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Entenda Melhor | Batman – Aniversário de 75 anos: Parte Cinco (Anos 2000)

por Filipe Monteiro
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Se você vem acompanhando as publicações que fizemos especialmente para o aniversário de 75 anos do Batman, deve estar esperando para conferir o que temos a dizer sobre as aparições que o Morcego tem feito do início dos anos 2000 até agora. Se, por um acaso, você caiu aqui de paraquedas e perdeu os textos anteriores, não se preocupe. Vamos recapitular rapidamente tudo o que aconteceu.

Na primeira parte do nosso Entenda Melhor, abordamos a Era de Ouro do herói, desde a sua primeira aparição na Detective Comics #27 até sua consolidação na década de 60. Na segunda parte, partimos para a etapa em que o Bátima triunfava na televisão, enquanto afogava em sua mais profunda crise nas publicações em quadrinhos.

No terceiro momento, destacamos aquele que representou a renascimento do Homem-Morcego estampado em verdadeiras obras-primas, como Batman: O Cavaleiro da Trevas e Batman: Ano Um, ambas assinadas por Frank Miller, o incrível A Piada Mortal de Alan Moore e porque não lembrar do ícone que foi o longa Batman, de 1989, dirigido por Tim Burton. A parte quatro deste especial englobou a fase sombria pela qual passou o Morcego nos anos 90 em contraste com o longo (que parecia eterno) enterro de sua história cinematográfica pelas mãos desastrosas de Joel Schumacher.

Catalogar os principais momentos do Batman ao longo de tantos anos não é uma tarefa fácil e propor uma estrutura para analisá-los é mais difícil ainda. Após uma série de ponderações em torno desta fase que consiste no maior renascimento já visto na história do Morcego, optamos por conduzir o nosso olhar ao seu domínio nas mais diversas mídias.

Vamos, então, por partes:

Olha ele nos Quadrinhos!

Se há uma coisa que não se pode negar é a versatilidade alcançada nas publicações sobre o Batman na última década. Vivemos em um momento de uma verdadeira combustão de histórias sobre o Morcego. As mais vanguardistas tentam traçar caminhos próprios, construindo uma base para que (quem sabe um dia?) possam se tornar referências no mundo editorial. Esse é o caso de Batman: Pulp Fiction, que se apropria da essência do herói o transporta a um novo contexto.

A grande maioria, entretanto, busca garantir a competência baseando-se em estéticas e conceitos já construídos anteriormente. Assim temos muito do que foi construído por Frank Miller em Batman e os Homens-Monstro, Batman: Ano 100, Batman e o Monge Louco e, obviamente, o novo Batman Ano Zero.

O resgate a outros arcos bem sucedidos, entretanto, não se restringe ao universo concebido por Frank Miller. A dupla Jeph Loeb e Tim Sale concluem em Batman: Vitória Sombria, o que foi iniciado no finalzinho da década de 1990 em Batman: O Longo Dia das Bruxas. Loeb retornaria a executar outro projeto de peso em Batman: Silêncio, não tão bem sucedido quanto as obras anteriores, mas ainda assim prezando pela excelência no seu roteiro e, sobretudo, em sua estética, com Jim Lee nos desenhos.

Ainda que a última década tenha sido palco de ótimos arcos envolvendo o Homem-Morcego, nada foi tão marcante neste momento da indústria editorial quanto o surgimento do projeto intitulado como Os Novos 52. Frente aos números medianos em suas vendas, a DC decidiu tomar uma medida arriscada e até mesmo criticada por muitos: relançar do zero toda (TODA MESMO!) sua linha editorial. Assim, em 2011, nascem Os Novos 52, que trazem os heróis sob uma linha de continuidade completamente nova. Batman renasce, portanto, em 4 novas publicações: Detective ComicsBatman & RobinBatman e Batman: O Cavaleiro das Trevas.

Em A Noite das Corujas, o primeiro arco pós-reboot publicado na revista Batman, Scott Snyder apresenta um novo grupo de inimigos que o herói passará a se confrontar nesta nova etapa. A sociedade secreta chamada Corte das Corujas é um poderoso e tradicional grupo que vem controlando o crime organizado em Gotham há mais de um século. Nesta nova linha temporal, grande destaque é dado ao grupo, que já é classificado como uma das mais importantes entidades inimigas do Morcegão.

Caramba! Batimão está de volta às telonas…

O furor trazido às telas do cinema com o lançamento de Batman em 1989 não foi pequeno. Tim Burton bebeu em ótimas fontes ao compor uma versão excêntrica e gótica do Homem-Morcego. Referências à Piada Mortal de Alan Moore são notórias no filme, principalmente em relação à imagem do Coringa, eternizado pela excepcional atuação de Jack Nicholson. Em uma continuação ainda mais sombria, Burton faz história novamente ao dar vida àquelas que viriam a ser as principais figuras de associação aos vilões: Mulher-Gato e Pinguim, interpretados por Michelle Pfeiffer (na sua melhor fase, em todos os sentidos) e Danny DeVitto.

O respeitável trabalho de Burton, infelizmente, não conseguiu sobreviver às pressões da indústria cinematográfica noventista, que, visando uma fórmula mais lucrativa, pediu por filmes menos densos e sombrios e que dialogassem de maneira mais direta com  público infantil. O Morcego passa a viver aquela que seria sua mais vergonhosa e triste crise no cinema em duas terríveis continuações: Batman Eternamente e Batman & Robin, estreladas por glúteos e mamilos, não necessariamente nesta ordem.

Vítima do crime cometido por Joel Schumacher, a história de Batman no cinema viveu oito anos de completa solidão, até que uma nova esperança surge quando o visionário diretor Christopher Nolan resolve dar vida ao Morcego novamente. A expectativa que antecedeu a estreia de Batman Begins foi, sem dúvida, enorme. Curiosidade? Com certeza! Otimismo? Ah… porque não? Qualquer coisa deve ser melhor do que o George Clooney.

O que ninguém poderia prever era que o mundo estaria presenciando uma nova era da cultura cinematográfica de filmes baseados em heróis de quadrinhos. Em sua trilogia iniciada em 2005, continuada três anos depois com Batman: O Cavaleiro das Trevas, marco de seu apogeu, e finalizada de maneira triunfante com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Nolan deu novos sentidos ao enredo e inaugurou uma nova maneira de fazer filmes do gênero.

Optando pelo uso de vilões mais acessíveis, fazendo de Gotham uma cidade completamente relacionável com outra metrópole (ainda que não seja a melhor Gotham do cinema. Este feito ainda é atribuído a Burton), e, acima de tudo, dando ao Batman um tom muito mais humano, Nolan cria vínculos de proximidade entre o herói e o público nunca antes vistos na história do cinema. O tom realista que conduz toda a trilogia passa a ser, portanto, o novo oriente de quem busca fazer filmes do gênero (ainda que alguns enredos simplesmente não devam sem pensados de tal modo) e garante ao trabalho de Nolan reconhecimento não só pelos fãs de quadrinhos, mas também pela crítica especializada.

A história do Batman com o cinema não termina com Nolan, entretanto. Após lançar, em 2013, O Homem de Aço, novo longa do Super-Homem, não tão bem sucedido quanto a trilogia Nolan, a Warner divulgou seus planos para a sequência. Pegando todos de surpresa, a empresa declarou que Batman não só estaria presente no filme, como também dividiria os holofotes com Superman. A recepção dessa vez não foi tão amistosa e a apreensão ainda aumentou quando Ben Affleck foi anunciado para viver o Morcego em um dos mais clássicos embates do Universo DC. Mesmo com vários pés atrás, a expectativa em torno do lançamento somente tende a crescer. Batman V. Superman: Dawn of Justice tem lançamento previsto para março de 2016.

…e às telinhas!

Se por um lado, uma história e uma ótima reputação foi construída em torno de Batman no cinema, suas produções para a TV foram construindo respeito em um ritmo mais calmo, porém não menos eficiente. Pouco a pouco, a DC Comics conquistou o pódio televisivo com suas animações de altíssima qualidade.

A construção de uma base firme após o sucesso de suas séries animadas nos anos noventa, possibilitou o lançamento de ótimas animações na televisão que se direcionavam a público não tão amplo quanto o do cinema, mas igualmente exigente. Assim, baseando-se na série Batman do Futuro, exibida entre 1999 e 2001, foi produzido um dos maiores sucessos do gênero. Batman do Futuro: O Retorno do Coringa foi ao ar em dezembro de 2000 e, imediatamente, alcançou imenso sucesso.

Assim, a indústria foi se alimentando das produções que seguiram. Algumas foram derivadas de outras séries animadas, como é o caso de Batman: O Mistério da Mulher-Morcego que está inserido no universo de As Novas Aventuras do Batman. Outras adaptaram histórias clássicas dos quadrinhos como Batman Contra o Capuz Vermelho, Batman: Ano Um e Batman: O Cavaleiro das Trevas – Parte I e II. Há ainda adaptações ao universo gigantesco construído pela franquia Arkham nos games (sobre esses, falaremos já), temos aí o ótimo exemplo de Batman: Assalto em Arkham.

A popularidade alcançada pelo Morcego na última década foi tanta que logo trataram de encomendar algo mais consistente e rentável na TV. Desta maneira, surge a série Gotham. Anunciada no início do ano pela NBC e posteriormente adquirida pela Fox, a série promete abordar o universo pré-Batman, centrando-se, assim, no começo da carreira de James Gordon na polícia de Gotham. Veremos assim a rotina do detetive, o surgimento de vilões já conhecidos pelo universo dos quadrinhos e o cotidiano de um Bruce Wayne ainda criança e recém-órfão. A série tem estreia prevista nos EUA para o dia 22 de setembro e será exibida no Brasil uma semana depois pela emissora da TV fechada Warner.

Calma lá! Na literatura também?

Antes de mais nada, devo destacar que o Bátima nunca teve uma relação tão próxima assim com a literatura. Veja bem que uso literatura apenas como nome de diferenciação às histórias em quadrinhos, o que não significa que um gênero deva ser mais ou menos valorizado que o outro. Eu inclusive concordo que histórias em quadrinhos fazem parte da literatura, mas este não é o ponto que busco tratar aqui.

Como disse anteriormente, é de conhecimento comum que Batman nunca foi um personagem de tradição em romences ou contos. Isso não impediu, todavia, as tentativas em adaptar sua história aos livros. Ok, temos que concordar que essas tentativas, em sua maioria, vieram apenas da vontade em obter mais lucro com a história do herói em outras mídias, como pode ser observado em Batman e a Filosofia, mais um fruto da coletânea que, sob a premissa de relacionar filosofia a ícones da cultura pop, reúne uma série de artigos científicos sobre o Morcegão. Uma dica a você que, como eu, gastou dinheiro comprando este livro: vá ao Google Acadêmico e digite “Batman”. Você vai se surpreender com a quantidade de trabalhos científicos feitos dentro dos mais diversos campos do conhecimento sobre o Morcego. E o melhor de tudo: é de graça!

A parte boa, em meio a isso tudo, é que nascem obras de qualidade que merecem ser destacadas. O maior exemplo disso está no romance Wayne de Gotham, escrito por Tracy Hickman. O livro publicado em 2012 é feliz em desvelar um lado mais intimista de Bruce e aprofundar a relação da família Wayne com Gotham City. Ainda que não seja nenhuma obra prima, o trabalho de Hickman possui consistência e merece ser lido.

O cara ainda por cima é referência em games.

Não poderia concluir este artigo sem falar de um dos maiores trunfos obtidos pelo Morcegão em outra mídia. A chamada Franquia Arkham despontou com o lançamento de Batman: Akham Asylum em 2009, ganhou uma continuação de qualidade ainda superior com Batman: Arkham City e já tem conclusão prevista para o meio do ano que vem com o esperadíssimo Batman: Arkham Knight.

A combinação de um enredo consistente, uma ótima jogabilidade de um mapa vasto que garante autonomia ao jogador, os jogos se desenvolvem de uma maneira simples, ainda que não sejam fáceis. A altíssima qualidade gráfica e missões intrigantes garantiram à série Arkham uma enxurrada de prêmios, excelentes críticas e garantiram sua permanência entre as franquias de maior prestígio da nova geração de games.

Não há dúvidas de que o Batman vive uma de suas mais promissoras fases. Chega a ser difícil pensar na ausência de algum tipo de referência ao Morcego dentre as mais diferentes plataformas veiculadoras de conteúdo da cultura pop. O que torna praticamente impossível a tarefa de mapear todos os passos que o multifacetado Homem-Morcego tem dado na mídia. Elencamos aqui suas mais expressivas aparições até agora. Caso queria saber mais sobre o Universo do Batimão,  não deixe de acompanhar este Especial, pois muita coisa ainda está por vir.

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