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Crítica | Um Buquê de Natal

Uma simples, moralista e divertida história de amor natalina.

por Leonardo Campos
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Sem grandes novidades, mas cativante e envolvente, Um Buquê de Natal é uma comédia dramática natalina cheia de lições moralistas valiosas para pensarmos a vida no momento contemporâneo. Uma de suas reflexões mais pontuais é a questão do tempo. Vivemos constantemente apressados, cheios de pendências e sem nos desgrudarmos dos nossos smartphones. O dia passa mais ligeiro, pois as atribuições são maiores, haja vista tantos aplicativos, redes sociais, notícias e um feixe de informações tão volumoso que não temos tempo suficiente para dar conta de tudo. Desta maneira, chegam as compensações. Se o tempo passa ligeiro demais e algo precisa ser sacrificado, vamos deixar de lado a família, os relacionamentos afetivos em geral, focando naquilo que supostamente é o essencial para a sobrevivência no mundo capitalista: o trabalho para gerar renda, dinheiro este que será consumido e no que os educadores financeiros chamam de A Corrida dos Ratos, o estabelecimento de um novo ciclo de produção para gastar no consumo, além das promoções, sucesso e prestígio social.

Tudo isso, por sua vez, tem um preço. E o valor é alto. É o que a produtora de eventos Jessica Perez (Julie Gonzalo) vai ter como reflexão ao longo dos 84 minutos de Um Buquê de Natal. O seu projeto atual é a produção do casamento de uma celebridade que permitirá a sua promoção para uma vaga em Londres, bem como um portfólio cheio de intensidade, afinal, assumir o evento de uma pessoa pública é algo que permite bastante visibilidade. Os desafios começam quando o casamento se aproxima e a noiva exigente e poderosa rememora as fotos de sua avó numa ocasião semelhante. Neste dia, ela usava um buquê com flores muito específicas, complicadas d encontrar e somente disponível numa cidade remota no Alasca, região com 102 habitantes e cultura muito própria, com pessoas sem obsessões por celulares e afins, num ritmo bem diferente daquele vivido por Jessica no caos urbano cotidiano.

Diante do exposto, o leitor pode perceber que não há muitos segredos para esta narrativa. Jessica será desafiada e viajará para a tal cidade, tendo em vista conseguir as flores raras para agradar a sua cliente. Buquê, arco de entrada e outras peculiaridades da comemoração adornadas pela flor encontrada a mais de 5 mil quilômetros de onde a produtora vive e trabalha. Aqui, o cliente sempre tem razão e a jovem deixará a sua vida de lado momentaneamente para realizar os sonhos da celebridade, mesmo que as suas prioridades fiquem pra escanteio. É quando entra na história a magia natalina. Jessica viaja, consegue as flores, mas uma nevasca impede o seu retorno. A crise era apenas de um dia, mas se torna algo constante e a moça fica na cidade mais tempo que o esperado, relembrando os seus valores e questionando se a vida que leva é realmente saudável e necessária. Matt (Ronnie Rowe) a ajudará na empreitada.

Dirigido por Allan Harmon, com base no roteiro assinado por Marcy Holland e Scarlet Wilson, Um Buquê de Natal reflete a importância do valor que precisamos dar aos pequenos momentos da vida, mas também abre precedente para discussões sobre como a sociedade poda as mulheres em suas vidas profissionais atribuladas, sem necessariamente precisarem do casamento e de um relacionamento para se sentirem plenas. É uma comédia dramática natalina divertida, dinâmica e com trilha sonora agradável, gerenciada por Chris Ainscough, além de conter belas imagens, produzidas pela direção de fotografia assertiva de Graham e Nelson Talbolt, adornada pelo caprichado design de produção de Heather Coutts, milimetricamente decorada com os belíssimos temas natalinos, de luzes, guirlandas, pinheiros ornamentados, dentre outros. Lançada em 2020, a narrativa coloca em perspectiva a agilidade da modernidade, as ciladas de uma vida sem pequenos momentos simplórios, tudo isso, refletido com a proximidade e o estabelecimento do período natalino, época tida como ideal para repensarmos as nossas ações.

Um Buquê de Natal  (Jingle Bell Bride, Canadá – 2020)
Direção:  Allan Harmon
Roteiro: Marcy Holland, Scarlet Wilson
Elenco: Julie Gonzalo, Ronnie Rowe, BJ Harrison, Keenan Mentzos, Lucia Walter, Lindsay Gibson, Alison Araya, Donna Benedicto, Kehli O’Byrne
Duração: 84 min

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