Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead: Dead City – 1X02: Who’s There?

Crítica | The Walking Dead: Dead City – 1X02: Who’s There?

Toc Toc...

por Kevin Rick
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Apesar de ter gostado menos deste segundo episódio, muitas das qualidades que vi em Old Acquaintances ainda estão aqui. A fotografia e o filtro da série continuam buscando esse visual mais underground, sendo que o episódio aposta ainda mais em cenas que são quase wide shots da cidade, principalmente nos momentos de tirolesa. Podemos ver a produção realmente se esforçando para criar algum tipo de estética e identidade visual própria, incluindo aí as armas feitas de furadeiras e o exército do The Croat que lembrou um pouco motoqueiros à la Mad Max. A ideia de aproveitar diferentes cenários de Nova York também é bem-vinda, sendo que estou ansioso por alguma sequência no metrô.

Infelizmente, a direção de Loren Yaconelli é muito fraca ao longo de Who’s There?. Começamos pela sequência inicial, quando Maggie e Negan estão perseguindo a velhinha. A maneira como os dois co-protagonistas correm com uma certa preguiça atrás da personagem é quase cômica, com Yaconelli tendo muita dificuldade de criar tensão em alguns momentos chaves, como quando estão subindo a escada de um elevador abandonado com um fundo cheio de zumbis ou na cena da tirolesa. Existem alguns indícios de que Maggie tem medo de altura, mas a diretora não aproveita o ambiente, o cenário e tampouco os zumbis para criar o mínimo de sensação de perigo ou estresse na cena.

Falta realmente um senso tátil por parte da diretora, algo que podemos ver em outros momentos limitados. Quando Negan está botando seu show ao degolar e estripar um pobre coitado (mais disso à frente), os inimigos simplesmente ficam parados deixando tudo acontecer. Chega a ser meio estúpido o desenrolar da cena. A diretora também não consegue trazer criatividade para os pequenos blocos com Armstrong ou Ginny, sendo que a garotinha tem uma subtrama bem descartável até o momento. As cenas de ação em si não são de todo ruins, com coreografias bacaninhas aqui e ali, além de boas sacadas com armas brancas inventivas, mas se Dead City quer almejar mais tensão, terror e angústia por parte do telespectador, Yaconelli ou os próximos diretores terão que mostrar evolução por trás das câmeras.

Em termos narrativos, Who’s There? é cheio de intercalações entre ação e momentos de exposição. O episódio demanda paciência além do necessário, mas há o que se apreciar nas cenas de conversações. Posso ver o diálogo em um nível melhor do que vínhamos tendo na série original, com abordagens mais maduras para o drama e até poucos momentos de silêncio, uma arte da qual essa franquia parecia ter esquecido. A cena do banheiro é particularmente interessante, com o roteiro sabendo trazer o contexto do passado do The Croat de uma maneira natural, com ótimo discurso de Negan.

Ele dizer que é “um monstro apenas absolutamente quando necessário” é a maior mentira de todas, uma vez que estuprava e torturava seu próprio povo, mas o showrunner Eli Jorné tem feito um bom trabalho de colocar o sádico personagem nos eixos. Seu cinismo mesclado com sarcasmo tem retornado, junto de suas técnicas de sobrevivência como um showman sanguinário. Por mais que não gosto da construção da cena que ele degola seu inimigo, o “espetáculo” criado por Negan é um destaque à parte, com uma interação apenas de olhares entre o anti-herói e Maggie que vale mil palavras. O texto de Jorné não pinta o personagem como um ser diabólico, mas também não força aquele arco de redenção do pai de família que a série original tentou nos empurrar goela abaixo, o que é bom. Gostaria, porém, de mais desenvolvimento da Maggie.

Mesmo com os elogios pontuais, Who’s There? beira ser ruim para mim. Loren Yaconelli se mostrou uma diretora extremamente limitada, apesar dos claros esforços da produção com ambientação e identidade visual, sendo que seu trabalho ruim se configura em um episódio com péssimo ritmo. A culpa também é parcialmente de Eli Jorné, que tem movido a história com um pezinho de enrolação a mais do que deveria, principalmente quando nos lembramos que estamos vendo uma minissérie. Mas ainda tem o que se gostar em mais um episódio de Dead City que mostra elementos que o presente crítico continua otimista de assistir melhores executados, mesmo com a probabilidade de quebrar a cara.

The Walking Dead: Dead City – 1X02: Who’s There? (EUA, 22 de junho de 2023)
Desenvolvimento: Eli Jorné
Direção: Loren Yaconelli
Roteiro: Eli Jorné
Elenco: Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan, Gaius Charles, Željko Ivanek, Mahina Napoleon, Logan Kim
Duração: 62 min.

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