Número de temporadas: 08
Número de episódios: 172
Período de exibição: 19 de abril de 1990 a 21 de maio de 1997
Há continuação ou reboot?: Não, mas a série se passa no mesmo universo de Cheers, The Tortellis e Frasier.
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Wings, que aqui ganhou o nome espertinho – mas nada a ver – De Pernas pro Ar, não é um spin-off ou continuação ou prelúdio ou qualquer coisa diretamente de Cheers. Ele foi criado por figurinhas fáceis da série protagonizada por Ted Danson e se passa no mesmo Cheersverso, com a mesma produtora, além de ter tido episódios que podem ser chamados de crossovers, mas a conexão com a clássica obra lançada em 1982 para por aí. Na verdade, minto, pois, além de todas essas várias conexões, Wings pode muito bem ser chamada de “Cheers no Aeroporto” como, aliás, ela foi mesmo chamada tanto jocosa quanto pejorativamente.
Afinal, é basicamente a mesma estrutura: um pequeno aeroporto na ilha de Nantucket é a “porta giratória” para que diversos personagens se cruzem tendo como viga mestre dois irmãos pilotos, mas opostos em tudo, como se Sam Malone tivesse um duplo no balcão de seu bar. Assim como Give Me a Ring Sometime reuniu Malone a Diane Chambers, servindo de impulso narrativo para a série oitentista, Legacy reúne dois irmãos por intermédio de uma “caça ao tesouro” deixada pelo pai falecido deles.
O primeiro dos irmãos é Joe Hackett (Tim Daly) dono e único piloto da companhia aérea Sandpiper Air, que também só tem um pequeno avião bimotor. Todo certinho e com sinais de T.O.C., ele perdeu o amor de sua vida para seu irmão Brian (Steven Weber), seu oposto em tudo, que não vê há seis anos. Um pacote do pai deles que é entregue tardiamente a Joe faz o episódio começar, já que seu conteúdo só pode ser aberto diante dos dois irmãos, o que leva à reunião e a toda a “lavagem de roupa suja” entre eles até, claro, o inevitável e mais do que esperado final em que ambos passam a trabalhar juntos.
Confesso que a premissa e estrutura são batidas e a rotina dos irmãos tão diferentes que são iguais não é a melhor coisa do mundo, mas, novamente, a simplicidade da coisa fala mais alto, como em Cheers. Claro que não chega nem perto da qualidade da série que a inspirou, mas o episódio piloto de Wings tem alguns bons momentos – como a gaveta de Joe com um post-it marcando-a como “vazia (quem faz isso???) – e, lá pelas tantas, a química entre Daly e Weber finalmente aparece. Os personagens coadjuvantes, dentre eles Thomas Haden Church como Lowell Mather, o faz-tudo completamente idiota e Crystal Bernard como Helen Chappel, a garçonete e amiga de infância dos irmãos (que protagoniza uma piada sobre obesidade que é muito boa, mas extremamente politicamente incorreta para os dias de hoje…) ajudam a colorir o cenário, mas, nesse começo, o foco é quase que exclusivo da dupla protagonista, algo que também vale para o pilot de Cheers, mas que, aqui, é significativamente mais sensível e, portanto, menos orgânico.
Wings pode ser uma cópia descarada de Cheers, mas é melhor algo parecido e agradável do que algo diferente e desagradável, como foi o caso de The Tortellis, de três anos antes, o primeiro efetivo spin-off do Cheersverso que merecidamente teve vida curtíssima. No mínimo dos mínimos, Wings, nesse começo não tão inspirado, mostra que tem potencial para ser mesmo “Cheers no Aeroporto”, ou seja, mostrando semelhanças suficientes para nos sentirmos confortáveis e diferenças suficientes para criar alguma curiosidade.
Wings (De Pernas pro Ar) – 1X01: Legacy (EUA, 19 de abril de 1990)
Criação e desenvolvimento: David Angell, Peter Casey, David Lee
Direção: James Burrows
Roteiro: David Angell, Peter Casey, David Lee
Elenco: Tim Daly, Steven Weber, Crystal Bernard, Thomas Haden Church, David Schramm, Rebecca Schull
Duração: 23 min.