- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo X-Men.
Depois do apocalíptico desfecho de Remember It, o sexto episódio da animação dá um passo para trás, acalma os ânimos e lida com a trama de Tempestade e Forge contra o Adversário, após o gancho do quarto episódio. Apesar do título indicar que seria um capítulo inteiramente focado nesse bloco da narrativa, o roteiro escrito por Charley Feldman volta a dividir o enredo entre dois núcleos, dessa vez trazendo uma nova subtrama de grande impacto: o retorno de Charles Xavier, após sua ida com Lilandra para o Império S’hiar. Como esperado, o Professor está bem e próximo de se casar, apesar do matrimônio cobrar um preço muito alto.
Em termos de fluidez, esse episódio funciona melhor do que a outra tentativa da produção em fazer duas histórias em apenas meia hora, uma vez que a edição vai e volta entre os dois núcleos, ambos compartilhando temas similares sobre pertencimento, doutrinação e sacrifício, todos caros para as metáforas da franquia sobre a espécie dos mutantes e sua posição como minoria. No desfecho, o texto entrelaça ambas as subtramas com o evento que ocorreu em Genosha, indicando uma reta final de temporada menos fragmentada.
Ainda assim, não dá para sacudir a sensação de que tudo é corrido. Do lado da Tempestade, vemos um contexto visual levemente próximo do horror, o que é bacana, mesmo que a aparição do Adversário continue esquisita. Também continuo sem entender esse grande amor entre a Ororo e o Forge, que parece ter ocorrido à primeira vista, ou então o conceito por trás da sua perda e retorno de poderes, que acontece de uma forma meio anticlimática – é engraçado como ela até materializa novas roupas e seu cabelo cresce hahaha. Apesar desses problemas, a direção pelo menos faz um bom trabalho com a concepção sobrenatural da história e o texto lida com o drama de Ororo com bons caminhos temáticos sobre sua crise de identidade e dificuldade de autoaceitação. Gostaria, porém, que a obra tivesse esticado e desenvolvido melhor sua perda de poderes.
Do lado do Xavier, os elogios e as críticas são semelhantes. Temos uma concepção interessante sobre uma trama palaciana, a expansão de universo da franquia e um dilema importante para um grande personagem, mas a execução dessas ideias mantém o tom apressado da temporada. Mal temos tempo de digerir a situação de Xavier e pulamos logo para a resolução, sendo que odiei a premissa sobre ele ter que perder suas memórias – o drama sobre deixar a Terra é mais do que suficiente e muito mais crível. Novamente, porém, a parte do entretenimento visual é um destaque, com aparições divertidas de Gladiador, Vulcano, Ronan e tantos outros heróis/vilões da Marvel cósmica, além de alguns bons diálogos sobre os temas da franquia na “classe” psíquica de Xavier, sempre charmoso e astuto.
No esquema geral da temporada, consigo entender a pressa em resolver os arcos solitários de Tempestade e Xavier para jogá-los na batalha por sobrevivência da espécie após os eventos de Genosha, com ambos os heróis assumindo papéis como novos líderes após a morte de Magneto, mas isso não significa que devemos relevar essas incongruências narrativas. O conflito de Ororo merecia mais paciência, da mesma forma que o grande retorno de Xavier precisava de mais tempo dada a sua importância narrativa. Tematicamente, acho o episódio amarradinho, além de ser outra entrada visualmente divertida da produção, mas narrativamente é tudo resolvido muito fácil e com algumas premissas fracas. Pelo menos, o roteiro posiciona bem o retorno dos dois titãs mutantes para uma reta final de temporada que promete ser uma guerra evolucionária com a revelação do Sr. Sinistro como o principal antagonista da temporada.
X-Men ’97 – 1X06: Lifedeath – Part 2 (EUA, 17 de abril de 2024)
Desenvolvimento: Beau DeMayo
Direção: Chase Conley
Roteiro: Charley Feldman
Elenco: Ray Chase, Jennifer Hale, Alison Sealy-Smith, Cal Dodd, J. P. Karliak, Lenore Zann, George Buza, A. J. LoCascio, Holly Chou, Isaac Robinson-Smith, Matthew Waterson, Adrian Hough
Duração: 31 min.
