Home Colunas Editorial | Retrospectiva: O Plano Crítico em 2023

Editorial | Retrospectiva: O Plano Crítico em 2023

Reflexões, brincadeiras, papos sérios e muito agradecimento brega!

por Ritter Fan
1,1K views

A primeira coisa que fiz quando comecei a escrever a presente Retrospectiva foi descobrir quantas delas já publicamos aqui no site e a revelação me impressionou: trata-se da 11ª consecutiva! E olha que estou falando, apenas, do que eu e o Luiz Santiago (somos a mesma pessoa, ele sendo meu “eu recessivo”, mas me acostumei a falar na primeira pessoa do plural) chamamos de fase pós-hecatombe do site, o Plano Crítico 2.0, por assim dizer, que continua firme e forte até hoje, ainda que com diversas alterações estéticas e também na misteriosa máquina por trás, o Moloch que faz tudo funcionar. E o mais bacana disso tudo é que, mesmo nos dando ao luxo de publicar críticas de diversas obras que não são sexy, pop ou de alguma forma chamativas (afinal, temos críticas publicadas com atrasos de décadas, de filmes dos anos 20, 30, 40 e assim por diante), angariamos uma consistente legião de gente que, por alguma razão ainda incerta e não sabida, nos segue com constância há anos, com alguns sendo comentaristas contumazes com quem travamos altas conversas, sempre a melhor parte de se ter um site como esse.

Em termos numerológicos, o cumulativo de postagens publicadas no site em 2023 é exatamente de 17.485. Considerando que, em 2022, esse total era de 16.407, publicamos nada menos do que 1.078 novas críticas no ano, uma média de quase três por dia, lembrando que tudo o que colocamos no ar é autoral, sem notícias, sem fofocas e, mais do que isso, sem preocupação alguma com tamanho ou profundidade, o que quer dizer que não nos interessamos exatamente em ter mais cliques quaisquer, mas sim em termos mais cliques de qualidade, de gente que, discordando ou não de nossas opiniões, adicionará às conversas depois de ler nossos “textões” (é difícil encontrar algum com menos de 600 palavras, para desespero do SEO!). O leitor mais detalhista e atento reparará que nossa média de publicações diárias vem caindo há três anos, mas concluímos que manter o ritmo antigo que era superior a 5,5 textos diários, acabava criando obstáculos administrativos por vezes intransponíveis, pelo que diminuímos conscientemente para uma quantidade mais gerenciável, quantidade essa que não se refletiu na redução do número de comentários que já alcançam o total de 230.750.

Em termos de conteúdo, continuamos, mas ainda não acabamos o Especial Ridley Scott em comemoração aos seus 85 anos no final do ano passado e iniciamos, em 18 de novembro, o Especial Alan Moore em comemoração aos 70 anos do Bruxo de Northampton, que não terá o objetivo de cobrir tudo o que ele já escreveu, mas sim uma boa parte de seu material mais importante – e por vezes mais obscuro – que ainda não tínhamos no site. E, claro, finalizamos Especial Arnold Schwarzenegger, com toda a filmografia do austríaco marombado. Nosso tradicional Outubro do Terror de 2023, encabeçado pelo nosso Leonardo Campos, mais conhecido como um garimpeiro de coisas que ninguém nunca ouviu falar, foi essencialmente voltado para vampiros, com uma publicação principal por dia e diversas outras que acabaram enxertadas ao longo do mês, pois pelo visto, para nosso redator, 31 dias seguidos de vampiro é pouco.

Além disso, pela primeira vez no site, fizemos a cobertura do Festival de Gramado, graças ao incansável trabalho in loco de nosso redator Frederico Franco que, da agradável e pitoresca cidadezinha sulista, trouxe-nos nada menos do que 23 artigos que cobriram desde a estrutura do festival em si até os filmes mais importantes. É sempre difícil acompanhar festivais dessa natureza, especialmente quando ele ocorre em cidade diferente da que a pessoa vive e tem seu principal trabalho (se alguém pensa que algum redator do Plano Crítico tem no site seu principal trabalho, ficamos lisonjeados, mas não é verdade), mas o Frederico arregaçou as mangas, subiu no lombo de um burrico e partiu de Porto Alegre para Gramado para não deixar escapar essa oportunidade cinematográfica! Trilegal, tchê!

Alguns outros destaques de 2023 no site:

1. Barbenheimer (o Luiz Santiago chama de Barbieheimer, mas ele está errado, claro):

O grande e inusitado evento cinematográfico de 2023, reunindo dois ótimos filmes em uma dobradinha improvável de marketing cruzado não passou despercebido por aqui. A prova disso? Ora, chegamos a ter nosso destaque da página principal invadido por críticas e artigos sobre o fenômeno, olhem só:

2. Som da Liberdade:

O filme, objeto de um culto estranhíssimo, ganhou crítica aqui no site somente para a crítica e os críticos serem duramente criticados pelos cultistas. É sempre um enorme prazer debater civilizadamente com gente equilibrada.

3. Assassinos da Lua das Flores:

A esperadíssima adaptação cinematográfica de Martin Scorsese do livro jornalístico homônimo por David Grann renovou os debates sobre filmes longos (afinal de contas, se for filme de super-herói, pode ter três horas, mas outro bem mais relevante é chaaato e cansativo…) e sobre os comentários CORRETOS de Scorsese contra a indústria do engessamento cinematográfico e coisas do tipo que muitos insistem em encarar, apenas, em sua superfície.

4. Godzilla Minus One:

A proximidade da estreia do novo longa japonês da lagartixa atômica deixou nosso Luiz Santiago excitado como pinto no lixo e ele partiu para cavoucar mais filmes de monstro para escrever as críticas e se preparar para o lançamento de Godzilla vs. Kong em 2024 que, claro, levará a um importante e acalorado debate sobre a dorsal rosa do bicho.

5. Doctor Who:

O retorno de Doctor Who, agora como parte do Império Disney, com um “novo velho Doutor”, os Especiais de 60 anos e a continuação da jornada do Plano Crítico com a série, um de nossos especiais eternos que conta com uma quantidade absolutamente boçal de artigos de toda natureza, seja cobrindo as temporadas da série, seja os audiodramas, os livros, os quadrinhos e tudo mais que seis décadas de Doutores derramaram sobre o planeta.

6. Corrida Literária:

Nossa terceira Corrida Literária ganhará um artigo separado em breve, mas, esse ano, novamente tivemos uma disputa entre mim e o Luiz Santiago, ainda que disputa não caracterize bem o que aconteceu, pois o Luiz Santiago, coitado, não tinha a menor chance de ganhar alguma coisa e acabou jogando a toalha cedo, contentando-se em apenas chegar na meta mínima para não pagar as prendas em uma evidente demonstração de derrota e submissão ao Mestre das Leituras.

7.  O Opressor e o Sensato:

Pelo 10º ano consecutivo, Luiz Santiago vence o prêmio anual de “grosso, arrogante, opressor e cheio de tiradas iluminadas” para com os pobres e indefesos leitores (especialmente os pedantes). Enquanto isso, Ritter Fan ganha, pelo 10º ano consecutivo, o prêmio de Reizinho Sensato. Já passamos por isso antes: Luiz Santiago deve ser demitido do PC. Dona Rita deverá ser comunicada imediatamente! NÃO ACEITAREMOS 11 ANOS DE OPRESSÃO DESSE OGRO INCORRIGÍVEL DA CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA BRASILEIRA!

*O bom desse item aqui é que ele foi escrito pelo próprio Luiz Santiago, em uma clara autoanálise e demonstração de contrição. Quem sabe ele não aprende?

XXXXXXXXXXXXXXX

Como gostamos de escrever, pedi aos meus colegas que falassem um pouco (só um pouco!!!) de suas respectivas relações com as artes em 2023. Esse foi o resultado:
.

Luiz Santiago:
(ou eu mesmo, só que piorado)

O ano de 2023 foi uma “falsa promessa” para mim, pois achei que voltaria visitar, muito ativamente, os espaços artísticos aos quais eu estava bastante acostumado até 2019. Querendo ou não, o hiato forçado do consumo cultural in loco realmente transformou a minha forma de ver, me dispor e procurar (preferencialmente) esses eventos externos. Para mim, só houve o reforço da procura por consumir muita coisa em casa. Falando de cinema, só em ocasiões bem específicas é que não cogitei, em nenhum momento, ver determinadas obras em casa, como no caso de Oppenheimer, Assassinos da Lua das Flores, Retratos Fantasmas, Asteroid City e Barbie, só para citar os exemplos mais populares. No todo, porém, minhas idas ao cinema despencaram pela metade, a ponto de minha média anual em 2023 — mais especificamente, de 15 de janeiro até 7 de dezembro, que é quando estou escrevendo esse texto –, ser de 2 filmes/mês vistos em salas especiais.

Confesso, porém, que isso não é algo que me atormenta. Ver filmes em casa, no conforto do meu sofá e sem gastar uma pequena fortuna a cada saída para prestigiar uma obra num cinema se tornou um verdadeiro estado de paz. Não há o estresse da ida e da volta. Não há o horror de ter que brigar com gente imbecil que fica com o celular ligado durante a sessão. Ou o desconforto de lidar com adolescentes se pegando e fazendo 500 barulhos do meu lado; ou tiazinhas narrando o filme inteirinho; ou caras que resolvem colocar o papinho da broderagem em dia durante o filme; ou crianças chorando, chutando as costas da sua cadeira; indo ao banheiro 190 vezes ou indo trocar o refil da pipoca outras 190 vezes durante um filme de 1h40. Hoje, ir ao cinema é possivelmente um gatilho para explosão de raiva. E pensando bem, a ÚNICA vez, das 23 que eu fui ao cinema este ano, que não passei por algum tipo de raiva, foi na sessão de Assassinos da Lua das Flores, que assisti numa sala com outras três pessoas.

Já em outras artes, o isolamento se tornou ainda mais intenso na minha relação de consumo. Este ano, diminuí bastante a minha presença em shows, peças de teatro, concertos e apresentações especiais. As únicas experiências artísticas que mantive num número alto foram as de ouvir música e as visitas a exposições e museus — essas porque vou a trabalho, como guia de alunos… ou tenho que visitar sozinho para usar como exemplo nas aulas. E a única arte cuja minha relação se encaminhou para um aumento de consumo (seguindo a linha do ano anterior também) foi a literatura — certamente por conta da nossa Corrida Literária. Ainda nessa seara, minha leitura de quadrinhos caiu bastante, talvez pouco mais que a metade, e dentre essas, nem 5% chegou a ser de super-heróis. Eu definitivamente estou perdendo a paciência para consumir muita coisa de bonequinho, independente da mídia. Mas acho que, pelo menos em relação aos quadrinhos, essa é uma ressaca temporária. O tempo dirá…

Em resumo, creio que minha relação com as artes, em 2023, esteve num cenário bem mais particular, com a maior parte do consumo artístico feito em casa. Não sei se essa relação tenderá a se manter assim em 2024, mas confesso que não enxergo muita perspectiva de mudança, pelo menos não tão grandiosamente. Veremos o que a vida artística nos reserva para o próximo ano!
.

Felipe Oliveira
(aquele que tenta ser o Mestre do Terror do site,
mas enfrenta concorrência do Leonardo Campos)

Mesmo que tivesse aproveitado o segundo semestre do ano passado vendo alguns filmes no cinema, para mim, a experiência estava incompleta por ter perdido a exibição de Pânico 5 durante outro pico de casos da COVID 19. Porém, poder assistir a Sorria, um dos títulos mais lucrativos e instigantes de terror de 2022, deu o gás necessário para começar o ano seguinte com expectativas de que conseguiria ter todos os experimentos que cogito no cinema, e claro, com foco no terror. Coincidentemente, 2023 só potencializou o destaque que o gênero vinha recebendo nos últimos dois anos, e eu não poderia estar mais feliz de fazer parte desse momento tendo em vista que foi um acesso afetado na minha lista de coisas imprescindíveis desde o início de 2020. 

E 2023 começou muito bem no que diz respeito a consumir essa arte que amo, assistindo ao primeiro filme do ano no cinema: O Gato de Botas 2. Foi uma grata surpresa ver o belo trabalho que fizeram com a animação, dando aquele gosto de valeu o investimento no ingresso, no tempo e cansativo deslocamento até o shopping. Mas foi nos preparativos para a chegada de Pânico 6 que percebi o esforço maior para manter intacto algo que prezo no cinema: a experiência compartilhada. Paguei mais caro uma pré-estreia (desnecessária) em 3D para que os típicos ruidinhos de conversas paralelas, luzes da tela do celular e pegações na sessão atrapalhasse esse momento esperado, e deu certo. O fato da sala não estar tão cheia possibilitou uma sessão que pudesse absolver o filme sem dividir a atenção com incômodo. 

E esse esforço foi aumentando (pelo receio) para cada filme hypado tentar uma sessão que não fosse me gerar reclamações. Legendada? Não mais. Chegou um momento em que a falta de educação acompanhava qualquer sessão: à noite, depois da estreia, legendada, não importava. Para quê algo melhor do que adolescentes brincando com as poltronas reclináveis na exibição da obra-prima Five Night’s at Freddy’s? Ou uma mulher que, para evitar o susto, liga a lanterna do celular em direção a tela para enxergar a entidade numa cena escura de The Boogeyman, que ora, utilizava esse recurso constantemente para criar atmosfera? Entre infantilidades e estupidez alheia, o gosto de ir ao cinema foi sumindo, sobrando o conforto de assistir em casa como a opção mais escolhida por mim, alternativa que nunca imaginei considerar com boa vontade. 

A parte boa desse isolamento – quando não estava me consumindo com atividades acadêmicas – foi ter mais tempo para leituras, e enquanto a média semanal de livros por semana variava de 2 a 3 – considerando a rotina corriqueira -, percebi que antes da pandemia em 2020 o cinema não era meu único rolê; faltava voltar para a agenda cultural, mais rolês com amigos. Menos cinema, se tornou sinônimo de idas a shows; a grana para 3 ingressos no mês foi trocado pela entrada numa balada ou rodada de bebidas e aperitivos em bares com amigos. Melhor do que uma experiência compartilhada comprometida no cinema por pessoas que acham bacana conversar enquanto outras querem prestar atenção no filme que pagou para ver – nem espumei – era uma experiência compartilhada com barulho, energia e diversão de pagar para ver ao vivo os artistas que acompanho diariamente.

Enfim, me tornei o que achava um tormento: deixar para ver em casa o que poderia ver nas telonas. Não digo que o cinema será deixado de lado, mas será um consumo específico com o critério de “aquele filme vale a experiência com estresse?” ou verei para produzir uma crítica. Se eu terminava 2022 com ansiedade para frequentar mais os cinemas, chego em meados de dezembro de 2023 (momento que escrevo isso) com o espírito ranzinza e entornando o bico quanto ir ao cinema, e querendo mais leituras e agenda cultura (teatros, shows, festivais) para 2024.
.

Kevin Rick
(nosso Homem Invisível, o crítico que desaparece sem dar notícias
e ressurge como uma Fênix despenada, como se nada tivesse acontecido) 

Meu ano de 2023 em termos artísticos foi uma decepção pessoal. Desde o ano de 2022, tenho passado por um período de muito estresse e cobrança profissional, trabalhando longas horas comerciais no meu escritório e usando a parte da noite para estudar infinitos códigos e leis.

Tem sido gratificante, o crescimento é importante e as conquistas financeiras, acadêmicas e na minha carreira estão vindo, mas meu lazer tem ficado de lado. Não tenho conseguido fazer a leitura de livros de ficção ou quadrinhos como gostaria, raramente escuto álbuns e praticamente abandonei projetos em todos os lados do site.

Isso tem me entristecido bastante, porque consumir artes é, sem dúvida nenhuma, meu lazer favorito. É o momento que me desligo das responsabilidades, das exigências diárias e do caos perfeito que é ser adulto.

Escrever, então, é minha válvula de escape final. É quando entro no meu mundinho maluco com meus colegas malucos e leitores malucos que adoram esses universos malucos e, como poucos, entendem a beleza da ficção nesse site de nicho obscuro. Mas nem isso tenho conseguido fazer com consistência.

Minha meta para 2024 é ter mais regularidade e compromisso comigo mesmo para me deixar descansar e fazer as coisas que gosto. De certa forma, 2023 para mim tem sido o ano da “saudade artística”.

Saudade de sentar no sofá no sábado de manhã e passar três horas mergulhado num livro de fantasia. Saudade de deitar na cama à noite e viajar num álbum de Bowie ou Pink Floyd. Saudade de ir no teatro, num show e até numa maldita sala de cinema com pentelhos conversando alto e mexendo no telefone.

A maioria do que consumi no ano foi relacionado com lançamentos para o site, com algumas idas ao cinema e muitas séries de televisão, de longe a forma de arte que mais consumi no ano. Mas tudo recente e famoso, então estou também com saudades de ver filmes antigos e descobrir seriados escondidos. Estou absolutamente de saco cheio de super heróis, filmes de ação e obras de terror, que tomaram o audiovisual de assalto. Tô com saudade até daquela comédia romântica genérica dos anos 2000 ou aquele anime ordinário de um protagonista shonen que sempre vence no final.

De certa forma, minha relação com as artes, em 2023, foi de uma nostalgia melancólica. De momentos sozinho ou coletivos, sejam em espaços artísticos ou do conforto da minha casa, dos quais sempre tive como garantidos e agora noto a dificuldade em resgatá-los. Uso a justificativa de que tudo isso é um período de transição, e talvez seja mesmo, porque conquistas profissionais trazem mais conforto. Mas nossa, enquanto está durando, só posso dizer que olho para 2023 como um ano que conquistei muito e me diverti pouco. Veremos o que 2024 reserva, mas espero poder fazer esse texto no final do ano que vem com menos saudade.
.

Ritter Fan
(Antigos espíritos do mal, transformem essa forma decadente
em Mumm Rá, que tem vida eterna)

A pandemia me mudou completamente. Não tinha entendido a dimensão do quanto ela me afetou – mesmo não tendo ficado doente – até meados desse ano, quando finalmente notei que o Ritter Fan de priscas eras não existia mais e que, no lugar dele, surgiu um cara que pode ser definido como um eremita que vive em uma caverna sem contatos humanos. Essa realização foi ajudada com a Síndrome do Ninho Vazio, já que minhas filhas foram estudar fora e eu e minha esposa de todo o sempre (estamos juntos há mais de 30 anos, acreditam?) passamos a não ter mais “distrações” filiais.

Assim como eu, ela não é lá grande apreciadora de saídas, de jantares, de festas e de coisas assim (ainda que, ironicamente, tenhamos começado a namorar em uma boate), pelo que nosso apartamento passou a ser todo o nosso mundo, em uma espécie de continuação do que a pandemia havia causado. Sei que muita gente vai revirar os olhos achando isso a coisa mais sem graça do mundo, mas vão por mim: não poderíamos estar mais felizes. Claro que saímos, mas normalmente para lugares onde não haja luzes piscando, barulho de buzina e gente se esbarrando e essa reclusão, por assim dizer, acabou afetando o consumo das artes como um todo.

Os livros ganharam destaque, tanto que, pelo segundo ano consecutivo, li pelo menos 65 deles (e não do tamanho padrão do Luiz Santiago, ou seja, não mais do que 150 páginas…), mais precisamente 65 em 2022 e 66 em 2023 (sim, um a mais só para eu poder dizer que li um a mais). Os quadrinhos de super-heróis, com uma única exceção (Predador vs. Wolverine se tiverem curiosidade), se foram completamente. O mais próximo do mainstream que li foi Saga, pois Saga é espetacular e todo mundo deveria ler, mesmo aqueles que não leem quadrinhos. E ainda assim li poucas HQs, muito poucas.

O streaming tornou-se o padrão para mim e isso me irrita. Sim, me irrita. Considerando meus milênios de vida, ainda gosto demais da experiência cinematográfica e ver filmes na televisão – mesmo grande – é um downgrade enorme para mim. Infelizmente, porém, eu me peguei recorrendo cada vez mais a essa facilidade, algo que pretendo evitar ao máximo em 2024, especialmente porque moro perto de um ótimo cinema e não tenho desculpa para simplesmente não dar um pulo lá toda semana. Pelo menos eu consegui ver os grandes lançamentos do ano na tela grande, com especial destaque para Oppenheimer, que assisti em diferentes “versões”.

Por outro lado, o streaming é libertador. Como eu sou um daqueles poucos caras que não recorre à ilegalidade para consumir conteúdo, ter filmes e séries fácil e legalmente acessíveis é um prazer paradoxal, mesmo que a oferta não seja assim tão grande quanto se imagina (leiam aqui). Séries, portanto, tornaram-se um padrão em minha vida, com 2023 sendo particularmente intenso nesse quesito. Descobri muita coisa nova bacana e redescobri maravilhas que há muito queria ver ou rever. O equilíbrio está em usar o streaming para as séries e catálogos e o cinema para lançamentos. Só resta vencer a preguiça…

XXXXXXXXXXXXXXX

Mas é isso, gente. Fica aqui nosso caloroso agradecimento pelo prestígio e participação de vocês, caríssimos leitores e nosso desejo de que todos vocês e suas respectivas famílias tenham um 2024 maravilhoso. Nós estaremos aqui, todos os dias ao longo do ano que vem, podem ter certeza, pois esse é um dos grandes prazeres que todos nós aqui temos!

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais