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Crítica | Transformers: War for Cybertron – O Reino

por Ritter Fan
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War for Cybertron, a trilogia de séries animadas sobre os Transformers que funciona como um recomeço para a franquia, começou até razoavelmente bem com O Cerco, mas só veio a realmente mostrar a que veio com O Nascer da Terra, que acabava com os personagens robóticos caindo por aqui há milhões de anos atrás e dando a entender que os Dinobots figurariam em O Reino, terceira e última parte dessa nova empreitada que tinha tudo para ser pelo menos tão boa que a segunda parte. No entanto, esse encerramento é, na verdade, uma grande mixórdia que tem de tudo, de viagens no tempo a universos paralelos, de Beast Wars a Transformers – O Filme, além de fantasmas, alucinações e premonições.

Tudo bem que muita coisa do que vemos decorre de pistas que foram jogadas aqui e ali nas temporadas anteriores, mas curtos seis episódios para tanta coisa, com os roteiros retornando ao estágio de blá, blá, blá de mais e ação de menos, acabam transformando O Reino em uma confusão dos diabos que luta para manter o foco na busca pelo mítico AllSpark enquanto nos reapresenta a Galvatron (Jason Marnocha), Unicron (Jonathan Lipow) e até mesmo Nemesis Prime (Jake Foushee), além dos Transformers “animais” Predacons e Maximals da série noventista Beast Wars. Sobre esses últimos, aliás, preciso dizer que seres robóticos que se convertem em animais que realmente se parecem animais e não versões robóticas de animais como as fitas de Soundwave (Edward Bosco) ou até mesmo os Dinobots, não funcionam de forma alguma e fazem toda e qualquer lógica mínima que estabelece a ponte entre uma coisa e outra desabar por completo, especialmente se consideramos que eles são descendentes dos Transformers do presente que vêm do futuro para consertar o passado deles.

Eu até poderia perdoar o uso desses personagens que não fazem sentido algum mesmo em uma série de robôs que se transformam em veículos e outras máquinas, mas a computação gráfica de War for Cybertron, que estava funcionando bem para objetos metálicos e coisas nessa linha, simplesmente desaba ao tentar dar alguma verossimilhança aos Transformers do futuro em suas versões animais. Se a escolha era trazer uma versão de Beast Wars para cá, então o CGI simplesmente tinha que permitir a imersão total nesse cenário, no mínimo alcançando, por exemplo, a qualidade dos dinossauros de Jurassic World: Acampamento Jurássico. Mas não é isso que acontece e os bichos não funcionam momento algum, atrapalhando inclusive suas versões robóticas, pois, por exemplo, ver Rattrap (Frank Todaro) como robô basicamente carregando a versão roedoras nas costas, é assustadoramente ridículo, assim como é ridículo ver o Predacon Megatron (Marqus Bobesich) com um braço sendo a cabeça e outro sendo o rabo do mais famoso dinossauro que existe (que me perdoem os fãs inveterados da franquia, mas não dá…).

Em termos de história, a busca pelo AllSpark acaba ficando em segundo plano diante da enorme quantidade de novos personagens que precisam ser apresentados e da profusão de explicações que se fazem necessárias para a coisa funcionar minimamente bem, o que troca a ação por diálogos sem fim que elucidam, mas sem revelar de verdade, a razão de os robôs do futuro virem para o passado (ou presente), além de tornar o uso do disco dourado de Megatron (também Jason Marnocha) extremamente limitado, como se os roteiros tivessem medo de soltar a história completamente para ver no que daria. Além disso, a troca de alianças é de rolar os olhos de cansativa, com a única personagem nessa zona cinzenta que realmente acaba funcionando sendo Blackarachnia (Jeanne Carr) não só pela forma como ela manipula o jogo, como também por seu design tanto como robô quanto como aranha, além de o roteiro achar uma boa justificativa para ela realmente ter teias.

O conflito clássico entre Optimus Prime (também Jake Foushee) e Megatron continua firme e forte na base do anticlímax, com o primeiro suplicando ao segundo por união em prol de um objetivo em comum e o segundo hesitando o tempo todo em dar o golpe fatal sempre que tem oportunidade. Faz parte do jogo, sem dúvida, mas O Reino dá um ou dois passos atrás em relação ao que vimos em O Nascer da Terra e coloca os dois como líderes perdidos que dependem de uma sucessão de deus ex machina ou conveniências narrativas para os levarem até o final propositalmente em aberto que abre caminho para que a história continue de maneira potencialmente ainda mais expansiva.

No final das contas, por tentar ser muitas coisas ao mesmo tempo, O Reino acaba não fazendo nada realmente bem, o que infelizmente acaba fazendo esse novo começo da franquia Transformers retroceder alguns passos. Ainda há potencial para um futuro brilhante, mas ele acabou ficando mais longe depois desta terceira temporada confusa, bagunçada e, claro, com tudo isso, decepcionante.

Transformers: War for Cybertron – O Reino (Transformers: War for Cybertron – Kingdom, EUA/Japão, 29 de julho de 2021)
Direção:
Takashi Kamei, Kazuma Shimizu
Roteiro: Mae Catt, Tim Sheridan
Elenco (vozes originais): Jake Foushee, Jason Marnocha, Frank Todaro, Sophia Isabelle, Bill Rogers, Joe Zieja, Edward Bosco, Rafael Goldstein, Aaron Veach, Kaiser Johnson, Mark Whitten, Marcus Clark-Olive, Shawn Hawkins, Linsay Rousseau, Marqus Bobesich, Jeanne Carr, Erin Ebers, Joe Hernandez, Justin Pierce, Andy Bernett, Jonathan Lipow, Miles Luna, Beau Marie
Duração: 150 min. (seis episódios)

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