- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.
Fazia tempo que não via um desfecho de temporada tão anticlimático quanto Doma Smo. Já vi finais piores, mas poucos tão frustrantes e tão sem intenção de realmente ser um desfecho narrativo quanto o sexto episódio de Dead City. Aliás, aproveitando a deixa, a produção, inicialmente concebida como uma minissérie, acabou de ser renovada para um novo ano, algo que Doma Smo faz questão de nos lembrar a cada minuto.
Por que digo isso? Bem, o episódio inteiro é uma preparação de terreno para a próxima temporada. Não estou falando aqui de um cliffhanger ou de uma trama com pontas soltas, mas de um maldito episódio inteiramente feito para preestabelecer a próxima temporada, o que do ponto de vista narrativo é um show de horrores. Não tem clímax, não tem recompensa narrativa e nem sequer algum tipo de conclusão dramática para a história construída a partir do piloto. Se alguém discorda de mim, vamos analisar o capítulo final por partes.
Começamos com o encontro de Negan, Maggie e Armstrong na localização de Ginny. O momento tem uma revelação interessante com a morte do pai da garotinha pelas mãos de Negan, o que adiciona uma camada levemente complicada para o relacionamento dos dois, e de certa forma se vincula ao drama central de Negan-Maggie-Hershel com a morte de Glenn. A partir daí, a narrativa é uma sucessão de situações de “desenvolvimento de mundo” e de expansão da nova sociedade para elementos de trama que só serão abordados na próxima temporada.
Temos Armstrong indo para Nova Babilônia, onde somos apresentados a sua superior, que irá buscar o metano de Nova York; temos a Dama arquitetando seu plano com Negan em mente como frontman e showman, que irá tentar aumentar seu território e poder; temos Maggie voltando para sua cidade, apenas para se dar conta que não finalizou sua rixa com Negan, decidindo que irá retornar à Manhattan. Viram a quantidade de “irás”? Tudo é só exposição do que virá a ocorrer na próxima temporada, dentro desse falso senso de expansão da franquia – notem como a história estabelecida com lutas territorias é reciclada, mas sem a personalidade ou o escopo de antes.
Quando você retira todas as preparações, Doma Smo se mostra um acúmulo de nada sob muitas conveniências. Começamos pela falta de zumbis ao longo da conclusão de temporada, sem nenhum uso de terror ao longo da história, até a facilidade absurda de Armstrong e Maggie retornarem para suas respectivas cidades em elipse. A tão prometida troca entre Hershel e Negan como isca não tem qualquer tipo de suspense; o divertido Croata é subjugado a capacho; Nova York se torna um cenário qualquer; e eu poderia continuar por mais um outro parágrafo sobre as escolhas ruins, mas vocês já pegaram a ideia, né?
Dead City começou com uma promessa de algo com personalidade e identidade em uma franquia desgastada, mas, desde então, só vimos o mais do mesmo. Entre zumbis sendo descartados, cenários pouco aproveitados e falta de criatividade com suspense/terror, Doma Smo tenta vender aquela lutinha mal-dirigida de Negan e Maggie como a culminação de alguma coisa. Mas, na verdade, a conclusão da temporada, que na verdade não conclui nada, finaliza o resgaste de Hershel com uma trama completamente anticlimática e preguiçosa que só quer mesmo vender a próxima temporada em vez de contar uma boa história. Ainda tem a cara de pau de botar aquele shot duplo dos rostos dos co-protagonistas que não significa absolutamente nada. O jeito é desistir de TWD mesmo.
The Walking Dead: Dead City – 1X06: Doma Smo (EUA, 20 de julho de 2023)
Desenvolvimento: Eli Jorné
Direção: Gandja Monteiro
Roteiro: Eli Jorné
Elenco: Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan, Gaius Charles, Željko Ivanek, Mahina Napoleon, Logan Kim
Duração: 52 min.
