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Crítica | Tom Strong – Vol.3: Invasão

Em time que está ganhando...

por Luiz Santiago
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Mesmo sendo um ótimo arco, Invasão é o mais básico dos três volumes de Tom Strong até o momento. Publicada entre janeiro de 2002 e abril de 2003, a trama lida essencialmente com dois caminhos de desenvolvimento narrativo, um muitíssimo interessante e outro bom, mas nada grandiosamente chamativo. No primeiro aspecto, vemos Alan Moore revisitando diversos personagens criados na série anteriormente, alguns direta e outros indiretamente. Na primeira edição, O Anel de Fogo, temos o retorno de Val Var Garm, o líder dos homens-lava que conhecemos em Fagulhas. Finalmente a história de amor ali iniciada é completada com o início do relacionamento de Tesla com o foguinho, que passou a morar no Forte Strong e tem um papel decisivo na batalha contra as formigas que querem invadir a Terra — tema principal do volume.

Na edição seguinte, Alguns o Chamam de Caubói do Espaço, a história começa a ficar mais encorpada, porque há a indicação de que uma coisa muito ruim está para acontecer, e há também a entrada do Cavaleiro Estranho, antigo habitante da cidade abduzida pelos aliens. É uma narrativa superior à primeira, tanto no texto quanto na arte, e serve para unificar coisas anteriormente trabalhadas pelo autor, da mesma forma que abre os caminhos para a grande batalha que dá título ao arco. Parcialmente ambientada em Vênus, com o Homem-Modular encabeçando a interação com o Cavaleiro Estranho, temos uma porção de ingredientes que deixam o leitor ansioso pela notícia que o viajante tem para entregar a Tom Strong… e ele faz isso da forma mais instigante possível, com seu vocabulário caipira do século XIX e nomes maravilhosos para a tecnologia que tem em mãos.

A preparação para a batalha, devo dizer, é melhor que a batalha em si. E com isso não quero dizer que a luta contra as formigas invasoras seja ruim, longe disso. Alan Moore divide o embate em blocos dramáticos, estabelece participações ativas de todos os principais personagens, colocando em prática suas habilidades e fazendo até com que o protagonista repense algumas coisas (como sua visão negativa a respeito do namorado de Tesla), e mantém o senso de urgência e perigo ativos, mesmo que a impressão majoritária seja a de um “enfrentamento ganho”. Sim, nós tememos pelo que está em jogo, mas não é como a luta contra Saveen em Terror na Terra Obscura. Ali, não havia nenhuma facilidade indicada: a possibilidade de perda existia, de fato, naquele Universo, e o roteiro era bastante complexo. Aqui, tudo é muito simples (inclusive a arte; em ângulos, desenhos e diagramação), mas apesar disso, traz um ótimo resultado.

O que mais chama a atenção em Invasão é o princípio de “união de heróis” que o autor nos apresenta para Tom Strong. O retorno da pirâmide maia misturada com “caramujo espacial”; do Homem Modular; dos Strongmen da América (apesar de serem uns chatinhos) e dos abduzidos foi muito bacana, pela sensação de referências bem utilizadas. Também é muito bom ver a presença de uma personagem nova (Svetlana) tratada como se fosse alguém que conhecêssemos. Diegeticamente, ela já teve aventuras ao lado de Tom, é russa e um verdadeiro mulherão! Impossível não se apaixonar por ela. E para finalizar, devo dizer que a edição final do arco elenca três histórias maravilhosas, uma política — ligada ao um tipo de “feminismo misândrico” (sim, é maluco, e sim, é proposital) –; outra com a presença de Paul Saveen, a melhor de todas; e a última metalinguística, uma hilária e sombria crítica de Moore aos quadrinhos. Fechou o volume de maneira distanciada do tema principal, mas com chave de ouro.

Tom Strong – Vol.3: Invasão (Tom Strong: Book Three) — EUA, janeiro de 2002 a abril de 2003
Publicação original: America’s Best Comics #15 – 19
No Brasil: Tom Strong N°3 (Panini, outubro de 2016)
Roteiro: Alan Moore
Arte: Chris Sprouse, Howard Chaykin
Arte-final: Karl Story
Cores: Matt Hollingsworth, Dave Stewart, Howard Chaykin
Letras: Todd Klein
Capas: Chris Sprouse, Karl Story, Alex Sinclair
Editoria: Scott Dunbier, Neal Pozner, Kristy Quinn
150 páginas

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