Um dos marcos da animação do século XX não podia passar por 166 episódios sem um especial dedicado ao período natalino. Direto da Idade da Pedra, Os Flintstones marcaram várias gerações, abarcando tanto o público infantil quanto os espectadores adultos, haja vista a sua proposta voltada ao que se faz na comédia de situações. Conhecidos por utilizarem o design de objetos modernos adaptados para o contexto onde as suas histórias se desenvolvem. Criados pela dupla formada por William Hanna e Joseph Barbera, atravessaram seis temporadas, exibidas entre setembro de 1960 e abril de 1966. Situados na fictícia Bedrock, cidade onde as suas aventuras se desenvolve, os personagens lidam com obstáculos do cotidiano, sempre com mensagens sobre a importância da união familiar e do amor ao próximo, tendo o humor e os momentos de irreverência como a base das narrativas. No episódio natalino, esta padronização não foge ao que está estabelecido na regra.
Em seu desenvolvimento, a simbologia natalina está no episódio desde os seus primeiros instantes. Vilma e Betty, ao voltar com os filhos da empreitada pela árvore de Natal, são guiadas por um trenó que faz uma associação direta com o veículo conhecido por permitir ao Papai Noel, as suas viagens mágicas ao redor do planeta para a distribuição de presentes. Enquanto isso, em paralelo, Barney e Fred saem em busca de possíveis presentes para a criançada. Todos estão mergulhados no clima natalino positivo, não apenas os personagens centrais, mas as figurações ou coadjuvantes que atravessam a animação. Entre as idas e vindas, desde as trapalhadas para montagem da árvore decorada de sua casa, Fred acaba tendo a missão de assumir o lugar do Papai Noel em seu trabalho, tendo em vista atender ao público infantil que aparecerá no estabelecimento para ganhar presentes. As coisas, por sua vez, mudam rapidamente.
Na mesma noite que pega o traje para encarnar momentaneamente o personagem natalino, Fred e Barney são visitados pelo Papai Noel de verdade. O velhinho se acidentou durante as primeiras entregas e, por isso, precisa de alguém para substitui-lo. É quando surge a ideia dos protagonistas da animação assumirem o posto, Fred, mais corpulento, como o próprio Noel, acompanhado de Barney, aqui, na figura comparativa de um dos duendes. Juntos, eles passam por diversas aventuras na entrega dos presentes ao redor do planeta, puxados pelas renas que assumem o comando do trenó. A lição, além da importância da manutenção da magia natalina como algo que garante a união e o compartilhamento de amor, é o trabalho em equipe, pois sem Barney, o atrapalhado Fred não teria conseguido cumprir as funções temporárias de Noel.
Depois de enfrentarem animais de estimação nos quintais, chaminés apertadas, dentre outros obstáculos na tarefa incumbida por Noel, a dupla retorna para casa. As crianças, em busca do Papai Noel de mentira, atrasado para a sua missão no trabalho, sequer imaginam que ele, neste momento, é a própria figura desejada de verdade. É uma inversão divertida. Com direção de Charles A. Nichols, realizador inspirado na história criada por Dick Robbins e Duane Poole, Um Natal Flintstones é um especial natalino que funciona bem, dentro das propostas de outras narrativas animadas que buscaram adentrar pela comemoração para desenvolver as suas propostas. Aqui, o espírito natalino se mantém do início ao desfecho, com os obstáculos essenciais para fazer com que os personagens se redescubram enquanto resolvem questões pontuais de suas jornadas. Em linhas gerais, um clássico entretenimento para os nostálgicos.
Um Natal Flintstones (A Flintstones Christmas) — EUA, 1977
Direção: Sid Marcus, Charles Nichols, Gerry Chiniquy, Alex Lovy
Roteiro: Duane Poole, Dick Robbins
Elenco: Mel Blanc, Lucille Bliss, Henry Corden, Virginia Gregg, Gay Autterson, Jean Vander Pyl, John Stephenson
Duração: 50 min.
