Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead – 11X09: No Other Way

Crítica | The Walking Dead – 11X09: No Other Way

Bons momentos que poderiam ter sido vistos antes…

por Iann Jeliel
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  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Por que a última temporada de The Walking Dead foi escolhida para ter 24 episódios, se em “um terço” dela foram gastos seis episódios (até mais do que isso, se for contar com alguns do final da décima temporada) num arco que chegou basicamente no mesmo lugar que chegaria caso fosse contado em apenas um episódio? No Other Way seria esse episódio, que já começa mais honesto desde o título, pois realmente não havia “outro jeito” de finalizar a narrativa dos “reapers” senão com o seu extermínio. A diferença é que essa comunidade, dentre tantas outras que os “heróis” remanescentes de The Walking Dead enfrentaram, não apresentavam quaisquer justificativas plausíveis para ser um desafio tão encardido a ponto de tomarem uma parcela tão grande de tela nos momentos finais da série. Até buscou-se dar uma justificativa nesse clímax, colocando como parâmetro a habilidade acima da média dos membros da comunidade como um fator dificultador relevante, apesar de sua pouca quantidade. Contudo, isso pareceu mais uma das leis de compensação que a série já vem utilizando há algum tempo e que prolongou demasiadamente esse confronto derradeiro entre as comunidades.

Pelo menos o que foi entregue na ação, ao contrário da primeira midseasson da temporada, foi empolgante. Tirando a arma de fogos de artifício, que não deu em nada, desde o combate corpo a corpo de Daryl (Norman Reedus) contra um dos capangas que lhe deu muito trabalho, passando pelo embate de Carter (Alex Meraz) lutando de igual para igual com o Ninja (Okea Eme-Akwari), Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan) juntos, até a cena de sua negociação com todo mundo envolvido, onde o Padre Gabriel (Seth Gilliam) salva geral no último minuto e Maggie volta a ser “psicótica” matando os últimos “reapers” a sangue frio pelas costas – mesmo depois do apaziguamento, por vingança – são momentos dignos de um ótimo episódio. Momentos que poderiam fazer No Other Way um ótimo episódio caso acontecessem num contexto favorável, de preferência aquele imediato à primeira aparição dos genéricos vilões.

Claro que existe aí o fator Leah (Lynn Collins), mas, honestamente, seu envolvimento emocional com o Daryl não funcionou e/ou não potencializou em nada a relevância do núcleo quando conduzida num desenvolvimento supostamente cuidadoso. Seria até melhor que Daryl só soubesse do envolvimento com o grupo rival naqueles finalmentes da tensão, de modo a ficar mais impactante para o personagem a atitude de Maggie em quase matar sua “amante”. No fim, Leah sai viva, mas isso ainda vira motivo para que Daryl se revolte contra Maggie no futuro, num bizarro salto temporal utilizado como gancho ao fim do capítulo. Pelo menos é o que dá a entender. Porque se for por qualquer outro motivo que não essa mágoa aparentemente deixada entre os dois, não tinha razão para o fim do capítulo apressadamente querer introduzir o núcleo de Commonwealth conhecendo Alexandria caída aos pedaços.

É engraçado que não existe timing algum na sequência de acontecimentos. Daryl, Maggie, Elijah e Gabriel retornam, fazem seus reencontros – Daryl e Connie (Lauren Ridloff), o melhor deles – e durante esses reencontros chega a cavalaria da Nova Ordem Mundial, conduzida por Eugene (Josh McDermitt) com todos os recursos que necessitavam e anunciando outros tantos recursos disponíveis na outra comunidade. Ou seja: todo o parto que foi para conseguir comida através do confronto com os “reapers”, onde meio mundo de gente morreu no caminho – destaque para o pobre Alden (Callan McAuliffe), menosprezado como personagem até na morte –, foi meio que um sacrifício “em vão”, narrativamente falando. Confirma o quão desnecessária foi essa enrolação. Aumenta o sentimento de como o tempo das tramas foi mal aproveitado nesses episódios. Lembremos: na última aparição de Commonwealth, Eugene ainda estava entre as cordas com o governo por ter batido no filho da governadora. Quer dizer que o roteiro vai simplesmente pular toda a resolução desse conflito e resumi-la em diálogos expositivos? Assim como resumiu essa apresentação entre as comunidades?

A temporalidade de tramas, cenas e decisões narrativas definitivamente é um problema que precisa ser visto com urgência em The Walking Dead. É só ver que de uma cena para outra a noite vira dia, tanto no embate com os “reapers”, quanto no conflito com os zumbis na casa de Aaron (Ross Marquand) sob tempestade – que também rendeu ótimos momentos de tensão no episódio, apesar de não terem aproveitado a potência do gancho dado anteriormente, além daquela espada da Judith (Cailey Fleming) debaixo da água que podia ter machucado alguém. Ver que a decisão de fazer com que Negan deixe o grupo, novamente pelo caráter unilateral da personalidade de Maggie a ameaçá-lo (apesar de render uma ótima cena entre os dois), o faz voltar para a estaca que estava antes de seu episódio de origem, meio que o tornando desnecessário também. Afinal, seu intuito era promover a construção da redenção do personagem para firmá-lo como uma peça fundamental dentro do grupo principal no “agora” em que eles precisavam dele. Pode até ser que ele volte e se firme depois (provável que vá; é o Negan que estamos falando), mas aí já vai poder ser tarde, para variar.

Caso fosse o terceiro ou quarto episódio da temporada, numa cirúrgica adaptação e corte de vários acontecimentos desnecessários do que veio antes dele, No Other Way tinha potencial para ser um excelente episódio pela sua execução isolada e competente. Por conta de todo o contexto prévio ser desfavorável e prejudicial pelas várias estranhezas temporais, no máximo, podemos dizer que a lei da compensação em mid-seasons agiu e compensou minimamente.

The Walking Dead – 11X09: No Other Way | EUA, 20 de Fevereiro de 2022
Diretor: Jon Amiel
Roteiro: Corey Reed
Elenco: Norman Reedus, Melissa McBride, Lauren Cohan, Christian Serratos, Josh McDermitt, Seth Gilliam, Ross Marquand, Cooper Andrews, Callan McAuliffe, Jeffrey Dean Morgan, Nadia Hilker, Cailey Fleming, Cassady McClincy, Lauren Ridloff, Lynn Collins, Josh Hamilton, Angel Theory, Alex Meraz, Okea Eme-Akwari, Kerry Cahill, Dikran Tulaine, Alex Meraz, Mandi Christine Kerr, Anabelle Holloway, Antony Azor, Kien Michael Spiller, Ethan McDowell, Zac Zedalis, Lex Lauletta
Duração: 44 minutos

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