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Crítica | Willow – 1X04: The Whispers of Nockmaar

Os fantasmas do passado.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e do filme.

Ao final de The Battle of the Slaughtered Lamb, o Príncipe Graydon é contaminado pelo feitiço corruptor de um dos minions da Megera e o grupo todo chega nas ruínas do Castelo de Nockmaar, da feiticeira Bavmorda que Willow ajudou a derrotar no longa-metragem de 1988. The Whispers of Nockmaar, integralmente passado no interior da assustadora construção, é, portanto, um episódio que marca a metade da temporada inaugural da série bebendo com vontade da mitologia original, inclusive usando imagens esfumaçadas – como fantasmas – do filme original, permitindo, por exemplo, que Elora Danan conheça brevemente sua mãe e que o clímax na torre seja “repetido” para que todos entendam exatamente o que ocorreu há décadas.

Confesso que gosto do elemento poltergeist do episódio, com os mencionados fantasmas e, também, com os sussurros do título servindo como cantos da sereia para segregar o grupo e virar um contra os outros. Não é nada que não tenhamos visto infinitas vezes antes, especialmente em aventuras de cunho fantástico, mas a grande verdade é que o roteiro de Julia Cooperman faz bom uso do tropo narrativo, com a direção de Debs Paterson sabendo distribuir as situações de maneira razoavelmente equânime, ainda que subaproveitando personagens como o grandalhão Boorman que não tem muito o que fazer a não ser tentar, um tanto quanto obsessivamente, abrir uma porta redonda que ele acha que o separa de tesouros incertos e não sabidos.

O que está cansando um pouco, por outro lado, é a forma como Willow vem sendo usado ao longo da série. Tudo bem ele hesitar em usar sua magia, somente fazendo-o de verdade no episódio anterior em uma situação limite e tudo bem essa manipulação de forças inexplicáveis drená-lo completamente. Isso faz parte do jogo para não tornar muito fácil as saídas narrativas, mantendo o “passe de mágica” como uma cartada especial, a ser usada com parcimônia. A questão é que o personagem é passivo demais e isso fica particularmente claro no começo de The Whispers of Nockmaar em que ele, mesmo diante de um Graydon infectado e acorrentado ao chão do castelo como medida preventiva, fica refestelado no trono de pedra como se nada estivesse acontecendo por vários minutos para o espectador e pelo que parece horas pela montagem da sequência. Somente quando ele é quase sacudido por seus colegas é que ele desperta de seu estupor e, do nada, diz que sabe como exorcizar o príncipe, bastando uma receitazinha cujos ingredientes estão convenientemente todos lá e algumas palavras mágicas aleatórias.

Sei muito bem que a pegada da série é infanto-juvenil, mas roteiros preguiçosos em situações tão importantes quanto essas são frustrantes. Pode ser um pormenor, pode ser apenas uma implicância minha, mas o ponto é que o “Willow blasé no trono” é apenas o sintoma mais saliente de um problema maior, que é a série não saber muito bem o que fazer com seu protagonista. Ele parece estar por ali para soltar explicações repletas de palavras inventadas para emprestar um contexto básico à história e, por vezes, interferir diretamente com seu cajado ou, como aqui, tirando da cartola e sem nenhuma vontade de tirar, vale dizer, uma fórmula mágica para curar Graydon.

Ou Willow é colocado no verdadeiro protagonismo, sem que ele seja um personagem secundário que, aqui e ali, ganha os holofotes na base do deus ex machina, ou Elora deveria assumir esse papel, entendendo de vez que ela é a única ali com verdadeiro poder, seja lá o que esse poder a permita fazer de verdade. Caso contrário, a série continuará narrativamente à deriva, na base do “feitiço da semana” ou na “explicação aleatória da semana”, sem realmente empolgar e sem realmente dizer a que veio para além do óbvio hollywoodiano que é espremer o máximo de todo o tipo de propriedade, mesmo as quase que completamente esquecidas.

Mesmo não fazendo nada para lidar com o problema crônico da série, The Whispers of Nockmaar consegue ser um bom episódio de “castelo assombrado” que sabe usar a mitologia estabelecida para construir uma história interessante em cima que abre portas para o mistério envolvendo o passado de Graydon e as chagas em seu torso, além de oferecer uma breve visão de Airk em seu cativeiro no fim do mundo. Tomara que, nos quatro vindouros episódios, a série consiga encontrar-se de verdade e reposicione seus personagens principais.

Willow – 1X04: The Whispers of Nockmaar (EUA, 14 de dezembro de 2022)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Debs Paterson
Roteiro: Julia Cooperman
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Graham Hughes, Ralph Ineson, Dempsey Bryk
Duração: 49 min.

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