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Crítica | Tulsa King – 2ª Temporada

Sly e seus minions atacam novamente.

por Kevin Rick
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O primeiro ano de Tulsa King é um caos levemente divertido. A produção que apresenta Sylvester Stallone como um gângster geriátrico que quer criar seu próprio império em Oklahoma nunca realmente encontra o tom entre a violência dramática da máfia com os aspectos de humor do texto em seu ano de estreia, problema que volta a atrapalhar o desenvolvimento da história nessa segunda temporada. Em resumo, o novo ano acompanha os personagens fazendo quase as mesmas coisas: disputando território com outros criminosos enquanto Manfredi (Stallone) procura novas formas de expandir seus negócios. A maior parte dos conflitos circulam a abertura de uma loja de maconha, um acordo para um parque eólico e problemas de Manfredi com a lei, enquanto dois novos antagonistas, Bill Bevilaqua (Frank Grillo), um chefe da máfia, e Cal Thresher (Neal McDonough), um empresário corrupto, tentam atrapalhar a expansão do protagonista.

Confesso que, assim como na primeira temporada, há um certo humor simpático na história quando ela não se leva a sério. O personagem de Manfredi exala carisma em sua visão conservadora, cheia de comentários sobre “as formas modernas de se fazerem as coisas”, com Sly mais uma vez trazendo uma interpretação bem humorada, enquanto as diferentes personalidades do restante da gangue do protagonista se encaixam bem e geram ótimas interações. Quando o grupo está andando pela cidade caçando problemas, agindo como milicianos do bem e arrumando brigas de bar, a obra chega a ter um charme meio bobo, como nas cenas divertidas do grupo colorido participando de uma festa chique ou quando eles fazem uma espécie de road trip até um grupo de nativos. Claro que a produção nunca abraça por completo essa ideia paródica de uma máfia meio pateta, até porque é um produto difícil de se vender para o público em geral, só que são nesses momentos levianos que a série continua brilhando e até nos fazendo torcer pela gangue.

Fora isso, porém, a temporada oferece pouca substância. A “ameaça” apresentada com Bill e Thresher nunca se concretiza em algo realmente interessante de assistir, com ambos os antagonistas apenas ocupando um espaço vazio na história, aparecendo aqui e ali para moverem a trama, mas nunca realmente batendo de frente com Manfredi. Os conflitos entre os personagens são resolvidos com diálogos cafonas, falsas poses de macho e um sorriso de canto, como se nada realmente fosse acontecer. Esse morde e assopra da narrativa entre preparar algo tenso, principalmente com uso gratuito de violência, sem nunca realmente entregar uma recompensa, é o principal problema da temporada, que tem uma trama muito fina entre o vai e vem dos negócios de Manfredi – que são engraçadinhos, mas superficiais -, várias mortes de figurantes desimportantes para disfarçar algum peso dramático e principalmente uma falta de desenvolvimento dos arcos dos personagens, que são simplesmente caricaturas.

A reta final da temporada até tenta escalonar algum tipo de conflito, com Jackie Ming (Rich Ting), um gângster chinês genérico que quer matar todo mundo, aparecendo para criar algum tipo de ação, mas as diversas conveniências narrativas, como o fato de nenhum personagem principal estar em real perigo ou então como Manfredi sempre tem uma saída inesperada mal desenvolvida, acabam levando a narrativa a lugar nenhum. Em miúdos, passamos dez episódios vendo a gangue fazer literalmente as mesmas coisas da temporada de estreia, com a mesma facilidade imbecilizante e com o mesmo cacoete dos roteiristas de tentarem levar isso aqui a sério – a subtrama romântica de Sly continua uma piada de mal gosto, por exemplo -, só que dessa vez sem o fator de novidade, sem um bom antagonista e com menos paciência da minha parte.

Como afirmei na crítica da temporada de estreia, Tulsa King é uma série de comédia que, infelizmente, tenta ser dramática. Como uma produção de crime e de máfia, a temporada chega a ser uma ofensa ao subgênero, apenas encontrando momentos de alívio quando se propõe a se divertir com o quão ridículo são os acontecimentos e os personagens desse universo. Acompanhar Sly e sua gangue de patetas tem seus momentos, razão pela qual não considero a temporada de toda ruim, mas é muito difícil encontrar algum destaque na história geral da série. Pelo jeito, continuaremos a ver as mesmas coisas na próxima temporada. Só espero, mais uma vez, que os roteiristas entendam que precisam levar seu material genérico menos seriamente para podermos nos divertir mais.

Tulsa King – 2ª Temporada (EUA, 2024)
Criação e desenvolvimento: Taylor Sheridan
Direção: Craig Zisk, Joshua Marston, David Semel, Kevin Dowling
Roteiro: Taylor Elmore, Terence Winter, Joseph Riccobene, Dave Flebotte, William Schmidt, Sylvester Stallone, Stephen Scaia
Elenco: Sylvester Stallone, Andrea Savage, Martin Starr, Jay Will, Max Casella, Domenick Lombardozzi, Vincent Piazza, A.C. Peterson, Garrett Hedlund, Dana Delany, Annabella Sciorra, Frank Grillo, Neal McDonough
Duração: 10 episódios com média de 60 min.

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