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Crítica | Ticks – O Ataque

por Leonardo Campos
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Como realizar um filme sobre um assunto tão asqueroso e ser um entretenimento divertido e empolgante? Vamos combinar que uma narrativa sobre carrapatos assassinos não possui nada de nobre, tampouco atraente. Tais criaturas, pequenos aracnídeos ectoparasitas hematófagos, conhecidos como vetores de bactérias, vírus, etc. Um horror grandioso no que tange aos desdobramentos de sua ação no corpo de um animal ou humano, mesmo que a ameaça seja tão pequena que em alguns casos, beira ao olhar microscópico. Pesquisas realizadas há alguns anos e veiculadas na mídia apontam que fosseis de 90 milhões de anos, encontrados durante missões paleontológicas, já indicavam a presença destes micro-organismos em ação na terra, criatura bizarra em sua estrutura, presente tanto no campo quanto na cidade. Em Ticks – O Ataque, lançado em 1993, os carrapatos são transformados em monstro numa região do campo, palco para a recepção de jovens da cidade em um retiro com “cara” de reabilitação.

A produção ficou sob a direção de Tony Randel, cineasta que algum tempo depois assumiria o comando de Rastro de Pavor, narrativa sobre outros predadores assassinos de humanos, desta vez, as temidas cascavéis. Guiado pelo roteiro de Brent V. Friedman, a aventura com os carrapatos acompanha o tal grupo de jovens que seguem para o acampamento de férias e acabam na mira de artrópodes gigantescos, geneticamente alterados. Com uma história simplória e já bastante explorada, repleta de subtramas com traficantes de drogas da região e outras distrações complementares. Ticks – O Ataque consegue ser memorável por ser extremamente ágil e divertido. As tais subtramas não emperram a história, algo que sabemos, faz parte do empilhamento de corpos para ampliar a atmosfera de terror do filme. Panic (Alfonso Ribeiro) e Tyler Burns (Seth Green) são os personagens com rostos mais memoráveis, em carreiras iniciantes na trajetória destes atores colocados em cena para ser isca e provável vítima dos carrapatos sedentos por sangue para manutenção de sua espécie.

A mutação destas criaturas vem de um produto borrifado por algumas pessoas desta cidade interiorana. Feito à base de plantas, a substância contém uma quantidade absurda de esteroides, algo que faz a plantação (de maconha) crescer vertiginosamente, mas também ter como efeito reverso, a modificação da estrutura dos carrapatos que ficam cada vez maiores e agressivos, verdadeiros monstros em reprodução frenética, incentivados pela substância responsável pela mutação, além da oferta de sangue fresco em abundância, motivada pelos jovens problemáticos de Los Angeles, levados para o acampamento para mudança comportamental. Muito diferente dos demais filmes deste segmento, geralmente empacados em excessivas explicações científicas e dramas humanos oriundos de personagens planos e desinteressantes, Ticks – O Ataque ganha o espectador pelo ritmo da ação, pela entrega ao entretenimento sem esconder demais as criaturas, monstros turbinados por esteroides e constantes em cena.

Com direção de fotografia de Steve Grass, a produção investe no esperado ponto de vista que nos remete ao monstro de Tubarão. A câmera, ao ocupar o olhar dos carrapatos, indicam de maneira subjetiva a presença das criaturas prontas para o ataque. A equipe de efeitos especiais, supervisionada por Doug Beswick, dá conta das próteses, animatrônicos e outros recursos somados ao trabalho de maquiagem de Greg Nicotero, o mestre da visualidade horripilante. Os efeitos funcionam bem quando aliados ao trabalho de Jeremy Moenack no design de som, setor que associado ao clima aventureiro da trilha sonora de Daniel Licht e Chris L. Stone, emprega ao filme o ritmo necessário até o seu desfecho. Sem grande orçamento, Ticks – O Ataque nos mostra como um filme do horror ecológico pode funcionar bem, sem precisar do CGI para esbanjar sangue falso e apresentar criaturas que às vezes parecem criações amadoras no ultrapassado (mas eu ainda uso e amo) Paint, recurso de pintura e “desenho” do Windows.

Ticks – O Ataque — (Ticks– Estados Unidos, 1993)
Direção: Tony Randel
Roteiro: Brent V. Friedman
Elenco: Rosalind Allen, Ami Dolenz, Seth Green, Virginya Keehne, Ray Oriel, Alfonso Ribeiro, Peter Scolari, Michael Medeiros, Clint Howard, Rance Howard
Duração: 93 min.

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