Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Turma da Mônica – Clássicos do Cinema: Horacic Park

Crítica | Turma da Mônica – Clássicos do Cinema: Horacic Park

Quem tem medo de dinossauros?

por Luiz Santiago
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Para qualquer título de revista em quadrinhos ou para qualquer personagem que possui uma longa história editorial, sempre haverá algo para manter os ganhos de sua editora e a própria presença desse personagem na boca do povo. Este “algo” é o aproveitamento inteligente de obras do passado, relançadas anos depois em outro formato e como parte de um outro outro projeto, seja de coleção, seja de mistura de republicação com material inédito. Isso acontece pelo mundo todo, nesta indústria. Você poderá encontrar tal dinâmica em diversos personagens das grandes editoras americanas como Marvel e DC, por exemplo, e também verá isso em Tex, na Bonelli (só para citar ele, mas exemplos não faltam!); em Diabolik, na Astorina; em toda a colossal quantidade de quadrinhos da Dinsey… bem, como disse, a lista é muito longa. E podemos completá-la colocando também a Turma da Mônica no meio. Para essa discussão, gostaria de trazer à tona a criação da série Clássicos do Cinema, concebida em 2007 e publicada pela Panini.

Republicando uma história que tinha sido originalmente lançada na edição de número #58 da revista Mônica, pela Editora Globo, a MSP deu início a esta hilária e excelente série de paródias da Turminha para filmes icônicos no cinema. Nesta primeira edição, conhecemos o Parque dos Dinossauros na versão Horácio, uma aventura que tem toda a cara de uma publicação originalmente pensada para um formato menor (como de fato foi). Aliás, as primeiras edições dessa série terão muito a cara de abordagem contida, mais parecida com histórias publicadas nos gibizinhos. Infelizmente a Panini não fez nenhum tipo de indicação sobre quando as tramas foram lançadas originalmente, e a gente precisa revirar a internet caçando informações sobre isso.

E sobre este ponto, vai aqui um desabafo de quem trabalha com material artístico e precisa de (pelo menos) informações básicas e precisas relacionadas à ficha técnica das obras. As redes ou sites da MSP ou da Panini parecem não dar atenção nenhuma a essa indicação de publicação prévia de seus materiais coletados/reaproveitados, e isso é algo que ocorre até em edições onde jamais poderia ocorrer, como o tijolão de luxo (e caro!) intitulado Aventuras do Fim do Mundo, lançado em 2021, que é um desleixo criminoso de editoria. Sem contar que mesmo depois da decisão de dar crédito aos artistas, essas republicações de material antigo (e muitos dos materiais inéditos também, à exceção, pelo que consigo me lembrar, das revistinhas mensais) não trazem especificados quem são eles, nem no roteiro e nem nos desenhos e finalização. Só aquele expediente caótico no final, onde a gente não sabe quem fez o quê. Bem, voltando ao pensamento sobre a obra: sabendo ou não dessa publicação prévia, o leitor que conhece o mínimo da dinâmica de histórias mensais da Turma da Mônica irá perceber certa similaridade no estilo narrativo. À medida em que a série avançou, essa abordagem foi sendo deixada de lado e histórias mais fluídas e com um caminho de abordagem diferente foram se tornando a norma.

Apesar de ter por objetivo parodiar Jurassic Park, o roteiro desta edição de estreia da série também é um projeto metalinguístico e de ligação com o legado de Mauricio de Sousa. No final das contas, é bastante simbólico que uma HQ com o Horácio tenha sido a escolhida para abrir o projeto, porque este é o personagem do coração do Mauricio e a intervenção dele aqui, como guia da Turminha até o parque, mais as quebras de quarta parede para referir-se ao leitor, coloca-o no centro criativo de todo esse Universo, o que também pode ser uma metáfora criativa para tudo o que o artista concebeu nos quadrinhos brasileiros.

A presença do Capitão Feio como vilão da história, a breve aparição do Franjinha e todas as brincadeiras que o enredo faz com o filme que parodia deixa o leitor bastante feliz com as escolhas dramáticas. O projeto artístico também é muito cuidadoso aqui. Adoro a aplicação de cores e também o espelho que o desenhista fez das vestimentas do grupo central do filme em relação aos visitantes do bairro do Limoeiro nessa remota ilha cheia de dinossauros. Magali está vestida como a Dra. Ellie Sattler (Laura Dern), Cebolinha como o Dr. Alan Grant (Sam Neill), e Cascão como o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), e assim que a gente bate o olho neles, é impossível não dar uma boa risada. As situações de perigo com o Tiranossauro descontrolado, a ideia para a clonagem desses animais e o gancho super “na cara” para uma continuação da saga obedecem por completo a lógica desse Universo reptiliano nos cinemas, e provam que um bom aproveitamento de material já lançado de um personagem com longa história editorial pode gerar algo verdadeiramente empolgante. Eis aqui um perfeito exemplo disso.

Horacic Park (Brasil, outubro de 1993)
Turma da Mônica: Clássicos do Cinema #1 (Panini, 2007)

Publicação original: Mônica #83 (Editora Globo)
Roteiro: Não especificado na edição
Arte: Não especificado na edição
Capa: Não especificado na edição
34 páginas

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