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Crítica | The Mandalorian – 3X04: The Foundling

Faltou combustível...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de um episódio quase que integralmente passado em Coruscant cujo objetivo narrativo mantem-se no mínimo enevoado, a série retorna para seus personagens principais, agora em meio à Armeira e demais mandalorianos em um planeta equivalente à Austrália em termos de quantidade de animais perigosos. E, diferente do anterior, os objetivos do roteiro de Jon Favreau (que não larga esse osso) e de Dave Filoni (que os fãs juram de pés juntos que é excelente) são claros e evidentes: de um lado fazer com que Bo-Katan Kryze cada vez mais acredite na Doutrina e se firme como líder e, de outro, fazer com que Din Djarin e Paz Vizsla fiquem amiguinhos novamente.

E esses objetivos, que não são lá muito complexos, temos que combinar, o episódio alcança, ainda que de maneira desinteressante e formular, beirando o burocrático, em um roteiro que tem cheiro, cara e gosto de filler, especialmente quando mergulha no passado de Grogu e desnecessariamente revela como o pequeno Padawan escapou da Ordem 66. Esse interlúdio em Coruscant me deu dois calafrios. O primeiro quando eu achei que a fuga de Grogu fosse tomar quase todo o restante do episódio, como foi a incrivelmente maçante história do Dr. Pershing em The Convert, mas ainda bem que tudo foi razoavelmente econômico e logo voltamos para o resgate do mandaloriano Ragnar. O segundo foi quando eu vi Ahmed Best aparecendo para salvar Grogu como o Mestre Jedi Kelleran Beq, já que o ator é mais conhecido por ter vivido o insuportável, patético, ridículo e absolutamente imbecil Jar Jar Binks, na Trilogia Prelúdio. Sei muito bem que Best não tem culpa pelo personagem que foi contratualmente obrigado a viver, mas eu não consigo encará-lo sem me lembrar de um dos piores personagens da ficção científica de todos os tempos. Soma-se a isso um chroma key de qualidade inferior se comparado com o restante do episódio, e todo esse flashback de Grogu poderia não ter existido, pois ele nada acrescenta.

Lá na Austrália, uma coisa fica muito clara: esses mandalorianos são um completos manés ao viverem em um lugar tão perigoso e não terem nenhum tipo de defesa minimamente razoável montada para situações assim. Tomaram uma sova do mega-crocodilo do SyFy em The Apostate e, agora, vem um pterossauro faminto capturar o jovem Ragnar que, não demora, descobrimos ser filho de Paz Viszla. Alguém poderia dizer que é bacana e realista que os jetpacks dos mandalorianos não têm combustível suficiente para perseguir o bichão, mas eu tenho um contraponto bastante óbvio a isso: ok, não tem gasolina suficiente, mas, como não é a primeira que isso acontece, como Viszla deixa bem claro, Favreau e Filoni querem que eu realmente acredite que os mandalorianos não têm uma navezinha à disposição? Eles precisam mesmo que Bo-Katan, aparentemente o único ser pensante entre eles, use sua própria nave para localizar o ninho e monte um plano hilariamente óbvio que me lembrou o de Mr. Wolf em Pulp Fiction?

E toda aquela operação de resgate precisava mesmo de uma escalada extremamente mal feita daquelas, tudo para eles chegarem em silêncio no ninho e, quando lá em cima, Viszla dar uma de pai preocupado e sair gritando? Favreau e Filoni conseguiram alcançar outro objetivo aqui, que é o de desfazer aquela aura badass que os mandalorianos tinham no imaginário popular (Boba Fett foi a primeira vítima, não podemos esquecer). O que eles são, na verdade, é um bando de sujeitos vestidos de armaduras coloridas que, como o showrunner da série, não têm a menor ideia do que fazem (reparem com calma naquela sequência inicial de treinamento e percebam como ela é mal feita e aleatória). Só mesmo Bo-Katan se salva em termos de construção de personagem, mesmo que ela tenha que enveredar pela Doutrina e mesmo que a Armeira não acredite quando ela conta que viu um mitossauro. Até mesmo Din Djarin tornou-se um coadjuvante em sua série, um sujeito que não passa de mais um guerreiro de capacete dentre tantos.

Ah, mas eu não falei da sequência de “treinamento” de Grogu. E nem vou falar, viu? Tenho certeza de que vocês não vão querer ler novamente sobre minha eterna lenga lenga que se resume a perguntar o que afinal o sapinho verde ainda está fazendo na série. Eu apenas torci para ele ser comido pelo caranguejos e, depois, pelo pterossauro, mas sabendo que isso jamais aconteceria. No final das contas, aos trancos e barrancos, quer parecer que talvez a temporada esteja caminhando na direção de coroar Bo-Katan como a líder desse grupo de mandalorianos e talvez ela e não Din Djarin cavalgue o mitossauro brandindo o darksaber quando a poeira baixar.

Obs: O que diabos os mandalorianos farão com aqueles três filhotes de pterossauro??? Vão treiná-los como mandalorianos? Serão os bichinhos de estimação do grupo? Farão um ensopado?

The Mandalorian – 3X04: The Foundling (EUA, 22 de março de 2023)
Showrunner: Jon Favreau
Direção: Carl Weathers
Roteiro: Jon Favreau, Dave Filoni
Elenco: Pedro Pascal, Katee Sackhoff, Emily Swallow, Ahmed Best, Wesley Kimmel, Jason Chu, Tait Fletcher
Duração: 32 min.

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