- SPOILERS do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.
Como um leitor pontuou muito bem nos comentários da crítica de A New Deal, as montagens nostálgicas dessa reta final do seriado estão se tornando insuportáveis e, pior, agora estão sendo usadas como artifício brega e pobre para nos contextualizar da história do episódio. Se lembram dos inícios de séries procedurais, onde temos compilados para relembrar ou introduzir os espectadores para eventos passados da série que irão ganhar desenvolvimentos no episódio? Pois é, essas cenas passadas com a narração de Judith se tornaram isso.
Eu odeio produções que fazem esse tipo de coisa. É tipo ver um spoiler gigante em alguns segundos, nos contando o que veremos na narrativa em termos temáticos e dramáticos. A partir do momento que Eugene ganhou foco na montagem, era óbvio que teríamos uma história rondando seu dilema entre coragem e covardia que vem sendo retratado há anos sem muita progressão. Como esperado, o roteiro segue os eventos da morte de Sebastian em uma trama sobre fazer a coisa certa ou sobreviver.
E, devo dizer, a execução foi um saco. Que episódio chato gente, com um milhão de close-ups, planos fechados e personagens fazendo longos discursos moralistas e expositivos sobre suas emoções rasas. É incrível como a direção de The Walking Dead perdeu qualquer senso de espaço, de silêncio e de sutileza. A câmera faz zooms apelativos no rosto de Eugene chorando; cada personagem no episódio ganha um monólogo ou solilóquio; e 80% da história acontece em aposentos fechados sem muito entusiasmo visual ou profundidade dramática – ah, saudade da direção claustrofóbica da prisão…
E nem queiram me falar que isso é resultado de uma narrativa política. Não tem nada de substância política nesse episódio, só melodramas. Incrivelmente negativo como o seriado não consegue sequer usar a premissa sociopolítica de Commonwealth para criar sequências de perseguição daqueles no poder. Não vemos soldados perseguindo Eugene; Rosita vai de uma prisão até a Igreja sem nenhum problema; e todas as cenas de interrogatório com Mercer não têm um tiquinho de aflição. The Walking Dead esqueceu o que é suspense!
Consegui ver vislumbres de boa qualidade, porém. O segmento de Jerry, Aaron e aquele par de adolescentes desinteressantes tem um conceito interessante com a trajetória perigosa, a busca pelo Reino 2.0 e, bem, zumbis!! É legal saber que a série ainda lembra deles. Ganhamos até uma versão evoluída das criaturas, com um zumbi que abre portas, escala e usa armas. A luta dele com o Aaron é de longe o melhor momento do episódio, e a única parte que senti tensão com a direção.
O conceito de evolução de zumbis parece vir meio tarde no seriado, mas traz um pouco de vida para uma história repetitiva e hermeticamente focada em dramas superficiais e diálogos cafonas sobre coragem, amor, e blá blá blá. É por isso que eu fiquei completamente furioso quando tivemos um corte daquele segmento para todos os zumbis mortos. Que maldição viu, quase o episódio todo é entupido de cenas desnecessárias, enquanto o segmento mais bacana acontece quase todo fora de tela. Eu queria muito ter visto eles lutando com os zumbis… Enfim, TWD encontrando novas formas de me deixar decepcionado quando já aguardo decepção. Pelo menos não tivemos Negan paizão poluindo a televisão.
The Walking Dead – 11X19: Variant | EUA, 16 de outubro de 2022
Diretor: Karen Gaviola
Roteiro: Vivian Tse
Elenco: Norman Reedus, Lauren Cohan, Josh McDermitt, Seth Gilliam, Ross Marquand, Khary Payton, Jeffrey Dean Morgan,
Nadia Hilker, Cassady McClincy, Lauren Ridloff, Lynn Collins, Josh Hamilton, Margot Bingham, Laila Robins, Angel Theory, Medina Senghore, Okea Eme-Akwari, Avianna Mynhier, Teo Rapp-Olsson, Gonzalo Menendez, Matt Bushell, Kien Michael Spille, Gustavo Gomez, John Gettier
Duração: 45 min.