- SPOILERS do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.
Se The Walking Dead ganhasse um dólar para cada vez que Negan diz coisas como “eu sei o que fiz” ou “precisamos colocar nossas diferenças de lado”, talvez o orçamento da série não teria diminuído. Quem acompanhou meus textos recentes, sabe da minha opinião sobre o arco do personagem, que foi de vilão sádico à futuro papai que quer ajudar a todos com seus grandes olhos tristes (sério, deem uma olhada na feição de Jeffrey Dean Morgan na imagem em destaque). Mas o estrago já foi feito, então é extremamente enfadonho a insistência dos roteiristas em justificar a presença do personagem com esses embates dramáticos que não vão a lugar nenhum, seja com Maggie, seja com Ezekiel neste episódio.
A péssima interação entre Negan e Ezekiel também parece indicar uma trajetória narrativa que não gosto: revolução contra o governo de Pamela, possivelmente liderada pelo antigo rei, e também por Maggie, considerando seu discurso final sobre retomar Alexandria, que, por sua vez, é o misterioso Ponto Avançado 22. Tendo em mente a proposta política de Commonwealth, a ideia de finalizar o seriado com uma revolução até soa bacana, mas os roteiristas vão criar esse movimento em apenas três episódios? Uma narrativa política verdadeiramente inteligente teria uma longa construção sobre uma possível insurgência, e não jogaria tudo para o finalzinho.
Aliás, essa proposta já se mostra problemática neste episódio. O segmento naquele campo de trabalho é horrendo por qualquer ângulo que possamos analisar. Não existe escopo, tanto que o local tem apenas uns cinco guardas, razão pela qual não entendi por que Negan e Ezekiel não ensaiaram uma fuga ali mesmo, considerando que já abateram mais inimigos sozinhos em diversos momentos da série. Essa falta de escala será um problema se a história quiser criar uma revolução popular liderada por Ezekiel, como aconteceu naquela “manifestação” contra o Sebastian, que devia ter meia dúzia de protestantes.
Também não entendi a existência daquele cenário, uma vez que os personagens ficam ali durante um ou dois dias, não fazendo exatamente nada, para logo depois serem transportados para Alexandria. A falta de logística desse seriado se tornou uma piada, como na conveniência de Maggie, Gabriel e Rosita serem conduzidos em um veículo diferente dos outros, com uma rota de fuga fácil e apenas um guarda dorminhoco… Eu deveria sentir tensão com essa direção fraca? O momento ainda termina com um gore gratuito do rosto do motorista para, sei lá, nos lembrar que estamos vendo TWD (?).
A partir dessa fuga, grande porção do episódio foca em três núcleos (Maggie; Rosita e Gabriel; Daryl e Carol), que lutam contra os soldados da Commonwealth para se libertarem e ajudarem seus amigos, se convergindo na metade da história. Quase todas as cenas aqui são tediosas, com os mesmos dramalhões chatos dos personagens, como os flashbacks mal colocados de Maggie com seu filho; a falta de urgência do clímax da obra, considerando que NENHUM personagem principal morre mais nessa história; e, claro, a mesma direção decepcionante. Também temos umas cenas bem forçadas com a morte de dois soldados da Commonwealth.
O trabalho da cineasta Tawnia Mckiernan está entre os piores na história do programa. A sequência do salvamento no trem é cheia desses tiroteios arbitrários e sem localização da cena, com balas voando a torto e a direita desprovidas de tensão visual, sem falar que não temos uma coreografia ou jogo de câmera minimamente interessantes ao longo da ação. Tudo fica mais tenebroso na perseguição de moto do Daryl, com uma direção tremida, enfoques amadores, uma elipse dentro da ação com o acidente do soldado (!!!) e aquele momento risível com Daryl jogando a moto para derrubar o antagonista, incluindo uma pequena breguice de slow-motion. É uma cena de vergonha alheia que sintetiza meu sentimento com o episódio e essa reta final do seriado.
OBS: O seriado não consegue nem agradar o TOC do telespectador, colocando o título de “Outpost 22” no episódio 21…
The Walking Dead – 11X21: Outpost 22 | EUA, 30 de outubro de 2022
Diretor: Tawnia Mckiernan
Roteiro: Jim Barnes
Elenco: Norman Reedus, Lauren Cohan, Josh McDermitt, Seth Gilliam, Ross Marquand, Khary Payton, Jeffrey Dean Morgan,
Nadia Hilker, Cassady McClincy, Lauren Ridloff, Lynn Collins, Josh Hamilton, Margot Bingham, Laila Robins, Angel Theory, Medina Senghore, Okea Eme-Akwari, Avianna Mynhier, Teo Rapp-Olsson, Gonzalo Menendez, Matt Bushell, Kien Michael Spille, Gustavo Gomez, John Gettier
Duração: 45 min.