Número de temporadas: 1
Número de episódios: 13
Período de exibição: Lançada originalmente em vídeo doméstico em 25 de setembro de 1990 no Japão (e depois como série por lá em 1991), e, finalmente, como série, de 04 de janeiro a 28 de março de 1992, nos EUA.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por nove outras séries e foi sucedida por quase 40 outras séries nas décadas seguintes, até hoje em dia.
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As séries Ultra, em seu nascedouro, não eram conectadas uma com as outras, mas isso não demorou a acontecer, mantendo-se assim – em maior ou menor grau – até 1981, com a transmissão do último episódio de Ultraman 80, que marcou o fim de uma era, já que seriam necessários 15 anos para que uma nova produção serializada japonesa da franquia aportasse no arquipélago e, mesmo assim, isso aconteceu sem essa interconexão que mencionei, algo que só voltou mesmo em meados da primeira década dos anos 2000. No entanto, o longo hiato sem Ultraman não foi exatamente sem Ultraman de maneira absoluta. Longas-metragens – originais e compilações – foram lançados, nesse período, assim como minisséries. Mas de séries no formato tradicional mesmo, ainda que não canônicas, o que houve foi a parceria da produtora Tsuburaya Productions com produtoras de outros países com o objetivo não só de diminuir custos, mas, também, para levar o super-herói nipônico para outras paragens.
E a primeira dessas parcerias da Tsuburaya neste intervalo de 15 anos foi com a South Australian Film Corporation, que levou à produção de Ultraman: Towards the Future, série de uma temporada com apenas 13 episódios que foi originalmente lançada com o título Ultraman Great diretamente em vídeo doméstico (DVD e LaserDisc) no Japão, em 25 de setembro de 1990, depois como série por lá em 1991 e, novamente como série, só que nos Estados Unidos, no primeiro trimestre de 1992, com o subtítulo que decidi usar na presente crítica. Trata-se, na verdade, da segunda produção da franquia em língua inglesa, seguindo Ultraman: The Adventure Begins, um longa animado de 1987 feito ao lado da Hanna-Barbera Productions. Com filmagens no sul da Austrália e um elenco e equipe composta por americanos e australianos, o padrão de qualidade usual estabelecido pela produtora japonesa continua, com a maior diferença estética sendo o amuleto triangular usado por Jack Shindo (Dore Kraus) que o permite se transformar em Ultraman e que mais parece a sobra de algum filme do período de blaxploitation sobre algum cafetão novayorkino dos anos 70.
O primeiro episódio, Sinais de Vida, é, claro, o de origem dessa nova versão do super-herói nipônico, algo que ocorre não na Terra, mas em Marte, com dois astronautas na primeira missão tripulada para lá deparando-se com uma criatura ameaçadora estranhíssima – com um design muito interessante, vale dizer, que parece a fusão de uma lesma com um dinossauro – atacando-os e com eles sendo salvos, em um primeiro momento, pela chegada um tanto quanto aleatória de Ultraman. Depois que um dos astronautas morre pelo ataque do kaiju enquanto Ultraman está incapacitado, a continuação da luta leva o monstro a desmaterializar-se e a transformar-se em uma espécie de nuvem verde de vírus que parte em direção à Terra, com Shindo, então, misteriosamente permanecendo em Marte, já que seu foguete foi destruído juntamente com seu colega.
Não demora nada e esses vírus revelam-se como estratégia do monstro – batizado de Gudis – de propagar-se por meio da contaminação de criaturas da Terra, transformando-as, claro, em kaijus gigantes para destruir cidades, com a única força local o UMA, sigla de Universal Multipurpose Agency ou Agência Universal Multipropósito, tendo que se desdobrar para lidar com as ameças. Shindo reaparece na Terra ainda no primeiro episódio e enfrenta como Ultraman o primeiro desses kaijus locais, logo revelando ao seu interesse romântico da agência que ele voltou, mas sem dar nenhum tipo de explicação. Somente em O Hibernante, título que se refere a um “dinossauro” congelado que é achado por uma expedição e que passa a ser controlado pelo tal vírus mutagênico, que o retorno de Shindo passa a ser conhecido de todos, com sua agência aceitando-o de volta depois de um exame médico e sem pedir nenhuma explicação sobre como ele chegou na Terra depois dos acontecimentos em Marte, o que é obviamente hilário, mas que o espectador precisa aceitar sem fazer perguntas para não “atrapalhar” o pouco de imersão que a série permite.
Os roteiros são muito fracos, pelo menos nesse início, com uma tentativa de fazer mistério sobre Ultraman e também sobre Gudis que simplesmente não se sustenta, com diversas sequências sendo no mínimo incongruentes e contraditórias mesmo quando aceitamos as situações mais absurdas mesmo para uma série de Ultraman, o que é dizer muito, logicamente. Não ajuda que o traje do super-herói está a vários passos atrás do que ele deveria ser no começo dos anos 90, ganhando uma aparência muito mais artificialmente plástica do que os anteriores e inexplicavelmente com uma luva de tecido diferente que por diversas vezes evidencia que é justamente isso, uma luva e não parte de um todo mais orgânico e único. E, claro, não podemos nos esquecer do tal amuleto blaxploitation que mencionei anteriormente, que funciona como a cereja podre do bolo estragado do design de Ultraman na série, o que é uma consternação dado que o design de criaturas é consideravelmente eficiente. Se pelo menos as atuações fossem minimamente engajantes, mas não, Kraus é um zero à esquerda dramático e o restante do elenco parece estar atuando em alguma outra série.
Ultraman: Towards the Future é uma tentativa muito falha em ocidentalizar Ultraman que não consegue se desvencilhar do que veio antes da mesma maneira que não consegue ousar e encarar o desafio de realmente dar outra abordagem ao personagem. Com isso, a série acaba acanhada, sem personalidade, com o único aspecto positivo – novamente lembrando que julgo apenas os dois primeiros episódios – sendo as criaturas mais diferentonas que a equipe de design de produção conseguiu imaginar nesse início.
Ultraman: Towards the Future – 1X01 e 1X02: Sinais de Vida / O Hibernante (Ultraman: Towards the Future – 1X01 e 1X02: Signs of Life / The Hibernator – Japão/Austrália, 04 e 11 de janeiro de 1992)
Direção: Andrew Prowse
Roteiro: Terry Larsen
Elenco: Dore Kraus, Ralph Cotterill, Lloyd Morris, Gia Carides, Rick Adams III, Grace Parr, John Bonney, Matthew O’Sullivan
Duração: 25 min. (cada episódio)