem ela usar como chicote, mas o que eu realmente quero ver é ela usá-lo para compelir quem quer seja a contar a verdade. Se não tiver isso, ficarei frustrado, viu Warner?
Chris Pine deve ter em contrato que todo o filme em que ele participa ele precisa pilotar uma moto, não é possível… Seja no futuro ou no passado, o sujeito sempre está em uma…
Mulher-Maravilha contra o personagem de Danny Huston. Repararam que ele está com uma espada? Será a dela ou a dele, pois, se for a dele (não, não é parte do uniforme, pois é uma espada larga), isso aumenta as chances de ele ser mais do que um alemão malvado…
Essa sequência já vimos no outro trailer, mas rever é sempre bom. Parece que as sequências de ação desse filme serão variadas e bem trabalhadas, além de explícitas e não confusas e escondidas debaixo de uma montagem frenética. Tomara!
Yes!!! O icônico gesto da Mulher-Maravilha. Só não entendi os raios? Ela está sendo atacada por eles ou os está gerando? Se for o primeiro, mais chance de Ares aparecer. Se for o segundo, bem, se for o segundo só tenho a dizer que a Mulher-Maravilha não é o Thor…
O logotipo belíssimo do filme aparece, além do tema principal composto por Hans Zimmer e Junkie XL, um dos poucos temas recentes de super-herói efetivamente reconhecíveis…
Mas o trailer não acaba! Temos o finalzinho engraçado (sim, tem piadas e isso não é mal nenhum, gente chata…) com Diana testando vestidos “próprios de mulher” e tentando entender como é que se luta com eles. E tudo com a inestimável ajuda de Etta Candy (Lucy Davis), uma das mais tradicionais personagens da mitologia em quadrinhos da Mulher-Maravilha.
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E então, gostaram do trailer? Errei alguma coisa? Têm algo a acrescentar que eu não tenha visto? Comentem!