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Crítica | Tudo em Família (2024)

Comédia dramática natalina fofa e metalinguística, dominada por irregularidades narrativas, mas inofensiva.

por Leonardo Campos
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Lançado no streaming Netflix em meados de 2024, Tudo em Família não é completamente um filme natalino, mas boa parte de sua trama se passa nesse período e, a mensagem de perdão, reconciliação e apego aos laços familiares, comuns nesta época do ano, estão presentes no desenvolvimento do roteiro de Carrie Solomon, sob a direção de Richard LaGravenese. Fofo e cativante em alguns momentos, mas demasiadamente longo para contar uma história simples e já contemplada numerosas vezes na ficção, o filme equilibra momentos de charme com trechos descuidados e enrolação em excesso. É o tipo de produção que não vai direto ao ponto e prefere fazer voltas, em um ciclo que dura em média 120 minutos, escolha equivocada, pois até funcionaria melhor com mais cortes e enxugamento do roteiro. Mas, no geral, é uma comédia dramática divertida, com um a maioria do elenco qualificado tirando “leite de pedra”, no intuito de permitir que tudo flua da melhor maneira possível. Aqui, o foco está, como no título brasileiro, nos laços familiares. A relação entre mãe e filha, o contato da nora com a sogra do falecido marido, a chegada de um novo amor e as complexidades da carreira profissional para iniciantes.

Na trama, acompanhamos os dias infernais de Zara Ford, interpretada por Joey King, uma jovem que trabalha como assistente de uma dessas estrelas ascendentes do cinema hollywoodiano, um cara babaca e mimado que precisa de apoio para tudo que faz. Em alguns momentos, a jovem atua como conselheira. Noutros, é a responsável por comprar o habitual presente que o marmanjo concede para as suas namoradinhas no momento do término, um par de brincos de diamantes. Quando falha em suas missões, Zara precisa escrever uma carta de desculpas. Quando se atrasa, a mesma coisa. As exigências da figura são ridículas, mas muito parecidas com aquilo que as revistas de fofocas contam sobre celebridades e suas manias repletas de excentricidade. Sendo assim, certo dia, mesmo tendo o risco de perder a chance de atuar como produtora de cinema, a moça perde a paciência e pede demissão.

Pronto. Chris Cole, interpretado por Zac Efron, vê na situação um possível desastre, pois acredita no potencial da assistente e percebe que não é qualquer pessoa que aguentará as suas inseguranças e exigências. Ele, um ator de filmes de ação, é o tipo de famoso que sequer pode sair em paz para fazer compras em um supermercado. A sua portaria é dominada por fotógrafos do jornalismo sensacionalista, todos em busca do clique ideal para conseguir uma manchete. Assim, arrependido, Cole decide ir até a casa de Zara para lhe pedir desculpas e garantir a readmissão. Chegando lá, encontra Brooke Harwood, interpretada por Nicole Kidman, costumeiramente maravilhosa em seus desempenhos dramáticos, mesmo em papeis pouco expressivos como esse. Não é preciso ser expert para adivinhar que vai rolar uma química “daquelas” e a garota logo terá de lidar com um romance entre sua mãe e o chefe panaca.

Mas, como todo filme de perspectiva natalina, o discurso sobre a concessão do perdão geralmente ocupa o centro dessas histórias. Brooke e Chris vão se apaixonar, ele perceberá a sensação de pertença ao passar os festejos natalinos com a família, algo que está bastante distante de sua realidade solitária, com amigos que gravitam em torno de sua existência apenas por mero interesse, numa constante falta de conexão humana e real. Mãe e filha vão se digladiar em vários momentos e as intervenções de Leila Ford (Kathy Bates), a avó e ex-sogra, em posição de mentora, garante algumas linhas de diálogo edificantes. Tudo isso, registrado pelas belas imagens da direção de fotografia de Don Burgess, bastante luminosa, até nas cenas noturnas. Destaque também para o cuidadoso design de produção assinado por Desma Murphy, meticuloso, principalmente nas passagens natalinas e nos instantes de metalinguagem, quando Cole se encontra filmando nos bastidores.

É, em geral, um filme mediano, digamos que inofensivo, mas com potencial desperdiçado.

Tudo em Família (A Family Affair, EUA – 2024)
Direção: Richard LaGravenese
Roteiro: Carrie Solomon
Elenco: Joey King, Zac Efron, Nicole Kidman, Kathy Bates, Liza Koshy, Wes Jetton, Ian Greg,Sarah Baskin, Zele Avradopoulos
Duração: 111 min

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