The Black Keys é uma das bandas de rock mais populares da última década. Na atualidade, poucos grupos conseguem fazer uma sonoridade que seja sucesso de crítica e de público igual a que o duo formado pelo guitarrista e vocalista Dan Auerbach e o baterista Patrick Carney conseguem fazer. Os últimos discos estão entre os mais comentados dos últimos anos, grande parte desse mérito está em seu produtor Brian Burton, também conhecido por Danger Mouse e famoso por sua relação com nomes como U2 e Gorillaz, está ao lado da banda desde 2008 e demonstra uma grande competência nos seus trabalhos. O duo não para, lançam discos em curtos períodos de tempo, ninguém estava preparado para receber um álbum deles esse ano, até que o anúncio do lançamento de Turn Blue surpreendeu a muitos. O título parece relacionar à sonoridade de blues rock, além de possivelmente referenciar o clima triste e lento das músicas deste álbum (“blue” poderia ser traduzido como triste). Turn Blue possui influências de diversas partes da música, mas principalmente do blues e do rock psicodélico. O novo álbum mostra como o duo gosta de se arriscar, se afastando das características do premiado El Camino. Enquanto este era bem dançante e animado, o novo é muito mais melancólico e lento.
O álbum abre com a surpreendente Weight Of Love. A música é do tipo que ninguém esperava ser a faixa de abertura de um disco da banda, possui influências pesadas do rock progressivo e do rock psicodélico, viajando em um solo de guitarra que contagia o ouvinte, apenas uma amostra do que estaria por vir: uma qualidade musical altíssima. O clima de melancolia que entra na faixa de abertura não sai do álbum em quase nenhum momento. Na verdade, bem pelo contrário, apenas se fortalece, como em In Time e Turn Blue que também demonstram que o blues ainda está bastante presente no som do duo.
A faixa seguinte é o single Fever, a única faixa que poderia agradar os fãs que esperavam um álbum no estilo de El Camino, provavelmente é a mais animada e um dos destaques de Turn Blue. O soul e blues são marcantes em Year In Review que agrada pelos seus excelentes backing vocals e sua melodia dançante. O rock psicodélico é presente em todo álbum, mas especialmente em Bullet In The Brain, que lembra a canção Breathe do Pink Floyd, banda que o duo parece ter se inspirado bastante para fazer Turn Blue. O baixo, guitarra e bateria parecem um único instrumento em It’s Up To You Now, enquanto Waiting Words segue o exemplo da acústica Black Submarine, do álbum anterior.
O som grave do baixo na introdução de 10 Lovers marca o início de uma das melhores do disco, ou pelo menos a de melhor refrão. In Our Prime chama atenção pela sua inovação, a faixa possui um teclado inesperado em sua metade e um solo psicodélico ao final que permite ao ouvinte viajar na excelente melodia. Surpreendentemente, o álbum fecha de um jeito que ninguém esperava. Após várias músicas bem melancólicas o disco termina com a boa estima de Gotta Get Away, uma sonoridade com influências do hardrock e até do country. Apesar de excelente, ela soa bem diferente das outras faixas, parecendo uma canção que sobrou do álbum anterior.
Você percebeu quantos estilos foram mencionados nesse texto? Blues, soul, rock psicodélico, progressivo, hardrock, country e por aí vai. Essa é a grande cartada de Turn Blue, não ser apenas uma coisa, mas muitas. A verdade é que esse álbum necessitou de coragem e ousadia, muito mais que El Camino, visto que a sonoridade deste era bem comercial e com certeza agradaria muita gente. Aliás, era difícil imaginar que o grupo voltaria para o blues de Brothers ou que investiria em rock psicodélico. Turn Blue pode até não conseguir fluir tão bem como El Camino, entretanto, a banda acertou na mosca nesse novo álbum, independente de não conseguir agradar todos os fãs. O disco parece melhor a cada audição e mesmo dividindo opiniões, Turn Blue é uma grande viagem sonora.
Turn Blue
Artista: The Black Keys
País: Estados Unidos
Gravadora: Nonesuch
Lançamento: 12 de maio de 2014
Estilo: Blues Rock, Rock Psicodélico