Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.
Número de temporadas: 01
Número de episódios: 26
Período de exibição: 19 de março de 2006 até 10 de julho de 2006
Há continuação ou reboot?: Não, mas a obra base possui dois outros filmes: Menino Maluquinho – O Filme (1995) e Menino Maluquinho 2 – A Aventura (1998), assim como uma série animada intitulada O Menino Maluquinho, lançada pela Netflix, em 2022.
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Sendo mais um desdobramento da obra do cartunista brasileiro Ziraldo, a série Um Menino Muito Maluquinho (2006) contou a história do famoso personagem que utiliza uma panela na cabeça. Diferentemente das duas produções antecessoras – Menino Maluquinho – O Filme (1995) e Menino Maluquinho 2 – A Aventura (1998) -, no seriado, podemos acompanhar as vivência e as reflexões do garoto de cabelo ruivo em três fases da vida: aos 05 anos de idade, interpretado pelo ator Felipe Severo (Louco por Elas); aos 10 anos de idade, incorporado pelo ator Pedro Saback (Bicho do Mato); e, por fim, aos 30 anos de idade, pelo ator Fernando Alves Pinto (A Turma do Pererê), em que ele narra as suas experiências vividas nas idades antecessoras. Essa característica é interessante, pois promove um ritmo dinâmico ao episódio de estreia, em que, quando menos se espera, já estávamos vendo o Menino Maluquinho de 10 anos tendo atitudes que foram moldadas com metade da idade, mas com uma reflexão quando adulto.
Nesse primeiro episódio, acompanhamos o protagonista na preparação das suas festas de aniversário, em que é preciso amadurecer para as respectivas idades: quando criança, a mamadeira tem que ser jogada pelo telhado, ao passo que, quando já quase pré-adolescente, ele começa a demonstrar traços do primeiro amor por Julieta, sua amiga de escola. Enquanto isso, o pai e a mãe se mobilizam para os preparativos e interagem com o Maluquinho, seja nas brincadeiras, seja na hora de dar a bronca ao pequeno arteiro. Na verdade, grande arteiro: corre pela casa, acaba de sair do banho e molha o quarto inteiro, grita o tempo inteiro e, também, como praticamente todos os brigadeiros antes das festividades e, com isso, acaba tendo que ficar a maior parte do tempo no banheiro. É literalmente o Maluquinho materializando na prática o seu jeitinho de ser: maluquinho em qualquer fase da vida.
Senti a falta de ver como estão os amigos e os familiares do personagem principal na fase adulta, porque só mostrou ele assoprando as velinhas e relembrando os acontecimentos do passado. Acredito que a produção tomou essa decisão, uma vez que a série, embora possa ser assistida por qualquer pessoa, é voltada para o público infantil, o qual não se interessaria, por exemplo, pelas novas vivências que o Menino Maluquinho possui aos 30 anos. Além disso, na fase adulta, ele também deixa de ser “maluquinho” e passa a ser um homem repleto de responsabilidades, e não mais um garotinho bagunceiro. E todas as bagunças e atrapalhadas do garotinho foram feitas na casa, com destaque para as cenas no quarto e, principalmente, na cozinha, contendo as várias peripécias do garotinho sonhador e encantador.
Outro destaque da série infantil é a abertura, a qual contém uma música emblemática, intitulada Festa do Menino Maluquinho – composta por Patrícia Marx e Antônio Pinto -, em que é exibido desenhos da obra original do Ziraldo, juntamente às imagens do elenco. Ela é tão harmoniosa e fácil de ser decorada que nos faz cantarolar o famoso “(…) me disseram que quem sabe é o maluco pequenino, o moleque de verdade, é o Menino Maluquinhuuu (…)” o tempo inteiro. Em meio a isso, mesmo que de forma rápida, conhecemos os amigos dele, como o Bocão, o Juninho, a Carol, a Julieta e o Lúcio nas duas primeiras idades. Assim como em Menino Maluquinho – O Filme, eles, embora estivessem atuando, estavam na forma mais natural possível, ou seja, sendo crianças e, em virtude disso, puderam atuar com a pureza infantil de cada uma delas durante as cenas.
Ademais, o quarto do Maluquinho reflete exemplarmente a sua personalidade, tanto aos cinco anos quanto aos dez anos de idade. Lá, o ambiente é repleto de brinquedos de diversos estilos, sendo, na maioria das vezes, em espaço bagunçado, mas contendo também livros e materiais para a leitura, característica que reflete a curiosidade do personagem por descobrir coisas novas praticamente o tempo inteiro, ou seja, repleto de perguntas para os adultos. Inclusive, por falar no público maior de idade, podemos constatar um elemento inovador em relação a eles: o diálogo com o telespectador. O pai e a mãe do protagonista, por exemplo, olham diretamente para a câmera e “conversam” com quem está do outro lado da tela, em uma espécie de diálogo, assim como pelo próprio Maluquinho. Nesse bate-papo, eles comentam as situações que estão acontecendo no cotidiano, por meio das interrupções no meio da narrativa, porém, isso não atrapalha a história, e sim promove a interação e a fixação da atenção das pessoas que estão assistindo ao episódio.
Portanto, da mesma forma que o primeiro filme sobre o menino que usa uma panela em cima da cabeça, o seriado Um Menino Muito Maluquinho representa a pureza da criança brasileira, repleta de imaginação, de diversão e de brincadeiras com os amigos. Essa é uma produção mais voltada ao público infantil, mas pode ser assistida por qualquer pessoa, inclusive pelos adultos que desejam matar a saudade da infância, afinal de contas guardamos sempre dentro dos nossos corações a alegria de sermos eternas crianças.
Um Menino Muito Maluquinho 1X01: Adivinha que Dia é Hoje? (Brasil, 19 de março de 2006)
Criação: Ana Muylaert, Cao Hamburger
Direção: César Rodrigues
Roteiro: Ana Muylaert, Cao Hamburger, Ziraldo
Elenco: Felipe Severo, Pedro Saback, Fernando Alves Pinto, Eduardo Galvão, Antônio Pedro, Christian Zucolotto, Sarah Maciel, Rafael Ritto, Maria Clara Mendonça, Maria Mariana
Duração: 26 minutos