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Crítica | X-Men: Evolution – 1X01: Strategy X

por Davi Lima
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X-Men: Evolution

Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 4
Número de episódios: 52
Período de exibição: 4 de novembro de 2000 a 25 de outubro 2003
Há reboot? Não, mas quase teve uma continuação com salto temporal que foi cancelada.

Após a década dos Freaks, Nerds & Weirdos Weirdos de sucesso cultural, como se chamava a famosa reportagem da MTV em 1994, mostrando o diretor Tim Burton como um dos entrevistados, o processo de transição do século XX para o XXI pareceu uma fenda temporal de transformações. Se a Marvel declarou falência em 1996, em 2000, tanto com o filme X-Men do diretor Bryan Singer como a animação X-Men: Evolution trouxeram a Casa das Ideias (apelido da Marvel) uma reestruturação, como bem havia vislumbrado o produtor executivo Avi Arad. Na época ele era presidente da Marvel Studios para produzir a série animada da TV com a produtora estadunidense independente chamada Film Roman, distribuída pela Warner Bros nos EUA e pelo SBT aqui no Brasil, enquanto mostrava o sucesso do acordo de licenciamento com a “antiga” 20th Century Fox, produtora e distribuidora do longa-metragem. Devido a isso, X-Men representou o início da jornada de mudança dos outsiders culturais estilosos para a representatividade em discussão por espaço, em que o piloto da animação de sucesso não apenas trazia os mutantes juvenis para tratamento temático do jovem moderno, como introduziu, principalmente, a educação Xavier para menos tolice de uma geração estereotipada.

Como qualquer escola estadunidense que se preze em representação televisiva e cinematográfica, o futebol americano é o ambiente tanto de superação como de humilhação, já no primeiro episódio de X-Men: Evolution o jogo em si não importa, é mais um pano de fundo para que o mutante Ciclope mostre sua fragilidade , como ele mesmo descreve na dublagem, ter duas bazucas por trás dos óculos. É nessa irreverência em descrever os poderes, mas ao mesmo tempo disposto a aprender com o professor Xavier, que os X-Men são caracterizados na apresentação televisiva. 

Com um tema de rock e uma bateria envenenada, mas bem antiquado em apresentar os personagens por nomes, alá série animada X-Men 92’, a intro delimita bem o que o primeiro capítulo denota com Noturno, Ciclope e Jean Grey, alunos de escola, porém muito maduros em relação a Groxo, outro mutante e também aluno, e jogadores de futebol da escola. Verdade que não há muitos personagens escolares nesse primeiro episódio para uma comparação mais direta, no entanto, a trama em essência, até mesmo com a chegada de Noturno, é sobre a representação diferencial dos jovens mutantes que escondem a mutação, enquanto outros jovens só evidenciam tolice. Nesse sentido, o professor Xavier é o adulto paciente em excesso com os jovens, como a própria Tempestade pontua, que ensina a boa imagem para seus alunos da sua escola de superdotados para que o novo século tenha o fronte exatamente dos seres não aceitos socialmente.

A discussão disso sempre permeou os X-Men durante suas histórias, entretanto o advento evolutivo, na linha positivista de pensar no tempo, sempre em melhora com o novo, em que os anos 2000 trariam novas tecnologias, nunca consistiu na temática do gene-X envolvido, e sim a relação direta com o presente, nas lutas por inclusão que sempre persistiu na história do ser humano, seja qual forma fosse. Devido a isso, o impacto temporal de assistir o piloto se torna apequenado, até porque os personagens mesmo que mais jovens continuam conservados no desenvolver do amadurecimento de compreender a mutação e os erros de como usá-la deliberadamente, e ainda torna-se mais envolvente de se assistir pela construção visual e narrativa de estampar uma nova série dos X-Men. 

Mesmo que a tecnologia 2D pareça datada na articulação aparentemente mais lenta dos frames produzidos pela animadora  Film Roman, que ficou conhecida por Garfield e Seus Amigos e anos depois animou a série O Máskara, isso é puro descostume com o 3D mais usual hoje. Na realidade, deve-se valorizar mais como há uma boa decupagem, uma organização muito precisa na noção da montagem de poucas cenas em transposição do roteiro de Bob Forward pelo diretor Frank Paur, que tanto adentra no universo dos poderes dos X-Men, que expandem a extensão do gráfico das cenas para que Tempestade no céu use suas habilidades, como no drama dos personagens que vivem na Mansão Xavier, com detalhismo do cabelo de Jean, ou brilho da roupa de super-herói que encanta Noturno. 

Assim, simultaneamente Ciclope e Jean Grey, por exemplo, tem seus momentos joviais bem pontuados em um possível namoro de primeiros passos, enquanto a dimensão maior da história gradativamente vai surgindo desse mesmo princípio hormonal dos jovens que é a puberdade. Groxo é o personagem que interliga isso, o mutante, que Ciclope investe em defender na escola, que invade os aposentos dos mutantes para criar o conflito puramente “infantil” de perseguição ao Noturno, enquanto serve a diretora da escola, uma mutante transmorfa. Em nenhum momento a produção abandona seu lado de entretenimento ou infantil em compreensão do público que “normalmente” assiste animações, porém sua moral nunca é simples, seja por ser uma produção diferenciada pelos seus criadores que já haviam trabalhado com animação de Star Trek, Beetlejuice e Batman dos anos anos 90, seja por se tratar de X-Men. Por isso a tolice de Groxo não é usada apenas como caracterização juvenil de ser influenciado pelos mutantes antagonistas, mas também de formar a narrativa paralela ao aprendizado de Ciclope de ser um líder para com Noturno, recém chegado à mansão. Tudo isso dentro de uma correspondente relação visual da série de estabelecer todas as peças mitológicas dos X-Men sem pressa, como Wolverine que entra na história como o adulto que retorna à mansão para ajudar com Groxo, a sala de treinamento acinzentada, clássica da equipe de mutantes, e os antagonistas nos últimos segundos, reflexo de uma guerra mutante por angariar a juventude nas escolas e saber mais da mansão Xavier.

Por fim, o piloto de X-Men Evolution, além da representatividade inerente do movimento de inclusão social que os mutantes sempre representaram, especialmente depois da série de 1992, na década de transgressão cultural, a animação de 2000 trouxe um vigor jovial de exemplificação educativa, representando os X-Men jovens como representação mais direta com o público que consome o discurso de mudanças sociais. Da mesma forma, sugere desafios morais e de amadurecimento, assim como um processo de transição cultural que ocorreu a partir dos anos 2000, em relação aos anos 90. Junto ao sucesso do filme dos X-Men, em barreiras de todas as idades, o grupo mutante, adulto e jovem, no primeiro episódio da série, alavanca um percurso longo de colegial estadunidense com muita maturidade não convencional entre jovens de todos os tempos que são tolos em maioria, independente da geração.

X-Men: Evolution (X-Men: Evolution) – 1X01: Strategy X – EUA, 4 de novembro de 2000
Criação: Marty Isenberg, Robert N. Iskir, David Wise
Direção: Frank Paur
Roteiro: Bob Forward
Elenco: David Kaye, Scott McNeil, Kirby Morrow, Brad Swaile, Venus Terzo, Kirsten Alter, Noel Fisher, Colleen Wheeler, Christopher Judge
Elenco (Dublagem Brasileira): Márcio Simões, Luiz Feier Motta, Hermes Baroli, Christiano Torreão, Iara Riça, Sumára Louise, Guilherme Briggs, Sheila Dorfman, José Santa Cruz.
Duração: 21 min.

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