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Crítica | Titãs – 4X07 e 08: Caul’s Folly e Dick & Carol & Ted & Kory

Um retorno modorrento.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de quase cinco meses de hiato, Titãs voltou para a segunda parte de sua quarta temporada com mais uma dupla de episódios que foi ao ar no mesmo dia e uma novidade importante: esta será a última temporada da série. Sei que tem gente que gosta da obra desenvolvida por Greg Walker, pelo que dizer que ela vai tarde, algo como pelo menos três temporadas mais tarde do que a série realmente merecia, pode soar duro e frio, mas, para mim, é a grande verdade. Dentre a vasta oferta de séries baseadas em quadrinhos de super-heróis, Titãs foi (sim, já posso usar o passado pois, por melhor que sejam os quatro episódios finais, eles jamais elevarão o resultado do todo) uma das piores e isso porque nem estou pesando o enorme potencial que uma adaptação do grupo tinha antes de efetivamente ir ao ar, pois isso a tornaria ainda mais execrável.

Abaixo, vocês encontrarão nossas críticas separadas de cada um dos dois episódios de retorno, com a do primeiro tendo sido feita sem que o segundo fosse assistido, de forma a emular a experiência semanal. Vamos lá!

4X07: Caul’s Folly

Apesar de querer se aproveitar do genial conceito de Danny, a Rua, apresentado no audiovisual na espetacular – e essa sim injustamente cancelada na quarta temporada – Patrulha do Destino, com a introdução de uma “cidade mágica” que é o título do episódio, Caul’s Folly não poderia ser um recomeço de temporada mais rançoso e sem graça. Os eventos do capítulo seguem a transformação de Sebastian Sanger no Irmão Sangue e a derrota dos Titãs lá no templo da Matriarca do Caos e a aparente morte efetiva, para meu desespero, de Jinx, a única personagem realmente interessante da temporada. Ou, melhor dizendo, o episódio parte desse ponto para colocar nossos heróis em uma busca pelo chifre de Trigon, objeto místico aleatório tirado da cartola pelo roteiro de Melissa Brides (sim, a responsável por Troubled Water…).

Mas inventar o chifre no contexto de uma série que não preza pela lógica interna é o menor dos problemas. A coisa começa a ficar séria – ou ridícula, sei lá – quando percebemos justamente que o tal chifre é, no final das contas, o MacGuffin inofensivo que até poderia resultar em uma “gincana” super-heróica divertida. Afinal, não é pedir muito de nós que acreditemos que algo assim possa existir e que possa ser o gatilho narrativo necessário para movimentar as peças no tabuleiro. A questão é que a movimentação das peças é aleatória, primeiro com o SuperLuthor achando o Meu Querido Diário do pai malvado dele (afinal, o pai bonzinho continua sei lá aonde na galáxia…) e entregando uma charada para Dick e partindo para tomar para si as rédeas dessa bodega toda graças à influência maligna de Mercy Graves. Depois, temos Roberta, personagem de uso único que Dick conhece há muito tempo, mas nunca mencionou, que sabe todas as línguas extraterrestres e, não só isso, todas as mitologias extraterrestres que não leva nem 15 segundos para traduzir o dialeto tamaraniano que nem uma tamariana de nascença consegue ler sequer uma palavra.

Mas, claro, nada é pior do que a charada sendo finalmente resolvida em um absolutamente patético estalar de dedos por Tim Drake que, de repente e não mais do que de repente, revela-se como um exímio conhecedor de mitologia e de decodificação, com o computador do Bat-Trailer basicamente lendo o pensamento dele e de Dick e terminando o trabalho dos dois em segundos. Não é nem que o roteiro seja preguiçoso, pois eu acho que existe um esforço concertado e intenso para se escrever coisas idiotas, mas sim que tudo o que acontece no episódio parece ser feito para gozar da cara daquela meia dúzia de espectadores que comprarão essa pataquada imbecilizante.

E o que dizer da cidade em si? Bem, primeiro temos a desculpa esfarrapada para Tim efetivar seu romance com Bernard, já que a presença do sujeito por ali é marretada sem cerimônia na história – tudo o que ele (não) faz ali poderia ser (não) feito via telefone – e, depois, temos mais conveniências de roteiro, com Dick imediatamente deduzindo que o xerife tem o chifre e Rachel caindo no colo de uma dupla anti-xerife. Ah, mas é uma série baseada em quadrinhos então não precisa ser complexa, alguns certamente dirão. Meu ponto é que eu não estou pedindo complexidade. Eu apenas peço para não ser tratado como um espectador com problemas cognitivos. Não é necessário emburrecer uma série em nome do divertimento barato. As duas coisas – diversão e inteligência – podem coexistir muito facilmente.

Eu até admito que Caul’s Folly não é uma completa tragédia como outros episódios da série, mas é evidente que Greg Walker está querendo fazer o pior que consegue para talvez criar algo ainda pior do que a tenebrosa temporada anterior. Ele ainda não chegou lá, mas ele me parece ser um sujeito perseverante e incansável!

4X08: Dick & Carol & Ted & Kory

Caul’s Folly tentou dar uma de Patrulha do Destino e, agora, Dick & Carol & Ted & Kory tenta dar uma de WandaVision. Duas excelentes séries copiadas por uma péssima série. Coincidência? Ironia do destino? Seja o que for, o segundo episódio do retorno de Titãs para a segunda metade de sua quarta temporada encerra o arco da cidade extradimensional comandada pela Matriarca do Caos da mesma maneira que começou, ou seja, tornando impossível não dormir assistindo-o.

Quando Kory acordou ao lado de Dick com pijaminhas combinando em uma idílica casa de subúrbio americano, minha paciência acabou e aguentar os outros 48 minutos exigiu um esforço muito maior do que o de Dick para não se deixar levar pelo literal canto da sereia ou do que o de Bernard para deduzir que Caul’s Folly está em outra dimensão porque sentimentos são reais (fico até com vergonha de escrever essa frase). Eu disse que o recomeço foi modorrento e, por isso mesmo, imaginava que o episódio seguinte fosse mais movimentado. Mas ledo engano, já que tudo o que temos é Dick de camisa rosa gravando memórias “dolorosas” para não esquecer quem é de forma que ganhássemos alguns flashbacks que nos lembram exatamente a ruindade da série como um todo.

Ah, claro, temos duas breves lutas mal coreografadas e protagonizadas apenas por Dick – pois Rachel esqueceu que tem poderes e poderia ajudá-lo – e que revelam que o Asa Noturna jamais teria sido derrotado pelos três policiais destreinados do episódio anterior, mas nada que realmente compense a lerdeza de todo o restante, com idas e vindas entre dimensões que não melhoram em nada a situação e que introduzem o “instinto de Robin” (WTF???) de Tim Drake em um daqueles momentos constrangedores que dão vontade de fazer como o avestruz e enterrar a cabeça em algum buraco.

E o Irmão Sangue? Todo aquele ritual, todo o desespero da Matriarca do Caos para trazê-lo para seu lado apenas para que Sebastian Sanger se transformasse de um bobalhão hesitante em um bobalhão que fala grosso e que consegue colocar a mão no fogo? Sério que é isso que o personagem representa para a temporada e é sério que Conner quer se juntar a ele para vingar a morte de seu pai barbudo? Fica parecendo que Titãs tem vergonha de abraçar suas raízes dos quadrinhos, tentando partir para algo supostamente mais cerebral, mas que é só completamente desprovido de qualquer qualidade narrativa.

Ou então, claro, esse arco de dois episódios representa o que a série tenta fazer conosco, pobres espectadores: uma lavagem cerebral de forma que nos transformemos em zumbis cambaleantes que, babando, apontam para a telinha e abrem um sorriso desdentado. Porque sério, eu consigo sentir minha já combalida massa cinzenta se liquefazendo a cada minuto em que sou exposto a essa kryptonita audiovisual e nem Kory de vestidinho laranja compensa isso. Não sei se conseguirei sobreviver a mais quatro episódios disso, viu?

Titãs – 4X07 e 08: Caul’s Folly e Dick & Carol & Ted & Kory (Titans – EUA, 13 de abril de 2023)
Showrunner: Greg Walker
Direção: Greg Walker
Roteiro: Melissa Brides (4X07), Tom Pabst (4X08)
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop (Mame-Anna Diop), Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin, Jay Lycurgo, Titus Welliver, Franka Potente, Joseph Morgan, Emma Ho
Duração: 43 min. (4X07), 49 min. (4X08)

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