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Crítica | The Walking Dead: The Ones Who Live – 1X03: Bye

Como fugir?

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Depois do confronto entre Jadis e Rick, os roteiristas Gabriel Llanas e Matthew Negrete tecem uma narrativa em torno da impotência do co-protagonista, que se sente cada vez mais encurralado pela CRM. É uma escolha interessante para dar significado aos acontecimentos que envolveram suas fugas frustradas, muitas das quais ocorreram em elipse. Ver Rick caminhando entre a desistência e o sacrifício não é algo tão distante do que a série original fez com o personagem em suas últimas temporadas, mas ainda assim é estranho – de uma maneira boa – ver a grande figura da franquia com esse tipo de pensamento derrotista, quem sabe até em conflito com o plano de Okafor (não penso que seja o caso), o que choca bastante com a determinação de Michonne.

Chega a ser irônico que a espadachim chame Rick de homem corajoso o tempo todo, que foi o codinome que ela deu ao personagem para se comunicar com Judith. Não sou exatamente fã das narrações em off com a personagem, mas o episódio de maneira geral é bem contrário a exposição, o que deixa o conflito entre os protagonistas mais bem trabalhado e profundo através de olhares tensos e furiosos, momentos de euforia e nostalgia quando lutam juntos e confrontos emocionantes quando se chocam, principalmente quando Rick tenta machucar Michonne para afastá-la. A falta de diálogos beneficia a construção dramática do episódio como um todo, algo que a franquia vinha se esquecendo nos últimos anos. Espero que o restante da temporada siga essa rota mais sutil com o relacionamento da dupla, até porque Danai Gurira e Andrew Lincoln são ótimos com expressões e em demonstrar sentimentos sem palavras.

Em termos de ritmo, esse é um episódio mais lento que os dois primeiros, focando em estabelecer o grande obstáculo da trama: a fuga da CRM. Em Gone, cheguei a pontuar minha dúvida de qual seria o direcionamento da história, se teríamos uma trama sobre a escapada dos personagens ou então eles lutando por dentro contra a CRM, algo que o desfecho deixa bem claro quando os personagens “caem” do helicóptero. Mesmo assim, Bye se aproveita do cenário da CRM, com segredos, mentiras, conspirações e uma tensão dos personagens principais em serem pegos, em ótimas cenas de muito estresse e aflição, principalmente quando Pearl está desconfiada de Michonne ou então as desconfianças de Beale, que merece mais tempo de tela. Até a Jadis, que não é uma personagem de destaque em minha opinião, cumpre seu papel básico de fio condutor da trama ao dificultar a vida de Rick.

De certa forma, fico um pouco decepcionado com a direção da narrativa, porque realmente penso que há muito potencial em explorar uma história sobre Rick e Michonne subindo nos rankings desta nova sociedade, alterando o sistema internamente e sempre em estado de alerta e apreensão, algo que seria inovador dentro de uma franquia que já usou e abusou de tramas sobre conflitos entre grupos de sobreviventes, mas entendo a escolha da produção. Esse episódio deixou bem claro que essa é uma obra sobre um romance resiliente e sobrevivente, focando na determinação dos personagens em lutar ou se sacrificar por esse amor, tudo em meio a uma história que progressivamente expande o universo da franquia com altas doses de curiosidade. Eu mesmo estou intrigado pela informações que Pearl recebeu de Beale.

Apesar de dar a mesma nota, gosto de Bye um pouco mais do que os episódios anteriores. É o primeiro capítulo da série que não está restrito a contextualizações, fazendo com que a história finalmente flua e se estabeleça para o restante do ano. Nesse sentido, acaba sendo um episódio mais dilatado, mas nunca chato através da competente direção de Michael Slovis, que se aproveita do clima tenso e estressante do ambiente na CRM, bem como do drama central do casal. Inclusive, ganhamos algumas set-pieces agradáveis, apesar de continuar achando que estamos diante de mais uma produção que nega as características de terror da franquia. O cliffhanger é um ótimo desfecho para o conflito central da trama: Michonne trazendo Rick de volta à luta de maneira forçada. Vai ser difícil, mas será que eles conseguem fugir?

The Walking Dead: The Ones Who Live – 1X03: Bye (EUA, 10 de março de 2024)
Desenvolvimento: Scott M. Gimple, Danai Gurira, Andrew Lincoln
Direção: Michael Slovis
Roteiro: Gabriel Llanas, Matthew Negrete
Elenco: Danai Gurira, Andrew Lincoln, Pollyana McInstosh, Lesley-Ann Brandt, Terry O’Quinn
Duração: 59 min.

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