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Crítica | Z Nation – 3ª Temporada

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Há spoilers somente das temporada anteriores, cujas críticas pode ser lidas aqui.

Z Nation é a série de zumbis para quem quer apenas sangue, tripas e completo nonsense. Procurar mais do que isso por aqui é de uma futilidade ímpar. Portanto, nesse quesito, mesmo com seus problemas, a 3ª temporada entrega o que promete e diverte o espectador com os absurdos que desfila a cada episódio.

E o mais interessante é que, ao focar a temporada em Murphy (Keith Allan) e sua vontade de usar seu poder de criação do que ele batiza de blends (ou “misturas”) – humanos mordidos por ele que ficam imunes aos zumbis, mas sob seu controle mental -, os showrunners até tentam dar uma roupagem mais cerebral à narrativa principal, indagando, em linhas gerais, se seria aceitável perder sua liberdade em troca de segurança e tranquilidade, um comentário social interessante, ainda que permaneça subdesenvolvido. Murphy, depois de escapar do submarino que o levaria para Zona com 10K (Nat Zang) e com a Dra. Merch (Lisa Coronado) sob seu controle, parte para Spokane, no estado de Washington, e lá inicia sua messiânica missão de “salvar a humanidade” de acordo com seus próprios e egoístas conceitos.

Cabe, então, à tenente Roberta Warren (Kellita Smith), Addy (Anastasia Baranova), Doc (Russell Hodgkinson) e Hector (Emilio Rivera), ex-Escorpión, juntamente com Sun Mei (Sydney Viengluang), virologista vietnamita, lidar com Murphy e seu complexo de Deus ao mesmo tempo que continuar procurando uma cura para a epidemia, o que necessariamente passa pelo sangue de Murphy. Mas, diferente das temporadas anteriores, esta começa com um telefilme – dois episódios reunidos como um e batizado de No Mercy – que funciona como um retcon, ou seja, como um flashback para algum momento durante a 2ª temporada em que descobrimos que a equipe de sobreviventes e Murphy lidaram com um caçador de recompensas grande e careca chamado simplesmente de The Man (Joseph Gatt). Durante essa aventura, 10K conhece sua versão mirim, 5K (Holden Goyette), um garoto-fera que fora criado por corvos (sim, isso mesmo…) bem na linha do “garoto do bumerangue” que vemos em Mad Max 2 e Red (Natalie Jongjaroenlarp), uma jovem por quem se apaixona. Os três novos personagens passam a ser recorrentes durante a temporada, quando The Man tem como missão capturar Murphy e levá-lo para Zona e 10K passa a ter alucinações com Red e 5K, que o ajudam “virtualmente”.

O grande problema da nova temporada é que não há história para ocupa 15 episódios. Os roteiristas até se esmeram na criatividade com diferentes tipos de zumbis e formas de matá-los, além de demonstrar os poderes de Murphy e de sua filha Lucy (vivida por várias atrizes – vocês entenderão o porquê assistindo), mas, mesmo assim, falta ritmo para lidar com a narrativa principal. Diversos episódios parecem fillers, focando em um ínfimo momento de determinado personagem ou dupla de personagens, como quando 10K tem que sobreviver sozinho em meio ao que parecem ser “lobos zumbis” ou quando Doc tem que que se livrar das garras de três “sereias” em um castelo paradisíaco de contos de fadas ou mesmo quando Doc e Addy têm que lidar com uma antiga dupla de farsantes fazendo-se passar por presidente dos EUA. São momentos interessantes pelo inusitado e pela forma escrachada como os roteiristas lidam com cada situação, mas fica evidente que falta estofo para a história principal, o que exige a constante separação da equipe e criação de subterfúgios como esses.

Além disso, se DJ Qualls, como Citizen Z, já havia ficado sem espaço na temporada anterior, aqui o problema parece momentaneamente melhorar, quando ele é resgatado da morte certa por hipotermia pela inuit Kaya (Ramona Young), sua fã de rádio. A nova personagem ensaia dar nova vida e relevância ao que acontece no gélido Polo Norte, mas, infelizmente, é só uma impressão passageira, pois todo esse pedaço da narrativa logo cai na mesmice e na falta de desenvolvimento. Mesmo com os roteiristas fazendo esforços hercúleos para tornar relevante a presença de alguém tão fisicamente longe do grupo principal, a grande verdade é que eles falham fragorosamente.

Mas Z Nation tem a vantagem de contar com personagens muito carismáticos vividos por atores cada vez mais à vontade em seus papéis. Vale destacar, claro, Keith Allan como Murphy, um anti-herói (ou vilão mesmo) que usa sarcasmo de maneira inteligente e cuja presença em tela não cansa, além da sempre energética Kellita Smith como Roberta Warren, que ganha bom espaço dramático nesta temporada. Russell Hodgkinson é sempre hilário como o doidão Doc (o episódio que recria Um Estranho no Ninho merece comenda!) e Emilio Rivera se sustenta bem com seu Hector agora transformado em bonzinho. Quem cansa um pouco é Anastasia Baranova com sua Addy que não se desenvolve e só tem uma ou duas expressões faciais e também Nat Zang, muito mais por culpa do roteiro que mantém 10K “fora de si” por tempo demais do que pelo ator. Dos novos rostos, apenas o “exterminador do futuro” Joseph Gatt e seu The Man merece destaque, além claro, das quatro atrizes que, mais para o final da temporada, vivem Lucy em sua road trip.

Z Nation já está madura para acabar. Não parece mais haver o frescor da 1ª temporada, algo que já havia se esvaído na 2ª. Ainda que o estilo da série não faça com que os espectadores exijam mais do que algumas boas risadas aqui e ali, a questão é que nem elas vêm mais com constância. Ainda é divertido ver os exageros e a sanguinolência descerebrada, mas chega uma hora que só isso cansará mesmo os mais ávidos fãs.

Z Nation – 3ª Temporada (EUA – 16 de setembro a 16 de dezembro de 2016)
Showrunners: Karl Schaefer, Craig Engler
Direção: vários
Roteiro: vários
Elenco: Kellita Smith, DJ Qualls, Michael Welch, Keith Allan, Anastasia Baranova, Russell Hodgkinson, Nat Zang, Matt Cedeño, Emilio Rivera, Sydney Viengluang, Ramona Young, Natalie Jongjaroenlarp, Holden Goyette, Lisa Coronado, Cora M. Abdallah, Joseph Gatt
Duração: 44 min. por episódio (15 episódios – os dois primeiros transmitidos como um telefilme)

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