Home TVEpisódio Crítica | Willow – 1X01 e 02: The Gales / The High Aldwin

Crítica | Willow – 1X01 e 02: The Gales / The High Aldwin

Na terra da nostalgia.

por Ritter Fan
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A Disney comprou a Lucasfilm por causa de Star Wars, obviamente. Ok, 90% por causa de Star Wars. Os 10% restantes foram em razão de Indiana Jones. O que sobrou, exatamente 0%, foi devido a “todas” as demais propriedades do ex-estúdio independente de George Lucas. Por essa razão é que é surpreendente que, antes mesmo de o conglomerado do camundongo ter lançado alguma coisa relacionada ao bom e velho arqueólogo, uma série que continua Willow – Na Terra da Magia, filme de alta fantasia de 1988 dirigido por Ron Howard, tenha passado a frente na linha de montagem. Não que o longa original famosamente estrelado por Warwick Davis e mais famosamente ainda contendo o primeiro uso da tecnologia de computação gráfica que se convencionaria chamar de morphing seja ruim, longe disso, mas ele é apenas bom, nada realmente especial ou marcante.

Mas, claro, Hollywood é Hollywood e não há nada que não possa ser reaproveitado, especialmente se uma das desculpas puder ter ser a tão badalada “nostalgia”. Willow, agora no formato de série, retorna então para continuar o filme e, para isso, Jonathan Kasdan fez o que se costuma fazer em situações como essa, em que muito tempo real se passou entre as obras: a mesma coisa novamente para não correr riscos com nenhum dos dois tipos de espectadores, ou seja, aqueles que procurarão a série por gostarem do longa original e aqueles que nunca sequer ouviram falar dele. Nos dois primeiros episódios, o que vemos é toda uma mitologia recriada do zero, com a única conexão efetiva sendo a messiânica Elora Danan que, em 1988, era uma bebê parte de uma profecia autorrealizável que bebia da história de Moisés e que precisava ser salva pelo Nelwyn aprendiz de feiticeiro Willow Ufgood (Davis).

Agora, Elora Danan continua tendo a aura messiânica, que ganhou proporção lendária, mas ninguém, a não ser a Rainha Sorsha (Joanne Whalley também retornando ao seu papel) sabe quem ela é na verdade, algo feito para esconder a salvadora do mundo das forças do mal que são mantidas ao longe por um escudo protetor. Claro que a identidade de Elora não resiste sequer ao primeiro episódio, com Willow inexplicavelmente revelando-a para todo o mundo, inclusive para os novos vilões, chamados coletivamente de Os Ventos, emissários de uma entidade ainda desconhecida, mas que fora prevista em sonhos pelo protagonista.

Esses lacaios vilanescos surgem do nada no reino de Sorsha, de certa forma tornando o escudo de força completamente inútil, e, por razões ainda desconhecidas, sequestram seu filho, o Príncipe Airk (Dempsey Bryk) o que, por sua vez, para surpresa de absolutamente ninguém, dá azo a uma jornada encabeçada por sua irmã gêmea, a Princesa Kit (Ruby Cruz), seu interesse amoroso Jade (Erin Kellyman), o letrado Príncipe Graydon (Tony Revolori) com quem Kit deveria se casar para reunir os dois principais reinos debaixo da redoma anti-magia, o misterioso Thraxus Boorman (Amar Chadha-Patel), que fora escudeiro do agora desaparecido Madmartigan (vivido por Val Kilmer no filme original) e, finalmente, a cozinheira Dove (Ellie Bamber), mais recente interesse amoroso de Airk. Com instruções de primeiro arregimentar a ajuda de Willow, que aparece ao final do primeiro episódio e se une ao grupo no começo do segundo, a “Sociedade do Anel” está criada para ir até lugares com nomes estranhos enquanto os capangas da vilã, remotamente, começam a causar problemas para nossos heróis.

Assim como o filme de 1988 era simples demais para ter mais de duas horas de duração, o cerne da série é básico demais – não adianta derramar nomes bizarros a cada 10 minutos para fingir complexidade – para sustentar os oito episódios prometidos desta primeira temporada. Ah sim, pode ser que seja ainda cedo demais para afirmar isso que acabei de afirmar, mas é notável como os dois primeiros episódios que, juntos, têm a duração de um longa-metragem, já revelam ter pouquíssima substância para além da combinação da reapresentação de velhos personagens e a apresentação de uma “nova velha” história para reiniciar o que, em essência, é a mesma narrativa que vimos há décadas.

No entanto, faz parte. Era perfeitamente compreensível que algo assim acabasse acontecendo, mas é, por outro lado, uma pena que um esforço maior não tenha sido empregado para criar algo realmente relevante. Considerando que Willow nunca foi uma franquia e que sua “legião de fãs” deve ser composta por meia dúzia de anciões como eu (que nem fã sou do filme, já digo logo), não era necessário jogar seguro como a Disney jogou – muito compreensivelmente – com o lançamento de O Despertar da Força. Era perfeitamente possível arriscar narrativamente mantendo a leveza da obra original no lugar de simplesmente reinventar a roda.

The Gales e The High Aldwin resultam em um começo morno para uma série que, sinceramente, ninguém sequer imaginou que um dia seria vista. Sem dúvida é uma tentativa simpática de oferecer mais uma obra de fantasia que tem seus momentos aqui e ali, além de, claro, contar com o retorno de Warwick Davis no papel mais relevante de sua carreira. Agora é ver aonde é que essa nova jornada levará seu personagem, ainda que eu não tenha esperança de que seja para muito longe não…

Willow – 1X01 e 1X02: The Gales e The High Aldwin (EUA, 30 de novembro de 2022)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Stephen Woolfenden
Roteiro: Jonathan Kasdan (1X01), Bob Dolman (1X02)
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Dempsey Bryk, Ralph Ineson, Annabelle Davis, Graham Hughes, Charlie Rawes, Joonas Suotamo, Vitas Le Bas, Daniel Naprous, Claudia Hughes, Talisa Garcia, Derek Horsham
Duração: 55 min. (1X01), 46 min (1X02)

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