Número de temporadas: 06
Número de episódios: 146
Período de exibição: 03 de novembro de 1993 até 23 de junho de 1999
Há continuação ou reboot?: Sim, a série gerou diversas adaptações estrangeiras, inspiradas na premissa da produção.
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Confesso que estava sem muitas ideias para o Plano Piloto dessa semana – inclusive, sugestões são bem-vindas – quando me deparei com The Nanny no catálogo da HBO Max, uma sitcom dos anos 90 sobre Fran Fine (Fran Drescher), uma judia extravagante em seus vestidos coloridos e sotaque forte, que, após ser demitida de uma loja, acaba se tornando babá das três crianças de Maxwell Beverly Sheffield (Charles Shaughnessy), um ricaço da alta sociedade britânica que reside em Nova Iorque. O começo do piloto com Fran sendo demitida é extremamente sem graça e soa quase forçado em seus diálogos expositivos e piadas fracas sobre a protagonista terminando seu noivado ao mesmo tempo que perde seu emprego. No entanto, depois de um início pouco promissor e que abaixou minhas já baixas expectativas, o episódio ficou gradualmente melhor e termina como um começo de série extremamente simpático.
Tudo melhora quando Fran chega na mansão de Max Sheffield. Logo de cara, fica estabelecido o tipo de humor de contrastes da produção, com uma mulher de origem humilde, que fala alto, que diz o que pensa e que não tem vergonha nenhuma de si mesma, chegando em um ambiente mais rígido, sofisticado e, vamos combinar, enfadonho que normalmente existe nesse tipo de cenário da alta sociedade. É tudo um grande clichê acompanhado de muitos estereótipos, como o bonitão solteiro, as crianças problemáticas – incluindo uma linda adolescente que é introvertida – e uma personagem feminina maldosa para antagonizar a protagonista que veio de uma área marginalizada. A questão é que a obra criada por Peter Marc Jacobson e a própria Fran Drescher sabe encontrar um leve charme em suas trivialidades.
De início, gosto da ideia de colocar uma judia pobre no meio de uma família britânica, algo que revira um pouco o que é esperado de uma sitcom tradicionalmente estadunidense. O piloto em si não brinca com essas questões culturais e de etnicidade, mas dá para notar como isso afeta as dinâmicas entre os personagens e o humor em torno desses contrastes, seja no sotaque, seja na maneira que reforça estereótipos de uma maneira agradável. O elenco é uma grande razão do episódio funcionar, com destaque para a interpretação de Fran Drescher, sempre falante, irônica e de certa forma inocente de um jeito charmoso. Também gostei muito do elenco mirim, todos com personalidades bem delineadas e distintas, especialmente o filho do meio, que é um garotinho maldoso extremamente engraçado. As melhores cenas do piloto, porém, são do mordomo Niles (Daniel Davis), sempre sarcástico e antiprofissional das melhores maneiras possíveis.
Em linhas gerais, o piloto estabelece bem o que eu imagino que será o fio condutor do restante da série: Fran drasticamente alterando as interações familiares da mansão Sheffield, criando alvoroços necessários ou desnecessários na criação das três crianças a partir do seu background diferente e da sua perspectiva mais simpática da vida. O humor de contrastes é batido, mas efetivo através do carisma de um bom elenco e de um roteiro que, se longe de ser inovador ou criativo, é efetivo na forma que trabalha com seus clichês e estereótipos. Olhando apenas para o piloto, tenho a impressão que The Nanny é “mais uma sitcom” dentre tantas outras séries de comédia comuns, mas fiquei surpreso com a simpatia do primeiro episódio.
The Nanny – 1X01: The Nanny (EUA, 03 de novembro de 1993)
Criação: Peter Marc Jacobson, Fran Drescher
Direção: Lee Shallat
Roteiro: Peter Marc Jacobson, Fran Drescher, Robert Sternin, Prudence Fraser
Elenco: Fran Drescher, Charles Shaughnessy, Daniel Davis, Lauren Lane, Nicholle Tom, Benjamin Salisbury, Madeline Zima, Renée Taylor, Rachel Chagall
Duração: 21 min.