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Crítica | Titãs – 4X12: Titans Forever

O final que a série merecia...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não se pode dizer, de forma alguma, que Titans Forever, o episódio final de Titãs, não foi consistente e condizente com tudo o que veio antes na temporada e na série, não é mesmo? Greg Walker manteve-se fiel a tudo o que (des)construiu, ou seja, um completo desserviço a todos os personagens dos quadrinhos que usou ao longo dos anos, de Asa Noturna até as botas do Superman, passando por Donna Troy, Rapina e Columba e até mesmo Krypto. No entanto, mais do que ser uma adaptação inábil dos quadrinhos – e olha que eu adoro adaptações que tomam todas as liberdades possíveis com o material fonte! – a série foi uma contínua lição de como não se fazer uma obra televisiva que se preze bem na linha do que Arrow foi por intermináveis oito temporadas e nada menos do que 170 episódios, com a única vantagem sendo que Titãs foi um suplício bem mais modesto, de apenas 49 episódios mesmo que eles tenham parecido passar como se fossem 490…

Focando em Titans Forever, se fizermos um exercício de imaginação de forma que considerássemos que o Projeto Ícarus tivesse sido mencionado antes, que O Vermelho tivesse uma função maior do que ocupar um episódio inteiro sem objetivo algum, que o retorno de Trigon durasse mais do que 20 segundos, que o todo-poderoso (segundo ele) Irmão Sangue não tivesse dificuldade de derrotar o Asa Noturna depois de literalmente matar o Superboy e se toda a profecia envolvendo Estelar tivesse algum peso narrativo mínimo que fosse, seria até possível dizer que o episódio não foi uma porcaria completa. Há, nele, alguns resquícios discretos de qualidade, mas que são imediatamente soterrados não só pelas imbecilidades acima, como também, por exemplo, fazer com que Bernard providencialmente acorde de seu coma bem na hora em que ele é necessário (e meu uso do adjetivo, aqui, deve ser interpretado da maneira mais lata possível e sem aquela vontade de gargalhar) ou fazer com que Tim Drake retorne ao grupo todo seguro de si como Robin III para não fazer absolutamente nada que se preze, mais ou menos a mesma coisa que todos no episódio, com exceção de Estelar e Superboy (mais conhecido como boy ex machina).

Mas o suprassumo da cretinice narrativa foi encerrar a série deixando mais uma vez evidente, em letras garrafais, como os Titãs são burros. Sim, completamente burros, em negrito mesmo. Burros do tipo que precisam ser eliminados da face da Terra para não passarem adiante um DNA vergonhoso desses e piorar ainda mais a humanidade. E do que estou falando? Simples, do tal Projeto Ícarus que tem como objetivo criar um buraco de minhoca e que o Irmão Sangue deseja usar para fazer a Terra e Tamaran se chocarem para acabar com o que ele percebe como ameaças para sua supremacia. Exatamente como a esfera de Lex Luthor – outro projeto secreto tirado da cartola no episódio anterior, temos que lembrar -, o tal buraco de minhoca precisa de uma quantidade absurda para funcionar (uma dúvida: se essa energia não está disponível, como é que Bernard sabe que o negócio funciona???), o que é o momento para o grande detetive Dick Grayson afirmar, com aquela certeza sombria que lhe é peculiar, que nenhuma pessoa capaz de gerar esse tipo de energia deveria chegar perto do laboratório. Hummm, que pessoa seria essa, hein? Alguém tem uma pista? Seria ele próprio e seus bastonetes elétricos? Ou Robin III e seu cajado que nem elétrico é? Ou Mutano, que é capaz de se transformar em passarinho? Ah, talvez seja Ravena que… bem… eu não sei muito bem o que ela faz e para que ela serve na série. Conner nem entra na lista, pois, a essa altura, ele está ainda morto, mesmo depois de receber uma dose de kryptonita vermelha com sei lá mais o que…

Ou seja, a burrice dos Titãs é extrema e incurável. Greg Walker não quer que nós nos esqueçamos disso e termina sua “saga” justamente lembrando-nos que os personagens que ele criou são cavalgaduras ineptas da pior categoria que são incapazes de deduzir o óbvio ululante bem na frente deles. Mas ainda bem que o grupelho é poderoso o suficiente para derrotar um sujeito que matou um demônio superpoderoso com duas estocadas de seu cajado e absorveu seus poderes ao beber seu sangue. Ainda bem que Asa Noturna e seus socos, chutes e bastonadas é capaz de lutar de igual para igual com uma criatura que, antes de arrancar o coração de Trigon, provou-se mais poderosa do que o clone do Superman.

Aliás, Dick Grayson é o protagonista de uma cena que, quando o episódio acabou, eu tive que rebobinar a fita para rever. No suposto leito de morte de Conner, o filhote de morcego faz uma ligação para um restaurante de luxo para marcar um jantar para seis, em uma demonstração poética de que ele tem esperança de que todos do grupo estarão vivos ao final do grande embate com o Irmão Sangue. Não é fofo isso? Foi como ler um roteiro daqueles raros, repletos de significados escondidos e escritos por mestres da narrativa televisiva. É por isso que Greg Walker diz por aí que Titãs é, na verdade, a história de Dick Grayson. Sim, claro, por certo…

Eu mencionei, no começo da presente crítica, que Titans Forever, sob determinadas condições, não seria uma porcaria completa. Mas eu retiro o que disse. Mesmo que as condições estivessem presentes, ele seria sim uma porcaria completa. Nada se salva nesse final absolutamente ridículo de uma série podre. Se tem alguma coisa boa é que pelo menos esse martírio audiovisual acabou. Que os Titãs descansem em paz, algo que não desejo para Greg Walker, obviamente…

Titãs – 4X12: Titans Forever (Titans – EUA, 11 de maio de 2023)
Showrunner: Greg Walker
Direção: Nick Copus
Roteiro: Richard Hatem
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop (Mame-Anna Diop), Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin, Jay Lycurgo, Joseph Morgan, Craig Burnatowski
Duração: 55 min.

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