Home TVTemporadas Crítica | What If…? – 3ª Temporada: Parte 1 de 2

Crítica | What If…? – 3ª Temporada: Parte 1 de 2

Mechas, Hollywood, supersoldados e Kiss.

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, as críticas das temporadas anteriores e, aqui, de todo nosso material do Universo Cinematográfico Marvel.

Como o Disney+ decidiu seguir o estranho padrão da segunda temporada de What If…?, os oito episódios da terceira e última temporada da série foram lançados diariamente a partir do dia 22 de dezembro de 2024 e, claro, fazer uma crítica por dia seria loucura, ainda que eu considere essa série divertida demais para fazer uma crítica só geral. Portanto, assim como anteriormente, optei por um meio termo: fiz as críticas separadas dos quatro primeiros episódios em uma postagem só, sempre escrevendo a do episódio anterior sem assistir ao seguinte, e, em alguns dias, publicarei as críticas separadas em uma postagem só dos outros quatro. Depois, será a vez dos comentários gerais sobre a temporada com a avaliação da temporada como um todo e o ranking dos episódios.

Vamos então às quatro primeiras críticas?

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3X01
O Que Aconteceria Se…
o Hulk Lutasse contra os Vingadores Mech?

Para mim, a premissa de O Que Aconteceria Se…, desde que eu lia os respectivos quadrinhos, sempre foi a de responder perguntas que ninguém jamais perguntaria e é por isso que eu ao mesmo tempo adoro e desgosto da animação da Marvel Studios que traz para a telinha a clássica HQ multiversal que existe desde a época em que a expressão multiverso ainda estava bem distante. Adoro por ela simplesmente existir e, querendo ou não trazer algumas versões interessantíssimas que amalgamam personagens clássicos, como, claro, a Capitã Carter e o Aranha Estranho (ou seja lá o nome oficial do Homem-Aranha com a capa do Doutor Estranho). Desgosto porque, por alguma razão que não entendo muito bem além de ser um cacoete que se repete infinitamente, alguém teve a brilhante ideia de desnecessariamente criar narrativas continuadas na série, o que afeta o potencial de total porralouquice da série.

Dito isso, O Que Aconteceria Se… o Hulk Lutasse contra os Vingadores Mech? é o tipo de episódio que faz a pergunta certa e introduz o espectador ao universo certo em que Bruce Banner, querendo se livrar do Hulk, cria um kaiju gama capaz de fazer como os Gremlins e criar vários outro monstros que acaba forçando os Vingadores originais a usarem mechas para derrotá-los, morrendo no processo e abrindo espaço para uma segunda geração que finalmente os derrota, por sua vez abrindo espaço para a história que vemos transcorrer na telinha – depois de uma LOOOOONGA explicação – que se passa mais de 10 anos depois do fim da primeira leva de monstrengos. O problema do episódio é que não adianta fazer a pergunta certa dentro de um universo certo se a resposta está errada, com um roteiro ridiculamente preguiçoso que coloca Sam Wilson como líder de uma leva de Vingadores Mecha composta por Monica Rambeau, Cavaleiro da Lua, Shang-Chi, Soldado Invernal, Viúva Negra (Yelena Belova) e Guardião Vermelho que precisam se reunir para lugar contra um novo monstrão e seus minions sem fazer absolutamente nada de diferente do que a introdução que materializa esse universo (já disse que ela é LOOOOONGA?), a não ser que reunir armaduras mecha em uma só como Voltron e o Hulk versão 2.0 aparecer no último segundo possa ser contado como algo diferente.

Foi como ver um desenho animado tosco no espírito daquele que “espertamente” abre o episódio, criando uma metanarrativa? Sim, certamente. Mas isso significa que o episódio foi bom só porque ele é autoconsciente do que ele tenta ser? Certamente que não. Pois “tentar”, aqui, é a palavra-chave. O roteiro de Ryan Little tenta emular essa pegada noventista tanto dos quadrinhos quanto de animações do gênero, mas tudo o que ele consegue fazer é uma pálida imitação que se perde justamente por não apostar tudo, por não endoidecer de vez com sua premissa para lá de extravagante, por não arriscar tudo o que poderia e deveria ser arriscado para rasgar o manual de como usar personagens conhecidos para fazer coisas pouco características deles. Tudo o que vi nesse episódio inicial da derradeira temporada de What If…? foi uma apatia covarde que transformou todos os personagens em figuras genéricas e a grande ameaça em nada menos do que um Godzilla estilo raspa do tacho, que ninguém consegue nem levar a série e nem cair completamente na galhofa. Pelo menos a escala da animação funcionou a contento.

What If… the Hulk Fought the Mech Avengers? (22 de dezembro de 2024)
Direção: Stephan Franck
Roteiro: Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Anthony Mackie, Mark Ruffalo, Teyonah Parris, Sebastian Stan, David Harbour, Simu Liu, Kari Wahlgren, Brittany Adebumola, Oscar Isaac
Duração: 31 min.

3X02
O Que Aconteceria Se…
Agatha Fosse para Hollywood?

Agatha Harkness misturada com os Eternos em uma Hollywood dos anos 20 ou 30 em que Howard Stark é um magnata da Indústria Cinematográfica? Só isso já deixa mais do que claro que o segundo episódio do terceiro ano de What If…? faz novamente a pergunta certa, mas, mesmo que acertando na resposta, fica longe de gabaritar, ainda que, de uma tacada só, seja mais corajoso do que o primeiro episódio e consideravelmente mais interessante do que aquela modorrência que foi o longa-metragem dos super-heróis genéricos com quem ninguém se importa de uma diretora autoral que infelizmente se perdeu com o material que tinha. O Que Aconteceria Se… Agatha Fosse para Hollywood? faz uma “mistureba” danada no liquidificador, mas o que acaba saindo do forno até que cheira bem e é minimamente apetitoso, só que ficou meio solado, com consistência pouco agradável aos olhos.

Se é divertido ver Agatha como uma estrela Hollywoodiana e Kingo como um astro Bollywoodiano, com direito a uma movimentadíssima batalha musical filmada por um mais do que excitado Stark ao lado de seu fiel escudeiro Jarvis, o que o episódio tem de destaque acaba por por aí, pois todo o restante, com Agatha fazendo o que é viciada em fazer, ou seja, absorver os poderes de Kingo para poder absorver os de Tiamut no centro da Terra e, então, sim, você acertou, absorver os de Arishem que chega para tomar satisfações, é somente a mesma teclado sendo clicada repetidas vezes. Sem dúvida ajuda muito que tudo acontece quase que literalmente de um fôlego só, como se a dupla roteirista tivesse escrito seu texto em fluxo de consciência ou o equivalente marveliano disso, mas é talvez justamente a velocidade extrema com que tudo acontece que tira o peso e a relevância de acontecimentos em escala cósmica.

E ajuda muito pouco que a solução para a sede de poder de Agatha seja uma conversa de Kingo com ela em que ele a convence de que ser uma estrela de Hollywood é melhor do que ser uma literal estrela singrando o universo, algo que, obviamente, fala muito mais da soberba de Hollywood em si do que de qualquer outra coisa. Seria cômico até se a pegada do episódio nesse aspecto não fosse séria, não fosse realmente Hollywood se dando um tapinha nas costas por ser tão maravilhosa quanto essa entidade acha que é. E, com isso, o episódio cai na armadilha da conveniência, sem conseguir oferecer apostas no nível e na escala que ele próprio exige, sofrendo também, inexplicavelmente, no quesito animação, já que as sequências de dança são todas “duras”, quase como se tivesse sido outra equipe completamente diferente e bem menos competente que tivesse trabalhado nesse capítulo.

What If… Agatha Went to Hollywood? (23 de dezembro de 2024)
Direção: Bryan Andrews
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Kathryn Hahn, Kumail Nanjiani, Dominic Cooper, James D’Arcy, David Kaye
Duração: 30 min.

3X03
O Que Aconteceria Se…
o Guardião Vermelho Tivesse Impedido o Soldado Invernal?

O terceiro episódio da infelizmente última temporada de What If…? tem uma premissa bem mais comportada do que os dois anteriores, apenas imaginando o que aconteceria se o Guardião Vermelho impedisse o Soldado Invernal de executar os pais de Tony Stark em 1991 quando ele recebeu a missão de roubar o soro do supersoldado, mas sua resposta à suposição posta é bem mais convincente do que as que vieram antes, especialmente no que se refere à relação beligerante, mas cômica, entre o extremamente patriótico Alexei Shostakov e o cerebralmente lavado (e constantemente congelado) Bucky Barnes. Em outras palavras, há menos foco na grandiosidade e mais na dinâmica no estilo buddy cop que mantém o episódio dependendo constantemente de diálogos espertos e de dois trabalhos de voz inspirados, com David Harbour e Sebastian Stan mais uma vez retornando aos seus respectivos personagens.

E, considerando a curta duração, essa dinâmica, colorida especialmente pelo quanto Alexei é falastrão, o que, claro, contrasta com o quanto Bucky é lacônico, funciona como deveria funcionar e torna o episódio muito agradável de se assistir, valendo também destaque para a presença de Bill Foster, o Golias, que existe para crescer, apanhar como boi ladrão e, não poderia haver dúvidas, ao final, convocar o Guardião Vermelho para basicamente fundar os Vingadores anos antes de eles existirem como nós os conhecemos na linha temporal principal do UCM. No entanto, entre diálogos (ou seriam monólogos?) cômicos com a dupla fugindo pelos EUA tanto do pessoal da Sala Vermelha quanto da polícia, da S.W.A.T. e da S.H.I.E.L.D. e um Bucky Barnes que vai amolecendo na medida em que a história progride, todo o recheio é repleto de pancadaria que, devo confessar, não encheu os olhos, mais parecendo algo burocrático, sem real inspiração, do que algo que mereça algum tipo de destaque positivo.

Mas pelo menos a animação, aqui, muito diferente do episódio anterior estrelado por Agatha Harkness e Kingo, funcionou como esperado da série, com o cell shading trabalhando em prol e não contra a movimentação dos personagens e dando a potência necessária para as sequências mais extravagantes, como a que acontece no milharal e em Las Vegas. E isso sem contar que é muito interessante ver o Guardião Vermelho no auge de sua forma, até a ponto de dar vontade de ver um filme prelúdio centrado no personagem, mesmo que outro ator tenha que ser escalado para vivê-lo, de forma a evitar o uso da maquiagem digital de rejuvenescimento por toda sua duração.

What If… the Red Guardian Stopped the Winter Soldier? (24 de dezembro de 2024)
Direção: Bryan Andrews
Roteiro: A. C. Bradley
Elenco: Jeffrey Wright, David Harbour, Sebastian Stan, Laurence Fishburne, America Ferrera, Piotr Michael, Gene Farber, Kiff VandenHeuvel
Duração: 33 min.

3X04
O Que Aconteceria Se…
Howard, o Pato, Se Casasse?

O Que Aconteceria Se… Howard, o Pato, Se Casasse é a continuação de uma microscópica sequência do divertido O Que Aconteceria Se… Thor Fosse Filho Único?, sétimo episódio da primeira temporada de What If…?, em que o referido pato alcoólatra convida Darcy Lewis para comer nachos pela metade do preço, em um ótimo exemplo de como expandir enlouquecidamente um fiapo narrativo completamente perdido em um episódio. Com a mesma energia caótica e com a mesma infinita quantidade de personagens do UCM que o episódio de onde se originou, o que vai do Grão-Mestre até Thanos, passando por Nick Fury, Dormammu e até Zeus, o derivado lida com o casamento improvável de pato com humana (se alguém se lembrou do live-action, Howard, o Super-Herói, é para lembrar mesmo) e o nascimento da filha deles que passa quase a totalidade da duração dentro de um ovo avantajado.

Por mais improvável que possa ser, a filha dos dois é, conforme fica logo estabelecido, uma criatura potencialmente poderosa por ter nascido durante uma Convergência Cósmica e todo os vilões (e Fury) querem o bebê de todas as maneiras, começando pelo Grão-Mestre que convida o casal (e o ovo) para um cruzeiro galáctico, Yondu, que é contratado pelo Colecionador para roubar o ovo e assim por diante, até que, lá pelo final, basicamente todos os vilões cósmicos do panteão do UCM estão se estapeando para capturar o rebento, com Howard e Darcy fazendo de tudo para protegê-lo. Muito na linha especialmente dos dois primeiros episódios desta derradeira temporada, uma bobagem do começo ao fim, mas, aqui, a bobagem é muito bem tratada como ela realmente é, sem nenhuma tentativa de emprestar um verniz mais complexo ou mais importante do que o que vemos acontecer em tela e muito acontece tanto pelo improvável aparecimento de personagens que já esquecemos (Kaecilius, alguém?), como pelo puro valor de uma confusão dos diabos se desenrolando enquanto o ovo troca de mão dezenas de vezes sem, claro, sequer rachar.

E a dinâmica entre Howard e Darcy, novamente vividos, respectivamente, por Seth Green e Kat Dennings, é ótima, transitando bem entre um improvável casal apaixonado e pais preocupados e sempre embalada por , realmente convencendo que uma relação dessas pode acontecer no UCM, mesmo que em um universo paralelo, com direito à trilha sonora própria ao som de I Was Made For Lovin’ You, do Kiss. Ajuda nisso o ritmo completamente frenético, quase pastelão, do episódio que introduz personagens em velocidade de dobra – é hilário como a Ordem Negra e, depois, Thanos, aparecem – em uma corrida maluca atrás do ovo simplesmente porque todo mundo resolveu achar que ele é mais valioso do que as Joias do Infinito. Se eu quero ver uma continuação dessa linha narrativa bizarra mesmo sendo contra que os episódios de What If…? sejam conectados? Com certeza!

What If… Howard the Duck Got Hitched? (25 de dezembro de 2024)
Direção: Stephan Franck
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Kat Dennings, Seth Green, Samuel L. Jackson, Tom Hiddleston, Michael Rooker, Matt Friend, Josh Brolin, Rachel House, Jared Butler, Andrew Morgado, Darin De Paul, Chris Hemsworth, Tom Vaughan-Lawlor, Steven French, Kari Wahlgren
Duração: 33 min.

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