- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.
Quando L’Invisible terminou, me dei conta que já estamos na metade da segunda temporada. Esses anos mais curtos fazem bem ao seriado, que claramente tem mantido um bom nível de produção em razão do orçamento melhor distribuído entre os episódios, especialmente em termos de locações (nesse episódio não temos apenas a belíssima paisagem do castelo, como também um núcleo inteiro no Louvre!), além de dar um senso de urgência à história, algo que senti nesse episódio. Ainda vejo problemas que não me deixam classificar o capítulo exatamente como algo bom, mas que é ágil e minimamente interessante para manter um nível de qualidade mediano.
A narrativa é novamente dividida, com Carol buscando informações do paradeiro de Daryl, enquanto o mesmo se prepara para liderar um grupo de resgate para Laurent. Continuo preferindo o arco de Carol, que dessa vez acaba sendo pega por Genet, uma vilã extremamente genérica até aqui, mas que acaba tendo um flashback que a torna menos unidimensional. Penso que a direção poderia ter se aproveitado muito mais das sequências no Louvre, inclusive com uso dos zumbis dentro do museu (que oportunidade desperdiçada de fazer um mini-filme de terror aqui…), mas o backstory funciona para efeitos dramáticos. Gosto das conversas e manipulações entre a antagonista e Carol, em um desenvolvimento razoável em termos de caracterizar melhor a vilã e dar uma base para o meu maior interesse nessa linha narrativa: os zumbis mutantes; que podem efetivamente dar uma cara nova e um necessário senso de perigo para os mortos-vivos na reta final da temporada.
Do lado de Daryl, continuo achando os temas e os desenvolvimentos em torno da história messiânica de Laurent extremamente confusos e sem muita direção dramática. A morte boba de Sylvie, o discurso sem nexo do Losang e a cerimônia sem muito sentido são momentos desse núcleo que me parecem jogados narrativamente e também mal construídos em termos de tensão (era realmente para nos preocuparmos com Laurent sendo mordido?). O jovenzinho é muito apático ao longo de todo esse episódio, com o roteiro tentando (e falhando) estabelecer essa nova “família” de Daryl.
Para não dizer que o núcleo é de todo ruim, gosto da abordagem do diretor Michael Slovis com a tomada longa na fuga de Daryl, em uma sequência de combate bem construída em sua coreografia inspirada em sucessos recentes do cinema de ação – não é nada excelente, mas é um momento divertido e badass que engloba bem o personagem. Novamente, acredito que falta suspense em diversas cenas, mas o trabalho da produção aqui não é ruim. Até o roteiro de Lisa Zwerling contém alguns momentos surpreendentes de vulnerabilidade por parte do protagonista nas cenas que está preso. Quem sabe esse dilema do personagem sobre voltar ou não para os EUA (ou pelo menos em torno de sua “nova família”) não se torne interessante quando encontrar Carol.
L’Invisible é um episódio melhor escrito do que os anteriores, principalmente em termos de diálogos que soam naturais e humanos, retratando bem alguns momentos dramáticos entre os personagens, em especial Daryl, Carol e Genet. A melhor caracterização da antagonista e a possibilidade de termos super zumbis são os pontos altos de um episódio que, no todo, ainda é medíocre, mas que é ágil e tem um senso de urgência que estabelece bem o conflito que veremos no próximo capítulo, com os núcleos de Daryl e Carol possivelmente convergindo.
The Walking Dead: Daryl Dixon – O Livro de Carol – 2X03: L’Invisible (EUA, 13 de outubro de 2024)
Desenvolvimento: David Zabel
Direção: Michael Slovis
Roteiro: Lisa Zwerling
Elenco: Norman Reedus, Clémence Poésy, Louis Puech Scigliuzzi, Laïka Blanc-Francard, Anne Charrier, Romain Levi, Melissa McBride, Joel de la Fuente, Manish Dayal
Duração: 60 min.