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Crítica | WandaVision – 1X05: On a Very Special Episode…

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Ela reescalou o Pietro?
– Lewis, Darcy

Vou ser chato e falar algo que pode ser incômodo. Tenho quase certeza que muita gente considerará On a Very Special Episode… o melhor episódio de WandaVision até agora e, ainda que gosto sempre seja gosto, diria que a razão verdadeira por trás seja que o quinto episódio é o mais estruturalmente “comum” até agora, ou seja, o mais facilmente digerível e apreciável por um número maior de pessoas. Os três primeiros episódios ganharam a pecha de “arghh, sitcom velha sem graça em que nada acontece” e o quarto explicou a lógica por trás de tudo em uma excelente reviravolta narrativa, mas, agora, o que temos é a velha estrutura – já esperada, vejam bem – de “um pouquinho lá e um pouquinho cá” com os entrelaçamentos naturais que vêm daí.

E, mesmo tendo gostado muito do episódio em razão da reconstrução mais uma vez perfeita de sitcoms dos anos 80, com penteados, figurinos, cenários e piadas típicos e do espaço dado a Paul Bettany para desenvolver seu Visão como um personagem potencialmente trágico ao começar a desconfiar que “algo errado não está certo”, especialmente agora que sabemos que Wanda literalmente roubou seu corpo morto e usou-o como matéria prima para criar um monstro de Frankenstein com sua manipulação da realidade, considerei esse o menos interessante de todos os capítulos até agora. Sim, eu sei que a chegada de Evan Peters como o Pietro Maximoff do Universo Cinematográfico Mutante da Fox abre uma gigantesca Caixa de Pandora e eu sei que isso será objeto de todo tipo de especulação sobre se é ou não multiverso canonizando os filmes anteriores, se é apenas uma criação “aleatória” dela ou se é apenas uma brincadeira que Kevin Feige está fazendo conosco, mas isso é um cliffhanger apenas, um doce que nos é mostrado, mas que não podemos saborear ainda e ele não representa o episódio como um todo.

O que realmente representa o episódio é a potencial falibilidade dos poderes de Wanda, que coloca em primeiro plano a discussão que vem furiosa desde a estreia da série: será que Wanda é mesmo a senhora absoluta da situação ou será que há algo mais aí? E, se houver algo mais, esse algo mais é verdadeiramente o senhor (ou a senhora) absoluta da situação a ponto de Wanda sequer ter consciência disso ou esse alguém está apenas se aproveitando de algo armado anteriormente pela loucura ou, para usar uma expressão mais suave, um ataque de nervos de Wanda? Pessoalmente, desgosto profundamente da ideia de Wanda ser apenas uma marionete de forças ocultas sinistras e gostaria de ver algo como “culpa concorrente” nessa história, de forma que a super-heroína não seja facilmente absolvida pelo que fez com base no bom e velho “mas ela estava sendo controlada o tempo todo”.

Seja como for, nesse aspecto o roteiro de Peter Cameron e Mackenzie Dohr foi muito esperto. A entrada de Agnes, a vizinha abelhuda, agora parecendo Jane Fonda em suas icônicas aulas de ginástica pela TV, cria ótimos momentos bizarros que nos deixam exatamente como o Visão, ou seja, não entendendo patavinas, especialmente levando em conta que Agnes, agora, não só vê a mágica ocorrendo, como mostra uma tendência mágica ela mesma ao “adivinhar” que as crianças precisavam de uma casinha de cachorro. Mais do que isso, é particularmente surpreendente a incapacidade de os poderes de Wanda afetarem seus filhos e por eles, aparentemente, terem já poderes próprios, no mínimo capazes de controlar seu crescimento. Em suma, tudo indica que Wanda tem um grau de controle, grau esse que começa a ser gradativamente menor na medida em que vemos exemplos do que ela não parece mesmo controlar.

Outro momento muito bom é quando Wanda sai de sua bolha para tirar satisfações com o Diretor Hayward, o típico burocrata insuportável cuja resposta para tudo é a violência. Ali, a Feiticeira Escarlate (eu sei que ela não tem codinome!!!) mostra total e absoluta consciência do que está fazendo e total e completo controle de seus poderes ao não só manter tudo funcionando mesmo com ela saindo para passear – e com seu uniforme antigo até! – como também controlando os soldados da S.W.O.R.D. Da mesma forma, Monica parece compreender mais sobre as nuanças do que está ocorrendo, demonstrando não só todo seu valor como agente, como também aparentemente abrindo um pequeno espaço de confiança com Wanda. Será muito interessante como isso continuará e se de alguma forma a personagem ganhará seus poderes já aqui na minissérie.

Com mais um anúncio que lista os traumas de Wanda, On a Very Special Episode… é realmente especial como o título diz por abrir inúmeras possibilidades que estão me dando dor de cabeça para processar, mas não me pareceu, como episódio de uma série que nasceu para ser diferente, toda essa cocada que estão dizendo por aí. É ainda muito bom, revelando que Jac Shaeffer realmente tem exemplar controle de sua narrativa, mas ele parece indicar que, doravante, o futuro de WandaVision é mais… digamos… ordinário sob o ponto de vista de storytelling.

WandaVision – 1X05: On a Very Special Episode… (EUA, 05 de fevereiro de 2021)
Criação: Jac Schaeffer
Direção: Matt Shakman
Roteiro: Peter Cameron, Mackenzie Dohr
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Teyonah Parris, Kathryn Hahn, Randall Park, Kat Dennings, Josh Stamberg, Asif Ali, Jett Klyne, Julian Hilliard, Evan Peters
Duração: 42 min.

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