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Crítica | The Walking Dead – 2X04: Cherokee Rose

por Iann Jeliel
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Cherokee Rose

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead. 

Cherokee Rose é essencialmente um episódio de preparação de conflitos, envelopado numa exploração dramática da rotina de um apocalipse, que por sua vez, é o maior deles em jogo. Carl (Chandler Riggs) foi salvo, mas precisa se recuperar. Sophia (Madison Lintz), ainda não foi encontrada. Esses são os dois únicos motivos que mantém o grupo de Rick (Andrew Lincoln) na fazenda de Hershel (Scott Wilson) por hora. Após a perda de Otis (Pruitt Taylor Vince), mesmo que involuntária – na cabeça deles, visto que ninguém sabe que Shane (Jon Bernthal) o matou –, o senhor veterinário recém apresentado deixa claro a Rick que os dias que ele e seu grupo ficarão por ali, estão contados, pensando em preservar a segurança da familia de possíveis novos problemas que eles podem trazer. Claro, haverá outros motivos relacionados a serem desenvolvidos no futuro, mas a motivação primária sobreposta, já é suficiente para englobar um clima de tensão constante do momentâneo, visto que, Hershel exige que o pessoal siga suas regras, gerando pequenos desgastes na condução da rotina do grupo, e principalmente na posição de Rick com líder, que quer atingir uma parcimônia agradável a ambos os grupos.

Acontece, que Rick não quer deixar a fazenda. Seu sentimento após a quase morte de Carl, é de pura desconfiança. Ele já não acredita mais que a ida ao Forte Benning seja o símbolo de esperança que pensava anteriormente. Ele está cada vez mais, aceitando aquela realidade como definitiva – a roupa de xerife guardada no final, muito simbólica nesse sentido. Acostumado a ela, ele vê na fazenda uma safe-zone prospera de se evitar maiores riscos a sua familia do que o apocalipse reserva e vai confrontar Hershel com isso para tentar convencê-lo. O debate do costume é colocado mais explicitamente na cena que marca esse episódio para além de um “filler” – segundo telespectadores que acham que The Walking Dead deve ter ação o tempo todo – a gloriosa cena do zumbi do poço. Unindo útil ao agradável, a sequência não é só bem construída como suspense situacional – dada a vulnerabilidade dos personagens no início, quando a corda rompe o bombeador, era muito possivel ter acabado em fatalidade –, como fornece material dramático para a montagem de pelo menos mais três situações dentro do próprio episódio.

A quase morte de Gleen (Steven Yeun), o motiva a investir em Maggie (Lauren Cohan), que por sua vez é a primeira da familia de Hershel a receber um choque de realidade sobre a natureza mórbida dos walkers – algo fundamental para a parte do celeiro –, quando T-Dog (Irone Singleton) finaliza aquele extremamente bem maquiado, zumbi. A câmera nessa hora, foca rapidamente nas expressões apáticas de outros personagens, demonstrando o quanto eles estão começando a se acostumar com essa violência desenfreada que os circundam. Andrea (Laurie Holden) ganha um close a mais, porque mais tarde, essa casca por ela criada, começa a ser discutida com Shane, quando ele vai ensiná-la a atirar. Certamente o mais envolto na ambientação após assassinar Otis, Shane comenta com ela indiretamente seu conflito interno – algo devidamente bem encenado por Berthal na abertura com o funeral de Otis –, da dificuldade, mas necessidade de se desligar da moral dos pensamentos particulares para tomar decisões difíceis – como matar alguém – por um benefício maior.

O problema é que Shane olha esse benefício maior somente para Lori (Sarah Wayne Callies) e Carl e não ao grupo como um todo, uma vez que ele os deseja para si e não ficaria na fazenda pelo resto, caso não enxergasse a chance – confirmada quando Lori diz que gostaria que ele ficasse – de “recuperá-los”. Rick é sua barreira, porque se não fosse por ele, certamente a regra de Hershel de não utilizar armas, explodiria rapidamente em confusão. Há resquícios de respeito ainda pelo amigo que vão começando a se desgastar e que tem na gravidez de Lori, o possível estopim de cisão. É de Rick? É de Shane? Não importa. A bomba foi implementada aqui e The Walking Dead usaria muito bem essa informação maturada ao longo da temporada para girar o conflito em uma bola de neve incontrolável, até para quem não está diretamente envolvido, como o Gleen, que sai nessa missão de achar um teste de gravidez escondido e não terá só isso para guardar segredo e ficar pressionado mais à frente.

Há quem reclame de Cherokee Rose, como do início da temporada como um todo por “enrolar” muito na resolução de Sofia, mas percebam o tanto de dramas acumulativos implementados relevantes introduzidos por eles. Inclusive, dramas “positivos”. Foi daqui que surgiu a empática relação de Carol (Melissa McBride) e Daryl (Norman Reedus), demarcada pelo belíssimo diálogo que dá título ao episódio, após Daryl encontrar vestígios da sobrevivência de sua filha e um sinal de esperança de que ela esteja viva. Por mais que seja uma jogada sacana de expectativa, ela não é de todo descartável, até por ser um movimento que nos investe mais na narrativa e desenvolve primorosamente Daryl para muito além de um simples caipira badass em sobrevivência. Todos os personagens na verdade, estão sendo desenvolvidos bem com isso. Uns mais outros menos, mas cada um no seu tempo e relevância do implante de conflitos para o grupo ser desenvolvido como um todo. Algo que a primeira metade da segunda temporada, fez primorosamente e foi fundamental para construir o fenômeno justificado que foi a série posteriormente.

The Walking Dead – 2X04: Cherokee Rose | EUA, 6 de Novembro de 2011
Diretor: Billy Gierhart
Roteiro: Evan T. Reilly, Angela Kang
Elenco: Andrew Lincoln, Jon Bernthal, Sarah Wayne Callies, Laurie Holden, Jeffrey DeMunn, Steven Yeun, Chandler Riggs, Norman Reedus, Melissa McBride, Irone Singleton, Lauren Cohan, Emily Kinney, Scott Wilson, Jane McNeill, James Allen McCune
Duração: 42 minutos

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