A continuação do clássico cult sci-fi Blade Runner é uma realidade! Gostem ou não, ela está aí na esquina, chegando 35 anos depois aos cinemas, mesmo sem ninguém ter pedido. Mas há um alento! Seu diretor é o fantástico canadense Denis Villeneuve que, até agora, só tem maravilhas em seu ainda curto currículo como Incêndios, Os Suspeitos e sua primeira incursão no sci-fi, A Chegada.
O teaser foi lançado, dando-nos um primeiro vislumbre do que vem por aí. E o melhor é que ele não entrega absolutamente nada da história, cuja sinopse oficial é simplesmente assim (tradução do autor):
Confiram o breve teaser novamente aqui:
Agora que tal irmos de quadro em quadro revisitando o universo criado por Philip K. Dick na literatura e por Ridley Scott no cinema?
A velha futura Los Angeles
Fumaça, letreiros, contra-luz, fotografia noturna, um pouco de neve(?) no chão e uma silhueta vestindo um sobretudo. Sim, estamos mesmo de volta ao Blade Runner que conhecemos. Nada como iniciar o trailer com algo extremamente familiar para deixar os corações dos fãs mais calmos com o que antes parecia uma heresia impensável.
Mas ao mesmo tempo, esses segundos iniciais talvez estabeleçam uma Los Angeles ainda mais sombria que a de 2019. Afinal, 30 anos se passaram e posso garantir que esse mundo aí não melhorou (ops, o nosso também não!) e a escuridão opressiva na cidade grande será quase que um personagem em si mesmo como foi no filme anterior. Só faltou a chuva, ainda que a aparente neve esteja lá para compensar.
E, como marca registrada da versão cinematográfica original do primeiro filme, ouvimos a narração de Harrison Ford retirada diretamente da obra de 1982 e devidamente editada para parecerem frases contínuas: “Os replicantes são como qualquer outra máquina. São um benefício ou um perigo. Se são um benefício, não é problema meu.”
Repare como o teaser de 1:20 foi bem montado e ele explica logo para leigos o conceito dos “replicantes” sem fazer muito esforço. Agora fica a pergunta: será que veremos essas “máquinas” no dia-a-dia de Los Angeles, sendo usadas como tais? Afinal, os únicos que vimos no filme original são os quatro que Deckard persegue e Rachael, que não pode ser equiparada a “qualquer outra máquina”. Ah, claro, Deckard também possível é um replicante. Ou será que não?
Candidatos a replicantes no novo filme: Dave Bautista e Jared Leto. Será?
Mad Max 5
O frame acima é a primeira vez na mitologia do personagem que potencialmente vemos além de Los Angeles, nas terras desérticas que em tese cercam a cidade (sim, sei perfeitamente que Deckard e Rachael são vistos ao final da versão original do filme indo em direção à uma verdejante floresta, mas convenhamos que esse final simplesmente não combina com o filme). Temos Gosling no centro do meticuloso quadro nessa cor vermelha alaranjada ao mesmo tempo belíssima e aterradora, cortesia de ninguém menos do que Roger Deakins, um dos maiores diretores de fotografia vivos.
O ex-diretor
Como não poderia deixar de ser, Ridley Scott não abandonou seu bebê completamente e senta na cadeira de produtor executivo. Considerando os filmes recentes do diretor, espero que coloquem a cadeira dele bem longe do set, algo como lá do outro lado da rua do estúdio, no Starbucks mais próximo… E tirem o wi-fi dele, claro!
Brincadeiras (ou não) à parte, aqui ouvimos a primeira nota do que parece ser a clássica trilha de Vangelis reaproveitada no teaser. Tomara que pelo menos a música tema faça parte integrante do filme, cuja trilha ficará ao encargo do excelente Jóhann Jóhannsson, de A Chegada!
Planeta dos Macacos?
E voltamos ao deserto. Agora vemos talvez restos de uma cidade? Algum evento cataclísmico aconteceu, mas não parece ser algo recente. O que interessa mesmo é a natureza fantasmagórica da cabeçorra de concreto e o sentimento de isolamento de K nesse deserto laranja. E eu já falei que a fotografia de Deakins é sensacional?
O diretor atual
E, então, o nome que me dá esperança que essa desnecessária sequência será no mínimo boa: Denis Villeneuve. Se tem a assinatura dele, tem meu dinheiro e, provavelmente, mais de uma vez no cinema, além do Blu-Ray mais tarde. Sim, ele é bom assim.
Tyrell Corporation?
Que estrutura é essa? O esconderijo de Deckard? Será que estamos vendo efetivamente o mesmo prédio ou é apenas um efeito da montagem? O que é realmente interessante é prédio ao fundo no segundo frame, que lembra bastante o prédio da corporação Tyrell, fabricante original dos replicantes. Será o mesmo prédio do filme original depois de algum cataclismo? Ou é só outro prédio da empresa em local há muito abandonado? E o que são aquelas letras no que parece ser em coreano no terceiro frame?
O piano, olha o piano!
E K – o nome, claro, é uma homenagem à inicial do meio de Philip K. Dick – vem das sombrar procurar Deckard com uma música fantasmagórica na trilha.
Mas o mais relevante aqui é o piano. Lembram da versão final do diretor de Blade Runner, aquela que nos dá fortes pistas de que Deckard, na verdade, é também um replicante? Pois bem, lá há uma sequência de sonho com Deckard sentado ao piano, em que ele vê o famoso unicórnio correndo pela floresta.
Estou viajando na referência? Olha, acho que não. Percebam o tamanho desse teaser e tudo o que ele não diz. A presença do piano simplesmente não pode ser aleatória.
Han Solo está de volta!
“Eu já tive seu emprego. Eu era bom nisso.”
E com essas frases, Deckard, envelhecido, entra triunfalmente no teaser, ainda que isso não signifique que ele diga isso nesse exato momento, pois apenas ouvimos a voz e não vemos ele falando. E é ótimo que não mantiveram Harrison Ford escondido, pois até o padeiro aqui da esquina sabia que ele apareceria no filme. Resta saber o quão proeminente será seu papel e o que seu envelhecimento significa exatamente. Será ele um humano normal ou um replicante sem data de expiração cujas partes orgânicas envelhecem normalmente?
E repararam que a arma é o mesmo modelo que ele usa em 2019, no primeiro filme? Ou seja, ele realmente deve ter ficado 30 anos escondido.
Agora, o que K quis dizer com “as coisas eram mais simples então”? O que aconteceu nesse intervalo de 30 anos? Será que é uma alusão ao que fez K procurá-lo? Ou será que o filme mergulhará mais nos detalhes da guerra Terminus que é mencionada do livro e que ficou ostensivamente de fora do original? Hmmm, veremos…
Só uma última coisa: considerando que Harrison Ford viverá Indiana Jones novamente em 2019, podemos dizer que ele reviveu seus três mais icônicos personagens em apenas uma década! Incrível, não?
Logotipo clássico
Gostei de terem mantido o logotipo original, mas não sei se gosto do 2049. Sei lá… Parece mais um letreiro que diz “olha, suas bestas, esse filme se passa 30 anos depois do outro, ok?”. E a música de Vangelis vem novamente com toda a força, ainda que eu sinceramente desconfie que já é Jóhann Jóhannsson “falando”, mesmo considerando que ainda falta um bom tempo para o lançamento do filme.
De volta à Los Angeles
Los Angeles novamente da maneira mais próxima que lembramos da versão original de 2019, com muita sombra e muito neon, fechando o teaser como ele começou. E a data, claro. Aqui no Brasil será um dia antes: 05 de outubro de 2017. Já compraram os ingressos?
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Gostaram do teaser? O que mais vocês viram? Comentem!