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Crítica | The Walking Dead: World Beyond – 1X03: The Tyger and the Lamb

por Iann Jeliel
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The Tyger and the Lamb

  • Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.

De uma coisa é certa, até agora World Beyond vem respeitando o que vem sendo os últimos anos de The Walking Dead, uma estrutura parecida com a mente do fabuloso Mr. Hyde (de O Médico e o Monstro), em um episódio é cientista com tudo sobre controle e traçando seus planejamento em experimentos embasados, no outro, vira um louco descontrolado que já não sabe mais o que fazer com a trama. Enfim, essa péssima comparação é para de novo, ligar o sinal de alerta sobre essa escolha de abordagem adolescente, onde o tom precisa urgentemente de uma estabilidade que não existe em The Tyger and the Lamb. Não que em Blaze of Gory, não existia um certo pieguismo que veio do piloto, mas ele demonstrava uma espécie de maturidade que desaparece no capítulo seguinte, voltando a um ar meio cafona e novelesco, bem desagradável que foi o piloto.

Não sei se foi porque Scott Gimple achou que o desenvolvimento proposto anteriormente já tinha sido suficiente para agora propor um rasgaceda sentimentalista entre Iris (Aliyah Royale) e Hope (Alexa Mansour) que soa completamente artificial. Alias, esse episódio já começa artificial, quando tema emular a estrutura de flashbacks temporalmente sincronizados com o presente de motivações dos personagens, ala o que Lost. Pensar que 15 anos depois e ainda as séries não conseguem emular nem 10% de seu resultado, porque pensam o recurso em separado e não como uma ferramenta para construir uma identidade. Fica evidente depois desses três episódios que os flashbacks não têm uma coesão comum na narrativa ou na montagem, indo de acordo com o que supostamente combina no momento, o que nesse caso não combinou. Do quarteto principal o Silas (Hal Cumpston), parecia ser o mais interessante, mas só parecia mesmo. Além de seu flashback não ser muito claro sobre o direcionamento da traumática do personagem, a orquestração do drama é manipulada pela trilha sonora melosa de modo a querer puxar um sentimento de pena ao personagem, por sua fisionomia e personalidade caladona.

Assim, toda a sua reluta no presente de querer desistir da missão fica com cara de uma imensa vitimização que trava inutilmente o episódio em vários momentos, porque não é preciso ser inteligente o suficiente para pensar que ele não vai morrer, nem mesmo desistir, então pra que ficar fazendo tanta picuinha com seu passado? Outro ponto incomodo do episódio é a união de Felix ao grupo no final, o que poderia ter muito bem ficado só nesse episódio ou nem isso. Felix (Nico Tortorella) e Huck (Annet Mahendru) irão facilitar consideravelmente o caminho do quarteto nos demais desafios do universo zumbi. Não sei até onde tornar esse grupo um sexteto será benevolente para a série, já nesse episódio os zumbis não pareciam mais tão hostis ou grandes obstáculos, porque a sensação é de que Felix e Huck poderiam aparecer para ajudar caso algo acontecesse, o que permitiu ao episódio tomar soluções menos criativas para passar dos zumbis.

Fora que a condução de constante câmeras lentas ao som da mesma trilha melosa, não só já entregavam que nada ia acontecer aos personagens, como deixava as sequências de maior tensão, extremamente bregas, como aquela que a Iris salva a Hope e finalmente mata seu primeiro zumbi. Uma pena porque são boas personagens e boas atrizes também, gosto muito das duas na cena de desabafo de Hope, que é para ser a grande cena de fechamento desse primeiro arco de culpa e medo da personagem, mas sua execução é tão melodramática que artificializa o bom esforço das atrizes.

De pontos positivos, posso separar a última cena, que apesar de totalmente deslocada do restante do episódio, fornecer uma continuidade do que aconteceu ao final do gancho do piloto. Tem uma tensão muito boa na ambiguidade da performance da experiente Julia Ormond como Elizabeth, pena que o episódio não se aguenta e termina o episódio com ela chorando, confirmando que aquela imposição não passa de um teatro para a mesma não ter o mesmo destino que seu soldado questionador (Al Calderon) teve. Falta ainda termos mais dimensão de como funciona a hierarquia da CRM, para compreender melhor a motivação por trás do massacre a outras comunidades, mas é legal já termos a dimensão de seu tamanho, com aparentemente 200 mil habitantes e uma sociedade ainda mais bem estabelecida.

Contudo, isso não salva The Tyger and the Lamb como um todo, na verdade só corrobora para a impressão inicial da gratuidade desse spin-off em oferecer respostas de mão beijada a expansão do universo da principal, e não as colocar organicamente num conectivo a narrativa que a própria série procura construir. Mas enfim, seguimos com esperança, vai que o próximo episódio o lado doutor do Mr. Hyde assuma o controle de novo.

The Walking Dead: World Beyond – 1X03: The Tyger and the Lamb | EUA, 18 de Outubro de 2020
Criação: 
Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção:
Sharat Raju
Roteiro: Dana Farahani, Siavash Farahani
Elenco: Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Annet Mahendru, Julia Ormond, James Martin Kelly, Al Calderon, Diego Abraham, Jordan Sherley
Duração: 47 minutos

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