Os parágrafos que se seguem contam com algumas informações históricas, curiosidades e apontamentos sobre a linha cronológica de exibição de Doctor Who. Se você é um Dalek, pule essa parte e procure por indicações sobre de Skaro em outro lugar. Se você é um Cyberman, saiba que não há possibilidade nenhuma de deletar este texto. Já para todos os outros integrantes do universo whovian, se quiserem ler um pouco sobre a série, desejo-lhes um ótimo entretenimento, e, como diria alguém: don’t blink.
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Breve contextualização
É muito improvável que exista alguém com acesso a algum meio de comunicação que jamais tenha ouvido falar de Doctor Who. A mais longeva e mais bem sucedida série de ficção científica da história da TV começou a ser exibida em 23 de novembro de 1963, e só seria suspensa após a exibição do arco Survival, em 6 de dezembro de 1989, depois de 26 temporadas. Um telefilme dentro da cronologia oficial da série foi produzido em 1996, na tentativa de retomar o show; todavia, a má recepção por parte do público fez o projeto ser engavetado por mais oito anos. Doctor Who só voltaria às telas para uma nova temporada no ano de 2005.
Existe uma divisão básica entre os dois momentos da série. No primeiro (1963 – 1989), temos a série clássica. No segundo (2005 em diante), a nova série, também chamada de “série atual”, “reboot”, “revival” e por aí vai. O fato é que a Nova Série é uma continuação da Série Clássica, inclusive mantendo o cumulativo da contagem dos Doutores, não um produto completamente diferente. Mas se você está começando nesse Universo agora, não tenha dúvidas, comece pela Nova Série (1ª Temporada exibida em 2005) e depois, vá atrás da Clássica.
Vale também dizer que a duração dos episódios mudaram algumas vezes no decorrer da série, sendo o formato mais comum o de 25 minutos por episódio, no caso da série clássica. As exceções vieram com os Especiais e as mudanças estruturais do show na Era do 6º Doutor. A nova série, por sua vez, traz o formato em média de 45/50 minutos por episódio, exceção aos Especiais.
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Doctor Who foi criada com o objetivo de ser uma série educativa. A maluquice de ter um alienígena humanoide do planeta Gallifrey (um Time Lord ou Senhor do Tempo) com dois corações, alguns companheiros de viagem e uma nave espacial chamada TARDIS (Time and Relative Dimension in Space), viajando através do tempo e do espaço e enfrentando inimigos diversos, só passou pela aprovação da BBC porque em tempos de corrida espacial, em plenos anos 60, um programa com essa característica poderia atrair ainda mais o público infantil, adolescente e jovem. Os criadores da série, Sydney Newman, C.E. Webber e Donald Wilson tiveram dificuldade em conseguir um produtor para o show, até que Verity Lambert, uma corajosa mulher de 28 anos, topou a empreitada.
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Quem é o Doutor?
Em termos gerais e bem rapidamente: o “Doutor” é um alienígena. Ele nasceu no planeta Gallifrey, na constelação de Kasterborous. E ele é um Time Lord (importante lembrar que nem todas as pessoas de Gallifrey são Time Lords). Em dado momento de sua vida, ele chegou a ser embaixador de Gallifrey, mas por diversos motivos, quis sair de lá, então ao lado de sua neta, roubou uma TARDIS Tipo 40 e fugiu, tornando-se um renegado.
A principal diferença anatômica do Doutor em relação aos humanos é o fato de ele ter dois corações. A outra é que ele tem a capacidade de mudar de fisionomia sempre que o corpo percebe que vai morrer, um processo chamado de regeneração (falaremos dela mais adiante). Ele permanece com as mesmas memórias — embora um pouco confusas a cada nova mudança — mas fisicamente é uma outra pessoa, num processo biogenético que às vezes pode dar errado ou ter alguns problemas de personalidade, como foi o caso da regeneração do 5º para o 6º Doutor.
Sobre a família/origem do Doutor, algumas referências
No filme de 1996, 0 8º Doutor chega a dizer que é filho de mãe humana e pai gallifreyano, algo que sempre causou polêmicas. Para uma boa parte da comunidade whovian, essa afirmação foi uma mentira do Doutor, ou uma maneira de ele querer se aproximar de Grace ou uma confusão devido à sua recente regeneração.
Uma outra versão sobre os pais do Doutor (e nesse caso, para a própria origem dos Time Lords) aparece no romance Lungbarrow (1997), mas na verdade não são “pais”, são teares. Isso mesmo, teares. E vamos à explicação: segundo esse romance (uma das versões da história de Gallifrey), e algum ponto de sua história, os Time Lords usaram teares para perpetuar sua espécie após a Maldição de Pítia (ou das Pítias), que podemos ver no livro. Incapazes de procriarem sexualmente, eles tiveram que contar com os dispositivos inventados por Rassilon para “tecerem” uma nova vida a partir de material genético (a Máquina Progenitora que vemos em The Doctor’s Daughter, na 4ª temporada da Nova Série, foi inspirada nos teares referidos nesse livro). Pensem em algo parecido com o “tecer” dos robôs na abertura da série Westworld para entenderem o que o livro quis dizer.
Em The Shadows of Avalon (2000) o 8º Doutor lembra de duas coisas: uma que ele foi “tecido” e outra que ele teve pais na infância. Ele chega a dizer que uma dessas duas coisas é/foi um sonho, mas ele não conseguia saber qual.
Steven Moffat, segundo showrunner da Nova Série (2011 – 2017) também já se pronunciou a respeito e ele fala da questão com um claro ar de deboche. Para ele, o Doutor estava mentindo descaradamente quando disse que era meio humano. Segundo o showrunner, não há dúvidas: o Doutor é 100% gallifreyano/Time Lord e ponto final. Agora, fica a questão: o Doutor é meio-humano? Bem, a cosia toda é ambígua. É claro que a declaração de 1996, feita pelo 8º Doutor, pode ser considerada uma mentira, mas existem indícios que podem ser usados para provar o contrário. Não tendo nada que desminta uma e afirme definitivamente outra, as duas versões continuam na praça, e cada whovian escolhe aquela que acha mais plausível.
Sendo tecido, gerado, meio-humano ou não, o fato é que o Doutor teve sim uma família, isso ele fala diversas vezes, desde a série clássica, inicialmente em The Tomb of the Cybermen, numa conversa que o 2º Doutor tem com Victoria. Essa situação familiar fica implícita em The Curse of Fenric, na era do 7º Doutor, e é confirmada em Father’s Day, na era do 9º.
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Regeneração
Regeneração é o ato de mudança biogenética de um Time Lord toda vez que ele percebe que o seu corpo vai morrer. Para isso, o Time Lord precisa receber um treinamento (anos de estudo da Time Lord Academy). O processo ocorre através da liberação de um hormônio chamado lindos, que é geralmente manifestado como uma forte luz branca ou amarelada em torno do Time Lord. Em alguns casos, porém, a morte é tão rápida, que não dá tempo de o processo de regeneração se completar, portanto, nessa ocasião, o Time Lord acaba morrendo. Mas a morte pode ser revertida com alguma ajuda…
Em 1976, no arco The Deadly Assassin, tivemos a informação de que os Time Lords só podem se regenerar 12 vezes, podendo ou não ganhar um novo ciclo de regenerações quando suas “novas vidas” acabarem.
Um fato curioso é que as regenerações possuem um período de fixação no qual o Doutor pode sofrer ferimentos graves ou perder partes de seu corpo que a energia do ciclo regenerativo (os hormônios lindos) fará crescer um novo membro, como acontece com a mão do 10º Doutor em The Christmas Invasion (2005).
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Sequências de Vida do Doutor + Regenerações
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a) Clara encontra o 1º Doutor em Gallifrey
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b) O 1º Doutor aparece pela primeira vez na série
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c) Regeneração I
1º para 2º Doutor
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d) Regeneração II:
2º para 3º Doutor
The War Games (1969)
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e) Regeneração III:
3º para 4º Doutor
Planet of the Spiders (1974)
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f) Regeneração IV:
4º para 5º Doutor
Logopolis (1981)
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g) Regeneração V:
5º para 6º Doutor
The Caves of Androzani (1984)
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h) Regeneração VI:
6º para 7º Doutor
The Ultimate Foe: The Trial of a Time Lord (1986)
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i) Regeneração VII:
7º para 8º Doutor
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j) Regeneração VIII:
8º para War Doctor
The Night of the Doctor (2013)
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k) Regeneração IX:
War Doctor para 9º Doutor
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l) Regeneração X:
9º para 10º Doutor
The Parting of the Ways (2005)
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m) Regeneração XI:
10º para Metacrise do 10º Doutor
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n) Regeneração XII:
10º para 11º Doutor
The End of Time – Part 2 (2009)
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o) Regeneração XIII:
11º para 12º Doutor
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Informações adicionais
Doctor Who também tem algumas menções no Guinnesss Book, a saber:
2001 – “a maior série de livros de ficção em torno de uma mesma personagem principal” (para quem não sabe, Doctor Who também tem sua versão literária, além de várias revistas oficiais e uma série de audiolivros).
2007 – “a mais longa série de ficção científica da história”;
2007 – “o maior número de Daleks reunidos no mesmo lugar”, concedido ao Museu de Ciência e Indústria de Manchester;
2009/2010 – “a mais bem sucedida série de ficção científica da história” (aqui são duas menções porque o reconhecimento veio à imprensa na Comic-Con de 2009, recebido por Russell T. Davies. A menção oficial veio no Guinness de 2010, grafada como: Doctor Who: most successful Science Fiction television series in the world;
2010 – concedido a um spin-off de DW: Torchwood: Children of Earth: “a minissérie de ficção científica mais bem avaliada da história”.
Existem ainda duas menções que eu não consegui confirmar no site oficial do Guinness, por isso não adicionei à lista acima. A primeira é sobre Matt Smith, que segundo o jornal britânico Mirror, receberia o recorde de “ator mais novo a interpretar o Doutor”. A segunda é sobre David Tennant, que segundo o perfil David Tennant News, no twitter, será listado este ano (2013) como o “Doutor mais prolífico”, tendo aparecido mais de 340 vezes em produções da série incluindo audiolivros, dvds, livros e na própria série.
2013 – concedido ao Especial de 50 anos da série, The Day of the Doctor, pela maior transmissão simultânea de um programa de TV: 94 países, 5 continentes e transmissões no cinema (em 3D) e na TV.
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Os primeiros passos
O Episódio Piloto da série não deu muito certo, primeiro, por conta de alguns problemas técnicos durante a gravação, e depois, porque o estúdio pediu para que algumas coisas fossem refeitas. Como a mudança era considerável, um novo roteiro foi escrito e o Piloto foi refilmado, sendo exibida apenas esta segunda versão.
Em alguns sites, o leitor pode encontrar indicações de que esse piloto foi perdido, o que não é verdade. Ele pode ser encontrado nos extras dos DVDs oficiais da série, lançados pela BBC. Eu assisti ao episódio, e de fato, há muita diferença em comparação com o primeiro capítulo da série, que ganhou uma narrativa mais ágil e uma melhor exposição de todas as personagens, deixando o maior enigma para o Doutor, o que é perfeitamente natural.
O episódio piloto, assim como o primeiro arco da série, foi um sucesso espantoso e inesperado. Em pouco tempo, a própria BBC iria rever o pedido de apenas 13 episódios para a série, aumentando a 1ª Temporada para nada menos que 42 episódios! O sucesso absoluto viria com o segundo arco, que além da lançar o que seria o maior inimigo do Time Lord (principalmente em sua primeira encarnação), conquistaria de imediato os espectadores: os Daleks.
Com uma série tão grande e uma longa mitologia criada através dos anos, é impossível abordar todos os aspectos aqui, mas os básicos já foram citados. Caso você queira saber mais sobre o Doutor e sua espécie, comece por nossa abordagem no artigo sobre William Hartnell: o 1º Doutor.
Fique de olho do Especial Doctor Who e conheça mais sobre a série, seus arcos, os Doutores e atuais produções, além de críticas sobre as temporadas oficiais, filmes, Especiais, spin-offs, quadrinhos e listas sobre episódios, vilões, planetas, aliados e companions!
Allons-y!