- Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.
Foothold comprova que a segunda e última temporada de World Beyond definitivamente começou muito bem. Mais madura, embora, como vimos aqui nas interações de Hope (Alexa Mansour) e um novo personagem chamado Mason (Will Meyers), ainda tenha aquele clima adolescente que viabilizou a criação. Só não é mais bobo, não temos mais aquela tonalidade ensolarada na fotografia que passava um ar novelesco às cenas, ou aquela trilha sonora melosa de fundo geralmente acompanhada por flashbacks em demasia para estabelecer dramáticas particulares. A narrativa parece mais sóbria, concentrando seu desenvolvimento de personagens conforme progressões na história, e ainda que pouco se revele, temos um sentimento de que várias coisas estão acontecendo, desenhando algum panorama unitário.
Não tem como saber exatamente qual é esse panorama ainda, mas a construção narrativa com a CRM mais presente fortalece a ambiguidade sobre suas intenções. Isso é perceptível por Hope, que chega mais do que desconfiada na comunidade, anotando informações sobre a segurança, buscando entrar escondida em locais secretos, ao mesmo tempo em que o fato de seu pai (Joe Holt) estar superbem – ao contrário do que indicava antes, tanto que foi a motivação que a fez sair em caminhada no mundo zumbi sem experiência – e do discurso empregado por ele no vídeo-propaganda científico soa bastante convincente acerca da força do intuito maior que a faz estar ali. Em contrapartida a esse início de mudança de mentalidade de Hope sobre a CRM, temos uma Íris (Aliyah Royale) cada vez mais certa do contrário, de que eles são de fato os vilões da história a serem eliminados. Tanto que, surpreendentemente, depois de matar um soldado, ela não apresenta nenhum remorso, embora por ser seu primeiro assassinato, tão jovem como é, ainda a faça ter devaneios com sua figura, como demonstra a cena em que ela se paralisou antes de matar um zumbi.
Íris compartilha seu achismo sobre o massacre da comunidade ser culpa deles para Felix (Nico Tortorella) e Will (Jelani Alladin), que por todo o contexto de perseguição ao companheiro descrito anteriormente, tende a acreditar em tal teoria. Forma-se assim um embolado complexo para Elizabeth (Julia Ormond) resolver. Apesar de saber que Leopold não tinha tanta base para a chantagem que tenta estabelecer com ela, exigindo Íris e Felix chegarem em segurança na comunidade, Elizabeth sabe que isso irá atrapalhar seu desempenho e garante que irá procurá-los por ele. Acontece que ela também sabe do paradeiro do soldado assassinado e vai a sua procura. Como se não bastasse a dupla já estar acompanhada de alguém perseguido pela CRM (Will), com a mentalidade certa de que são uma ameaça e com sangue nos olhos para batalhar contra, fica um cenário promíscuo a explodir quando colidirem. Não acontece ainda em Foothold, mas já gera ótimas situações de tensão.
Externamente, tem aquela ótima sequência quando a própria Elizabeth vai com um time para o perímetro procurá-los e quase os encontra escondidos. Internamente, tem aquela conversa em tom de desconforto entre Elizabeth e Dra. Layla (Natalie Gold), cobrando-a a fornecer o equilíbrio para Leopold continuar fazendo seu trabalho direito. Layla ainda é uma personagem a ser mais explorada, por enquanto ela é a motriz ambivalente entre a perspectiva esperançosa de Hope e a pessimista de Íris. Ao mesmo tempo em que sua conversa com Leopold é bem verdadeira e íntima no início, dada a forma que é questionada no último diálogo com Elizabeth, parece que é sua missão mantê-lo num relacionamento e motivado. Fica incerto se ela gosta mesmo dele ou o manipula porque precisa, logo, fica incerto se a forma como interagiu com Hope mais cedo era também uma missão de manipulação ou uma aproximação natural como “madrasta” e companheira futura de pesquisas.
Nesse cenário incerto, vale destacar também, obviamente, o retorno de Silas (Hal Cumpston), que depois de capturado no último episódio da última temporada, não é preso (não exatamente) ou encaminhado para a morte, sendo jogado como trabalhador numa espécie de lixão de zumbis, onde ele, junto a outros adolescentes, faz um trabalho de limpeza. Há poucas informações mensuradas sobre o intuito daquilo, mas sabemos que o personagem que o acompanha, Dennis (Maximilian Osinski), aparentemente possuía um histórico romântico com Huck (Annet Mahendru), que como sabemos, é filha da comandante. Assim, dadas suas posições em tom de insatisfação sobre sua posição na CRM em suas conversas com Silas, imagino que deva ganhar algum papel de relevância para os próximos episódios. Se Konsekans retornou retomando nossa curiosidade para World Beyond, Foothold definitivamente ganhou nossa atenção.
The Walking Dead: World Beyond – 2X02: Foothold | EUA, 10 de Outubro de 2021
Criação: Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção: Loren S. Yaconelli
Roteiro: Carson Moore
Elenco: Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Annet Mahendru, Joe Holt, Natalie Gold, Jelani Alladin, Ted Sutherland, Julia Ormond, Maximilian Osinski, Anna Khaja, Lee Spencer, Will Meyers, Robert Palmer Watkins, Jesse Gallegos, Ry Chase, Kellen Joseph, Wes Jetton
Duração: 45 minutos