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Crítica | Triplo X 2 – Estado de Emergência

por Guilherme Coral
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estrelas 0,5

O primeiro Triplo X está longe de ser um bom produto inspirado em James Bond, ainda assim, ele conseguiu obter seu sucesso comercial, o que, naturalmente, acabou motivando a produção de sua sequência, com Vin Diesel e o diretor Rob Cohen retornando para seus postos. Devido a problemas em suas agendas, contudo, ambos tiveram de abandonar o projeto – Diesel fora substituído por Ice Cube e Cohen por Lee Tamahori, que dirigiu 007 – Um Novo Dia para Morrer, lançado três anos antes. O maior problema de Triplo X 2 – Estado de Emergência, porém, está longe de ser a troca dessas duas pessoas na equipe.

Para começar, seria preciso reapresentar um novo personagem e justificar a saída de Xander Cage da tela, o que não seria tarefa fácil, já que o próprio título remete à tatuagem na parte de trás de seu pescoço. Eis que Simon Kinberg, que assina o roteiro, encontra uma péssima justificativa para colocar xXx no nome do filme: transforma uma inteira seção da NSA em uma subdivisão que não só utiliza os três “X” como nome, mas também adotara a tatuagem do sujeito como logo, o que não só não faz sentido algum, como chega a ser um tanto assustador quando paramos para pensar: imagine, você, com sua tatuagem sendo copiada pelo governo!

Mas vamos decidir ignorar esse gritante problema do texto e focar na trama em questão. Após ter seu quartel-general subterrâneo e secreto atacado, o agente Gibbons (Samuel L. Jackson), cujo rosto e olho deram uma boa melhorara do filme anterior para cá, decide ir atrás de um novo agente triplo X, escolhendo um antigo companheiro que agora está encarcerado, Darius Stone (Ice Cube). Dito isso, eles começam a agir como renegados, perseguidos pelo seu próprio governo, algo que jamais é explicado em nenhum momento da narrativa, suspeitando que alguém bem acima na hierarquia arquitetou o ataque à base.

Esses são apenas os furos iniciais do roteiro de Kinberg, que consegue ora nos trazer bons filmes, como Looper, ora verdadeiras desgraças, vide X-Men: O Confronto Final. Ao assistirmos essa sequência sentimos como se o roteirista sequer tivesse visto o longa-metragem anterior, ao passo que algumas de suas escolhas simplesmente não fazem sentido quando comparamos as duas obras. Mesmo como uma produção à parte, contudo, Triplo X 2 não se sustenta, deixando o espectador tendo de inferir o que está acontecendo, enquanto apresenta personagens que, sem mais nem menos, se revelam como traidores, informações que levam a pessoas desconhecidas simplesmente jogadas em tela, além de outros fatores que nos levam a crer que tudo isso foi escrito em um bar depois de muitas cervejas.

Não bastasse isso, temos terríveis atuações, principalmente de Ice Cube, que até hoje não entendemos por que fora chamado para o papel. Além de estar cem por cento do tempo com a mesma cara, ele força expressões que soam como se uma pessoa normal tivesse sido escolhida, à esmo, na rua para interpretar o papel, de tão artificial que é sua representação. Mesmo Samuel L. Jackson não tem espaço para trabalhar e nos entrega definitivamente uma de suas piores interpretações, visto que não tem espaço algum para desenvolver seu personagem, que é pego em uma espiral de acontecimentos sem sentido.

Mesmo como divertimento descerebrado, a obra não cumpre seu papel, contando com uma direção que nos deixa sem entender exatamente o que está acontecendo em virtude do excesso de cortes e uma câmera tremida, além de um exagero nos efeitos especiais, que tornam tudo mais artificial. Não que o primeiro filme tenha sido exatamente verossimilhante, considerando a quantidade de mentiras que vemos em tela, mas o mínimo era que recebêssemos sequências que nos divertissem de forma descompromissada – nem isso o longa consegue fazer.

Muito aquém de seu antecessor, que já não era bom, Triplo X 2 – Estado de Emergência é uma verdadeira tragédia, que nos faz nos perguntar o que passava pela cabeça dos produtores quando decidiram reviver a franquia para um terceiro filme – não seria mais fácil criar algo do zero, esquecendo dessa bagunça toda cometida não só aqui como em seu antecessor? Mistérios de Hollywood à parte, temos aqui uma obra que sequer consegue entreter, falhando miseravelmente em tudo que tenta fazer, nos deixando somente com a vontade de recuperar nossas horas perdidas por ter assistido esse filme.

Triplo X 2 – Estado de Emergência (xXx: State of the Union) — EUA, 2005
Direção:
 Lee Tamahori
Roteiro: Simon Kinberg
Elenco: Ice Cube, Samuel L. Jackson, Willem Dafoe, Scott Speedman, Xzibit, Peter Strauss, Michael Roof
Duração: 101 min.

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