Elia Kazan nasceu em Constantinopla, em 1909, quando a Turquia ainda fazia parte do Império Otomano… e morreu em Nova Iorque, em 2003. Sua carreira no cinema começou com um documentário em curta-metragem e, quase uma década depois, o diretor realizou o seu primeiro longa, Laços Humanos (1945). Dava-se início à carreira de um dos maiores e, a partir de certo ponto, mais “odiados” diretores do cinema.
A trajetória cinematográfica de Elia Kazan é comentada por Martin Scorsese neste seu documentário Uma Carta Para Elia (2010), filme co-dirigido por Kent Jones. A fita aborda a vinda de Kazan e sua família para os Estados Unidos e vai até à polêmica entrega dos nomes que o diretor fez ao tribunal macarthista, pelo qual foi investigado, chegando até os últimos anos reclusos de sua vida, com o reconhecimento tardio de um Oscar Honorário e o peso de uma ação política que o assombraria para sempre.
Scorsese alia as realizações cinematográficas de Kazan à sua vida pessoal e demonstra o seu amor pelo cinema, especialmente pelo cinema desse diretor, ressaltando a importância que filmes como Uma Rua Chamada Pecado, Sindicato de Ladrões e Vidas Amargas, teve para a sua própria carreira.
Uma Carta Para Elia é um documentário muito interessante sobre um grande diretor, seu pensamento como artista e a criação de sua obra. Os principais filmes de Kazan são pontualmente comentadas por Scorsese, contextualizadas em dado momento da vida de seu realizador e relacionadas com a própria vida e carreira do narrador e diretor. O que me incomodou na película, porém, foi o formato às vezes preguiçoso na maneira como o cineasta se deixa apenas resumir uma obra ou se escora nas cenas comentadas de algum filme, mas tenho certeza que há espectadores que não se importam com a linha didática que a fita assume em alguns momentos.
Uma Carta Para Elia vale muito a sessão e indico-o para todos aqueles que gostariam de relembrar ou aprender um pouco mais sobre um gigante do cinema… apresentado por outro gigante.
Uma Carta Para Elia (A Letter to Elia, EUA, 2010)
Direção: Kent Jones e Martin Sccorsese
Roteiro: Kent Jones e Martin Sccorsese
Duração: 60min.