Quentin Tarantino é um diretor que não se apressa para fazer filmes. Sua carreira de pouco mais de 20 anos soma, apenas, 8 filmes lançados. Acontece que cada lançamento de um filme de Tarantino é esperado com enorme antecipação e recebido com muita polêmica e, normalmente, extremo sucesso.
É assim desde que Cães de Aluguel foi lançado em um pequeno circuito nos Estados Unidos e Inglaterra em 1992, tendo sido acolhido pelo Festival de Sundance, o mais importante para os filmes independentes. A plateia não esperava o que viu e essa surpresa fez o filme ser catapultado para o Olimpo dos filmes mais influentes da década de 90. Mas Tarantino não parou por aí e Pulp Fiction – Tempo de Violência, lançado apenas dois anos depois já no Festival de Cannes, não só arrebanhou a Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival, como, também, concorreu aos Oscar de melhor filme, diretor, roteiro, montagem, ator e ator e atriz coadjuvante, estabelecendo o cineasta como um dos mais importantes das últimas duas décadas. Hoje, frases de Pulp Fiction são citadas normalmente pelos cinéfilos como se fossem suas.
Em 2009, Tarantino começou a trafegar por um caminho que nunca havia tomado: os filmes históricos revisionistas. O que é isso? Bem, Bastardos Inglórios, que também concorreu a vários Oscar, incluindo melhor filme, direção, roteiro e montagem, se passa na Segunda Guerra Mundial e simplesmente os fatos como nós os conhecemos são mudados em relação ao fim de Hitler e de toda a cúpula nazista.
E é nesse espírito que Django Livre, lançamento mais esperado desse final de semana (Django Unchained, no original) foi feito: passado no Sul dos Estados Unidos na segunda metade do século XIX, ele conta a história do escravo Django (vivido por Jamie Foxx, que ganhou o Oscar de melhor ator por Ray) que, sob a tutela do Dr. King Schultz (vivido por Christoph Waltz, ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante por Bastardos Inglórios e do Globo de Ouro por Django Livre), um caçador de recompensas alemão, também se transforma em um caçador de recompensas e os dois saem à caça de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um vilanesco proprietário de terras e de escravos que sequestrara a esposa de Django.
Ou seja, é a visão muito própria de Tarantino, que também escreveu o roteiro, como sempre faz, sobre um dos momentos mais terríveis da história dos Estados Unidos. Devemos esperar muitas surpresas e muita violência em um filme que foi bem recebido pela crítica mundial, amealhando cinco indicações ao Oscar (incluindo de melhor filme e roteiro), cinco indicações ao BAFTA (o Oscar britânico) e o Globo de Ouro de melhor roteiro, dentre outros prêmios e indicações.
Tarantino prometeu que Django Livre é seu segundo filme de uma possível trilogia de história revisionista, sendo provável que a terceira obra seja sobre gângsteres. Aliás, como todo filme que faz, Tarantino encheu Django Livre de referências cinematográficas, a mais óbvia dela sendo o próprio nome do filme, que faz homenagem ao cowboy Django, imortalizado por Franco Nero, em filme de 1966.
Mas seu mais novo filme já enfrenta polêmicas, com Spike Lee afirmando que, apesar de não ter visto a fita, ela seria preconceituosa e que simplificaria o grave problema da escravatura nos Estados Unidos.
Bom, para saber se Spike Lee está certo ou se está exagerando, só conferindo o mais novo e festejado trabalho de Quentin Tarantino. Bom cinema!
Atualização: leia aqui a crítica de Django Livre.