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Crítica | Willow – 1X05: Wildwood

Do sombrio ao cômico.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e do filme.

Isso não é, ainda, um problema muito sério, mas Willow tem se mostrado uma série tonalmente bastante heterogênea, com oscilações que vão do sombrio ao cômico em um piscar de olhos, seja dentro de um mesmo episódio, seja entre episódios, como é o caso de Wildwood em comparação com o imediatamente anterior The Whispers of Nockmaar. Enquanto o exorcismo de Graydon, ainda que problemático, foi tratado com alguma solenidade e uma pegada decididamente série ou que pelo menos tentava se manter série dentro do possível, a jornada do grupo pela temida Mata Selvagem é basicamente o oposto, com uma abordagem leve e com uso constante de humor.

Tudo começa algum tempo depois do final do episódio anterior, com Willow e companhia fugindo desesperadamente dos quatro Ventos, emissários da Megera que, aqui, muito diferente de The Gales, revelam-se completos incompetentes, sequer capazes de correr mais do que o pobre protagonista e suas diminutas pernas. É essa sofreguidão inicial que leva todo mundo a entrar na tal mata que alberga os Ladrões de Ossos, comunidade de bandidos violentos (pelo menos conforme a lenda) que descende do General Kael – o carrasco da Rainha Bavmorda que foi morto por Madmartigan no filme de 1988 – e comanda o lugar com suas assustadoras máscaras feitas de crânios humanos.

Mas toda essa atmosfera de perigo, que, inclusive, faz com que os Ventos desistam da perseguição, é logo completamente desfeita, com os Ladrões de Ossos revelando-se, basicamente, como um grupo semelhante ao bando de amigos de Robin Hood, ou seja, gente boa que ocasionalmente precisa fingir-se de malvados. Mais do que isso, não demora muito e Scorpia (Adwoa Aboah) revela-se como sendo filha de Kael e, para a surpresa de todos, irmã de Jade que, finalmente, tem a verdade sobre seu passado revelado e ele é bem diferente daquele que lhe fora contado pela Rainha Sorsha.

Em outras palavras, todo o objetivo prático do episódio foi criar essa pano de fundo para Jade e, lateralmente, dizer que Boorman e Scorpia foram/são apaixonados, com os dois compartilhando um passando que inclui também o desaparecido Madmartigan, pai de Kit e do raptado Airk. Não é, claro, um episódio ambicioso e, como a pegada é de (re)construção de família, o roteiro de Hannah Friedman suaviza os diálogos e as situações, criando até mesmo uma fruta, servida na celebração da reunião de Scorpia e Jade, que faz com que todo mundo diga a verdade para o outro, o que naturalmente leva a situações cômicas (no caso de Boorman e Scorpia), reveladoras (no caso de Willow e Graydon) e românticas (no caso de Kit e Jade), havendo até mesmo tempo para os Ladrões de Ossos barbearem Graydon somente para, depois, ele ser informando que mulheres gostam de homens barbados.

O episódio é como um momento de respiro, mesmo considerando o cliffhanger em que Kit, um milésimo de segundo antes de beijar Jade, é raptada por um troll que aparece completamente do nada. É um respiro em que os personagens têm tempo para ganhar algum desenvolvimento e que mais um deles – Jade, no caso – ganha um passado mais conectado com o filme original. Em princípio, agora, só precisamos mesmo saber os detalhes da missão de Boorman com Madmartigan e o destino do personagem outrora vivido por Val Kilmer, já que houve até mesmo tempo para reintroduzir, de maneira um tanto quanto desconexa, o Brownie Rool, novamente vivido por Kevin Pollak.

No entanto, como mencionei, essa gangorra tonal de Willow não é algo que eu aprecio muito e pode prejudicar a temporada como um todo. Funciona, por enquanto, porque Jonathan Kasdan muito claramente preferiu manter a pegada infanto-juvenil do filme, mas mesmo essa escolha exige uma mescla melhor que, vale lembrar, o próprio longa-metragem oitentista fazia bem. Agora é ver como os trolls serão tratados…

Willow – 1X05: Wildwood (EUA, 21 de dezembro de 2022)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Philippa Lowthorpe
Roteiro: Hannah Friedman
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Graham Hughes, Ralph Ineson, Dempsey Bryk, Kevin Pollak, Amelia Vitale, Adwoa Aboah, Charlie Rawes
Duração: 48 min.

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