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Crítica | The Orville – 3X08: Midnight Blue

Um resgate cheio de emoções.

por Kevin Rick
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  • Contém spoilers. Leiam, aqui, as nossas críticas dos outros episódios.

No início de Midnight Blue, o Almirante Halsey envia Grayson e Bortus ao Santuário para garantir que não houve quebra de acordo entre a colônia e Moclus. No acordo, Moclus não tem permissão para atacar ou interferir no Santuário, enquanto Heveena não pode resgatar outras crianças Moclan do sexo feminino ou seus pais que desejam ser livres. Topa acompanha a comandante e seu pai na missão, e acaba sendo sequestrada após receber informações perigosas de Heveena.

Dessa forma, o seriado retorna com o enredo dos Moclan e o arco de Topa e Bortus enfrentando a cultura sexista de sua nação. Em termos estruturais, não sou exatamente fã do retorno desta trama apenas três semanas depois de A Tale of Two TopasÉ difícil sacudir a sensação de repetição e de reafirmação temática num curto espaço de tempo na temporada, e também fica um pensamento de desperdício, uma vez que os roteiristas poderiam ter explorado um episódio mais original, talvez apresentando outra raça alienígena ou dando chances para personagens subutilizados brilharem, como LaMarr, Keyali ou os irmãos Finn.

Mesmo com essa reclamação estrutural, porém, temos uma história muito boa, como normalmente acontece nos episódios Moclan. Em linhas gerais, o enredo examina novamente temas como feminismo, amadurecimento e identidade de gênero, seja por um olhar muito bonito sobre representação e confraternização no terço inicial do episódio no Santuário – a direção faz um trabalho gracioso aqui, nos colocando no ponto de vista de Topa, à vezes até com shots POV, para capturar o deslumbramento da personagem e sua interação com aquele meio -, seja por uma perspectiva mais realisticamente dura sobre preconceito, intrigas diplomáticas e políticas identitárias no ato final.

A narrativa não acerta sempre, como na participação forçada e desnecessária de Dolly Parton, mas temos momentos genuinamente lindos e emocionantes, especialmente a aparição surpresa de Klyden e seu belo discurso sobre remorso e aprendizado. Muitas obras que tentam explorar histórias militantes ou representativas acabam falhando por não demonstrarem esse lado mais humano de erro e de possibilidade de mudança, algo que as tramas cheias de ambivalência e perspectivas de The Orville desenvolvem muito bem – até abro um espaço particular aqui para comentar que um leitor me criticou no episódio passado por não dizer se o genocídio dos Kaylon foi correto ou não, o que, da minha visão, é fazer uma interpretação simplista das histórias ambíguas do seriado.

Saindo da discussão mais temática, é preciso apreciar a condução narrativa de Midnight Blue. Existem algumas conveniências chatinhas, como o fato dos Moclan saberem que Topa tem informações sobre o traidor ou então o “problema” na nave de Bortus e Kelly, mas nada que traga muito demérito para um episódio com grande escopo em seu conto de resgate – existe até um pouquinho de Star Wars aqui. Jon Cassar (e a produção de forma geral) nunca teve muito tato para encenações gráficas ou coreográficas mais estimulantes, por assim dizer, mas há um senso de escala neste episódio, beirando quase um épico espacial, que é muito divertido de acompanhar, tanto pelas movimentações entre planetas, muito CGI e sequências de ação, quanto pelo lado político, trazendo outra dimensão para a história e desdobramentos permanentes na guerra universal contra os Kaylon.

Midnight Blue continua a onda de episódios-filmes de The Orville, no que é possivelmente um dos capítulos de maior escopo do seriado. Tenho algumas reclamações como vocês leram, principalmente do lado estrutural, mas também em algumas sequências forçadas, como na citada participação da Dolly Parton ou nesse possível romance entre Bortus e Kelly (?). Entretanto, no cômputo geral, temos mais uma ótima história para a trama dos Moclan e o arco de Bortus, Topa e Klyden, incluindo cenas memoráveis como a tortura da garotinha (adorei a atuação e design do torturador macabro), o momento no tribunal da União e o fechamento cheio de ternura entre pai e filha. A história de Topa, aliás, vem ganhando camadas bem interessantes de coming-of-age com elementos de conflitos universais. Vai ser divertido ver como os roteiristas irão expandir e explorar essa trama futuramente.

The Orville – 3X08: Midnight Blue — EUA, 21 de julho de 2022
Direção: Jon Cassar
Roteiro: Brannon Braga, André Bormanis
Elenco: Seth MacFarlane, Adrianne Palicki, Penny Johnson Jerald, Scott Grimes, Peter Macon, J. Lee, Mark Jackson, Chad L. Coleman, Will Sasso, Mike Henry, Chris Johnson, Anne Winters, Dolly Parton
Duração: 87 min.

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