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Crítica | The Walking Dead: Daryl Dixon – 1X04: La Dame de Fer

A freira e a boate.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Entre Paris Sera Toujours Paris e La Dame de Fer, a narrativa de The Walking Dead: Daryl Dixon estagnou totalmente. Claro que os dois primeiros episódios da temporada estão longe de serem grandes exemplos de qualidade da franquia, mas há um senso de avanço da história que deixa a jornada de Daryl e cia. minimamente engajante, algo que foi descartado nas duas últimas semanas. No capítulo anterior terminamos com o cliffhanger da queda de Daryl após a tentativa de fuga da boate de Quinn, e agora esta semana terminamos o episódio com Daryl… fugindo da boate de Quinn.

É difícil sacudir a sensação de que a narrativa basicamente andou em círculos, nos entregando um episódio cheio de cenas absolutamente descartáveis, como a sequência do cara do pombinho morrendo, a ameaça quase constrangedora de Genet, a tortura do capanga de Quinn e por aí vai, num interminável túnel de momentos aleatórios sem qualquer tipo de efeito dramático. É como se o roteiro ficasse procurando situações para preencher um episódio essencialmente vazio, terminando num ponto similar da semana passada, com a diferença da junção entre o protagonista e Laurent, e o fato de Isabelle ficar para trás em uma desculpa esfarrapada dos roteiristas para que agora vejamos apenas os dois personagens principais em ação – demorou quatro episódios para eles assumirem a cópia de The Last of Us, ein?

Falando no garoto, ainda é difícil delinear o que a série quer exatamente representar com seu personagem. Obviamente que os traços de messianismo existem, mas é perceptível que tanto a direção quanto o roteiro não conseguem trazer uma abordagem necessariamente crível ou curiosa para o tema. Não existe nada realmente simbólico, com exceção talvez daquela cena em que Daryl sonha com o menino rezando e afastando zumbis (que não dá em nada, aliás), tampouco existe algo crítico ou minimamente provocativo/reflexivo sobre as insinuações de religião e fé na maioria dos diálogos. É para esse menino ser um símbolo de esperança? Por que exatamente? E cadê a substância dramática ou qualquer tipo representação temática, narrativa ou simbólica em torno disso? Parece que a história quer que compremos essa ideia com algumas poucas linhas de diálogo sobre inocência e pureza infantil como justificativa.

Pior do que isso é a absoluta preguiça em diversas cenas do episódio. Aparentemente, Daryl foi mordido na água e até aparece mancando depois, mas isso fica no ar… numa mistura de mistério desleixado com insinuação aleatória. Temos também a sequência terrivelmente mal dirigida de Laurent sendo sequestrado – o que foi aquele shot do Daryl deixando de puxar o garoto do carro? Que negócio bizarro – ou a despedida completamente sem emoção de Isabelle e aquela outra ex-freira que tá com a libido explodindo. A temporada foi gradualmente se tornando uma colagem de momentos arbitrários, algo que me faz olhar de forma menos agradável para os conceitos que elogiei no piloto, como o lado medieval ou os aspectos religiosos que não deram em absolutamente nada até agora. Notem, por exemplo, a cena da tortura e a indicação quase de julgamento de Isabelle, abrindo espaço para um discussão de moralidade e violência que a franquia já abordou, mas que simplesmente fica no vento…

The Walking Dead: Daryl Dixon começou com algumas ideias minimamente curiosas e inusitadas para a franquia, mas à medida que os episódios têm avançado, é perceptível que não existe qualquer coesão ou aprofundamento nos conceitos e temas apresentados ou insinuados pela narrativa. É tudo jogador no ar, mantendo os mesmos problemas dramáticos da franquia (diálogos ruins, melodramas) e os de direção também (falta de tensão, zero criatividade visual para encenação ou ambientação, nenhum escopo), além dessa sensação crescente de aleatoriedade que tenho sentido nos últimos episódios. Isso já era esperado, mas caramba, como esses episódios recentes perderam até mesmo aquele fio de diversão caótica, caindo no marasmo narrativo enjoativo e de dar sono. Mais um derivado que está indo para o buraco.

The Walking Dead: Daryl Dixon – 1X04: La Dame de Fer (EUA, 01 de outubro de 2023)
Desenvolvimento: David Zabel
Direção: Tim Southam
Roteiro: Shannon Goss
Elenco: Norman Reedus, Clémence Poésy, Louis Puech Scigliuzzi, Laïka Blanc-Francard, Anne Charrier, Romain Levi, Adam Nagaitis
Duração: 48 min.

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