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Crítica | The O.C.: Um Estranho no Paraíso – 1X01: Premiere

A chegada de um “estranho” jovem da periferia da Califórnia na terra dos ricões.

por Arthur Barbosa
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 04
Número de episódios: 92
Período de exibição: 05 de agosto de 2003 até 22 de fevereiro de 2007
Há continuação ou reboot?: Não, apesar de os fãs desejarem uma continuação do seriado. No entanto, em 2021, as atrizes Rachel Bilson e Melinda Clarke – intérpretes das personagens Summer Roberts e Julie Cooper-Nichol, respectivamente – lançaram um podcast intitulado Welcome to The O.C., Bitches!, contendo comentários e entrevistas sobre a série.

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“Welcome to The O.C., bitch!” Bem-vindos à Crítica do episódio piloto de The O.C., caros(as) leitores(ras)! Diferentemente do personagem Luke Ward (Chris Carmack), a receptividade aqui não tem deboche, tampouco violência. Nesse ambiente da terra dos ricos, conhecemos a história de Ryan Atwood (Ben McKenzie), um jovem residente da cidade de Chino, na Califórnia, o qual tem a sua vida transformada após ele roubar um carro com o seu irmão, Trey Atwood (Logan Marshall-Green). em que ambos são presos. Além disso, Dawn Atwood (Daphne Ashbrook), a mãe, uma senhora irresponsável e alcoólatra, abandona os dois filhos, deixando-os sem casa, sem a presença de uma família. Em virtude disso, Ryan acaba conhecendo e se afeiçoando com o carinho e o cuidado de Sandy Cohen (Peter Gallagher), um defensor público, que acaba acolhendo-o em sua residência na terra dos ricões, no município de Newport Beach, em Orange County. Sim: Orange County – um dos condados (territórios) da Califórnia -, e não Orange Country, como muitas pessoas imaginam que seja o significado do nome de The O.C.: Um Estranho no Paraíso, nome da série aqui, no Brasil.

Logo no início, então, pelos olhos de Ryan, conhecemos o seu futuro melhor amigo, Seth Cohen (Adam Brody), um jovem nerd; a sua futura namorada, Marissa Cooper-Nichol (Mischa Barton), a mocinha rebelde; e, também, uma de suas amigas, Summer Roberts (Rachel Bilson), a simpática e arteira jovem. O grupo acaba se transformando em um quarteto praticamente inseparável. Somado a isso, há ainda a presença das mães Kirsten Cohen (Kelly Rowan) e Julie Cooper-Nichol (Melinda Clarke), em que ambas já possuem uma amizade de longa data e são vizinhas no condomínio de luxo. E o mais interessante é que logo neste primeiro episódio, apesar da feição única do ator Ben e do rosto fechado da atriz Mischa, conseguimos ter empatia pelos personagens e as suas histórias pessoais, as quais são desenvolvidas ao longo de mais 26 episódios da longeva primeira temporada. Por falar nos pombinhos, foi fácil de entender o motivo pelo qual ambos se atraíram um pelo outro, pois ele, um forasteiro vindo de outro local, encantou o coração dela, uma forasteira da sua própria terra. No caso, Marissa queria ser notada, mas o pai, Jimmy Cooper (Tate Donovan), estava afundado em dívidas, enquanto a sua mãe, Julie, só queria gastar o dinheiro do marido, vivendo uma vida de riqueza, com roupas e bolsas de grife. Sem esquecer, é claro, o fato de que a melhor amiga dela, Summer, só tinha tempo para festas e bebedeiras, ao passo que o namorado, Luke, só intencionava traí-la com as colegas e ser um valentão com os outros rapazes não populares, como o Seth e o Ryan, o novato.

Tudo isso ocorre com uma belíssima trilha sonora, a qual é considerada um “personagem” extremamente importante para a construção da trama do seriado. Na abertura, por exemplo, ouvimos os embalos de California, da banda Phantom Planet; já nas cenas que mostram as ondas do mar, o embalo musical é ao som de Sweet Honey, do grupo Slightly Stoopid; e no final, quando Ryan retorna para Chino avistando Marissa, é tocada Honey and the Mood, de Joseph Arthur. Enfim, são centenas de músicas tocadas ao longo das temporadas, o que rendeu nada mais, nada menos do que seis (6) CDs com as melhores canções dos episódios. No caso, os dois primeiros continham as músicas da  primeira temporada, ao passo que, no terceiro, haviam canções natalinas, porque tratava-se de um Especial de Natal. Já o quarto possuía os embalos da segunda temporada, o quinto, da terceira, e, por fim, o sexto, da quarta e última temporada de O.C.: Um Estranho no Paraíso. O seriado tem uma das melhores – ou talvez – a melhor trilha sonora de todas as séries teen dos últimos tempos, inclusive a produção fez questão de  lançar várias bandas ao longo dos anos em que The O.C. esteve no ar, com direito até mesmo da participação de alguma delas nos episódios, como o grupo The Killers.

Além do roubo do carro, nesta season premiere, tivemos alcoolismo, violências física e verbal, crime do colarinho branco e também uso de drogas ilícitas. Realmente, The O.C. – assim como outras séries do início dos anos 2000, como One Tree Hill, Gossip Girl e Skins – retratou de forma exemplar e de certa forma estereotipada a juventude americana daquela época. Essas características ainda estão associadas aos sentimentos mais frágeis dos personagens, em que nós, telespectadores, acabamos nos identificando, em uma espécie de diário aberto: ao conhecer a cada cena as suas angústias e as suas aflições. Quem aí não achou uma fofura o barco à vela do Seth tendo o nome da Summer? Ou ficou com um aperto no coração quando Ryan retorna para a casa dele na periferia, porém encontra o local vazio e abandonado? Em uma das frases mais marcantes, ele afirma o seguinte: que “(…) sonhar não faz de você alguém inteligente, mas saber que os sonhos não se tornarão realidade, sim”, em uma explícita referência ao seu local de origem, dotado de tristeza e de sofrimento, ou seja, lá em Chino não há as mesmas oportunidades de qualidade de vida comparadas com o estilo rico de Newport Beach.

Outro aspecto interessante do seriado – em referência às duas cidades citadas – é a transição entre os ambientes dos pobres e dos ricos. No primeiro grupo, há uma baixa saturação, com um aspecto mais acinzentado, sem vida, sem cor; em contrapartida, no segundo grupo, há um verde vibrante, um azul cor do mar e, claro, um bronzeado dos surfistas. Esse contraste funciona de maneira perfeita para que consigamos distinguir as duas realidades em nosso inconsciente como meros telespectadores. Somado a isso, Ryan ficou hospedado na famosa Pull House, local onde as paredes são de vidro, literalmente de frente à piscina da mansão. Aposto que você, meu(minha) caro(a) leitor(a), adoraria dormir, assistir uma televisão e/ou jogar uma partida de videogame com o Seth nesse cômodo, não é mesmo?

Portanto, The O.C. caminhou no Sol para que as séries adolescentes da atualidade, como Elite, Sex Education, Heartstopper, pudessem caminhar na sombra do sucesso das plataformas de streaming. Uma justificativa é o refrão da música-tema de abertura, a qual afirma o seguinte: “(…) aqui vamos nós (…)”, e ela veio para ficar, pois, inclusive, ela está aparecendo aqui na nossa coluna Plano Piloto. Para finalizar a Crítica, vou citar duas músicas especiais que embalaram cenas importantes do seriado: Champagne Supernova, do Oasis, e Hallelujah, na voz de Jeff Buckley. Assista às cenas que tocam essas canções e tente não se emocionar: você com certeza falhará e se encantará com os personagens.

The O.C.: Um Estranho no Paraíso 1X01: Piloto (EUA, 05 de agosto de 2003)
Criação: Josh Schwartz
Direção: Doug Liman
Roteiro: Josh Schwartz
Elenco: Ben McKenzie, Peter Gallagher, Kelly Rowan, Adam Brody, Rachel Bilson, Mischa Barton, Melinda Clarke, Tate Donovan, Alan Dale, Autumn Reeser, Chris Carmack
Duração: 45 minutos

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