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Crítica | The Walking Dead – 5X04: Slabtown

por Ritter Fan
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam a crítica de todas as demais temporadas, dos games e das HQs, aqui.

Você certamente sabe o quanto é irritante quando você faz uma pergunta para alguém e essa pessoa responde com outra pergunta, não é mesmo? Em Slabtown, Scott Gimple faz justamente isso, mas o resultado não é irritante exatamente, apenas enervante, desesperante, exasperante. Mas é isso que o showrunner queria, tenho certeza!

Afinal de contas, depois de ter acabado o terceiro episódio com um bem bolado cliffhanger, mas que não deixa de ser safado (quem é que raios termina um “terceiro episódio” com esse tipo de artifício???), ele faz a mesmíssima coisa no quarto. Qual é o nome disso, double cliffhanger? Ou é gozação de Gimple mesmo, que deve estar rindo de todos os espectadores a essa hora?

E não é só isso. Slabtown é uma espécie de desvio na história que ele estava contando, literalmente o tal “coelho-zumbi” que ele retira de sua cartola exatamente como havia previsto no final de minha crítica anterior. O episódio abre com Beth acordando em um hospital em Atlanta, em uma espécie de recomeço da série e que mostra, curiosamente, o quão perto do início Rick e seu bando estão. Seu acordar repentino literalmente nos faz lembrar do despertar de Rick, sozinho, em um hospital cercado de zumbis, lá no comecinho da série. É diferente voltar, depois de tanto tempo, para uma cidade grande, ainda que a ação do episódio seja circunscrita ao hospital em si, comandado pela policial Dawn (Christine Woods) com mão de ferro, mas acomodando certos hábitos terríveis do policial Gorman (Cullen Moss).

Há uma nova estrutura hierárquica, algo que vimos pela última vez em Woodbury, em que cada vítima ajudada pelo hospital tem que trabalhar para pagar os serviços prestados e tudo que consome. Faz sentido até, mas os mistérios envolvendo Dawn, Gorman e também o único médico do local, o Dr. Steven Edwards (Erik Jensen), que simpatiza com Beth, se amontoam, mas não ao ponto de incomodar, já que ele são bem resolvidos no episódio, deixando claro que não é bem isso que interessa agora.

A missão dos roteiristas é hercúlea, pois, em Four Walls and a Roof, a história dos canibais e o mistério do padre Gabriel acabam. O cliffhanger envolve a chegada de Daryl, que supostamente fora atrás da própria Beth, acompanhada de mais alguém, mas não vemos quem. Assim, o trabalho de Matthew Negrete e Channing Powell é duplo: eles têm que fazer a ligação com a narrativa de Daryl e Carol ao mesmo tempo que nos apresentam a um elenco inteiramente novo.

E a coisa funciona até certo ponto, pois o começo é lento, claudicante, já que aprendemos na medida em que Beth aprende o que exatamente está acontecendo. As ideias se repetem, especialmente a de que “tudo tem um preço” e, quando a ação vem, ela é aleatória demais, rápida demais, inconclusiva demais. Não é ruim, longe disso, especialmente se levarmos em conta a iluminação saturada da claridade fora do hospital, quando vemos a fuga desesperada de Beth e de seu novo parceiro Noah (Tyler James Willians) pelo pátio. A fotografia e a montagem também nos impedem de ver mais do que a visão de Beth e isso cria rápidas surpresas ao seu redor, encerrando bem o episódio, depois de uma direção mais burocrática de Michael E. Satrazemis.

Mas é o caminho até o encerramento que é marcado pela certa lentidão que mencionei e um exagero expositivo em relação à temática religiosa marcada pelo quadro de Caravaggio na sala do Dr. Steven. Ele precisava mesmo explicar o significa do quadro e como ele “justifica” suas ações? Isso não poderia ter ficado subentendido?

E o novo cliffhanger vem, agora, na figura de Carol, que chega de maca ao hospital. E isso levanta a dúvida da temporalidade desse episódio. Ele se passa ao longo de quanto tempo? Estamos falando de dias ou semanas? Pelo menos a fuga final parece se passar depois que Daryl e Carol seguem um dos carros do hospital que passa a toda no episódio anterior. No entanto, como o primeiro ferimento de Beth ainda mal cicatrizou, parece que pouquíssimo tempo se passou entre seu sequestro e o começo do episódio e também até o fim dele. Por outro lado, isso não parece  combinar exatamente com a volta de Daryl no cliffhanger anterior, já que ele parece estar trazendo Beth de volta. Isso fundiu meus miolos e ainda estou pensando o que acontecerá no próximo episódio e como as peças desse quebra-cabeças se encaixam (alguém teria algum teoria?).

De toda forma, uma coisa é certa: apesar de Slabtown não ser um capítulo no mesmo nível dos anteriores, ele era necessário. O ritmo de Gimple estava muito apertado, muito resolutivo. A série precisava de “carne fresca” e parece que o hospital em Atlanta tem muito a oferecer, pelo menos mais um episódio inteiro de ação, pois desconfio que Carol-Rambo esteja apenas fingindo naquela maca marota e vai puxar uma granada do bolso já já…

Mesmo respondendo com outra pergunta, Gimple continua no caminho certo.

The Walking Dead – 5X04: Slabtown (Idem, EUA – 2014)
Showrunner: Scott M. Gimple
Direção: Michael E. Satrazemis
Roteiro: Matthew Negrete, Channing Powell
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Steven Yeun, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Michael Cudlitz, Chad Coleman, Sonequa Martin-Green, Lawrence Gilliard, Josh McDermitt, Christian Serratos, Andrew J. West, Seth Gilliam, Andrew J. West, Christine Woods, Erik Jensen, Tyler James Williams, Keisha Castle-Hughes, Cullen Moss
Duração: 42 min. (aprox.)

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